terça-feira, 31 de maio de 2016

Economia extraterrestre

      Texto da internet do site www.vialuz.com, canalizado por Regina Gianetti, da entidade extraterrestre denominada “Aprica”:

      Em civilizações mais avançadas existem também as instituições, as coisas que são construídas, as edificações, os bens por assim dizer, mas tudo é amorosamente colocado a serviço da comunidade. Tudo é oferecido e usufruído sem apego, sem o sentido da exclusividade. As coisas estão lá para servir a todos, indistintamente. O relacionamento com elas, com as criações concretas, é que é diferente. Não estamos condenando que as coisas sejam instituídas, que haja casas, prédios, empresas, escolas. Não é isso que deve acontecer. O que deve acontecer é uma mudança no seu relacionamento interpessoal e no relacionamento com esses aparelhos que servem à vida no seu planeta. Escola para todos, trabalho para todos, oportunidades para todos, ninguém passando fome, ninguém privado em suas necessidades mais básicas.
      É um princípio socialista, se assim quiserem dizer, mas não o socialismo que conhecem na Terra, em que uma elite dominante acaba fazendo as regras e usufruindo da riqueza às custas do imenso resto da população. O conceito é válido, mas sem o sentimento do amor incondicional, sem uma consciência mais elevada, nada disso poderia funcionar, como não funcionou. É preciso também haver uma mescla de livre iniciativa numa nova organização social para incentivar as pessoas a crescer. Os seres também podem se acomodar se têm tudo de que precisam sem esforço. Para que vão trabalhar, crescer e estudar mais do que o necessário se tudo vem de qualquer forma? É preciso sempre dispor de mecanismos que fomentem uma certa e saudável ambição, vontade de conquistar as coisas, de obter prêmios e pequenas vantagens. Isso estimula o crescimento.
      Meus filhos, notem o quanto ainda estão longe de uma realidade de justiça e fraternidade. Notem o quanto falta para lograrem a sociedade justa e igualitária que em essência é o que todos desejam. Percebam – e isso se fará quando tirarem o tapa-olho do burrinho – que é no compartilhamento entre todos os seres, na garantia de abundância e suprimento para todos que está a resposta para tudo. Não é preciso acumular, guardar, preocupar-se com a falta quando o amor entre os seres não permite que essa falta aconteça. Sua humanidade, pelo desenrolar dos acontecimentos, perceberá que é a única forma de garantir a sobrevivência da espécie; repartir, considerar a todos como seus irmãos e o bem de todos necessário.
      Não é mais possível ignorar os povos que sofrem, que são privados das coisas mais básicas da vida, como educação, saneamento, uma vida digna e minimamente suprida das coisas. Não é mais possível esse desequilíbrio na Terra, ele é que está levando a todo o desequilíbrio que a vida de vocês sofre nesse momento. A mente de vocês se abrirá para essa evidência, sem dúvida. Sabemos, temos certeza disso porque simplesmente é uma lei, a lei do crescimento, e vocês chegarão a essa conclusão. Na verdade, há muitos já chegando, percebendo a inutilidade de se esforçar loucamente para acumular coisas, para ter de tudo, se um incidente qualquer pode levar tudo de vocês num instante. Algumas pessoas começam a perceber que a vida talvez mais simples, que não demande tanto sacrifício e esforço de manutenção, é a vida mais confortável e mais tranquila.

domingo, 29 de maio de 2016

Cristo: um mito?

Cristo nunca existiu

Não tenho a mínima intenção de alterar uma vírgula nos tratados de vossa fé nem nos abismos de vossa ignorância, apenas pretendo transmitir estas notícias aos poucos estudiosos e pesquisadores que têm soberania de pensamento e que, desde o alto de suas inquietudes, saberão ler-me sem pestanejar, sem surtos histéricos e sem grandes escândalos.

Entendo perfeitamente bem que depois de tantos séculos de mentiras e de desgraças, depois de tantas esperanças frustradas e de terrores introjetados, depois de tantos anos de conspiração contra a saúde mental das pessoas, a realidade caia sobre os beatos mais alienados como uma bomba. Mas é só respirar fundo, tomar uma água com açúcar que tudo volta ao normal. Afinal, todo mundo sabe que não dá para mentir durante tanto tempo e que a omissão da verdade vai se tornando cada vez mais insustentável.

1. O ASSUNTO

Foram muitos os pensadores e pesquisadores que dedicaram parte de suas vidas buscando provas materiais e históricas sobre a existência de Cristo. Tal fundamento jamais foi encontrado. O que se tem presenciado desde o princípio do cristianismo até hoje é que a existência de Jesus tem sido obsessivamente defendida por meio de peças e documentos nada científicos (como a Bíblia) e de testemunhos forjados por aqueles que sempre tiveram interesse religioso, econômico e político nessa existência.

Bibliotecas e museus guardam documentos e escritos de autores que foram "contemporâneos de Jesus", só que neles não há nenhuma referência a esse multifacetado personagem. Os documentos que a igreja detêm a respeito, não possuem valor histórico, já que originalmente não mencionavam o nome de Jesus, e que foram rasurados, adulterados e falsificados, visando suprimir a ausência de documentação verdadeira. Essa falta de comprovação torna-se ainda mais significativa quando comparamos Jesus com Sócrates, por exemplo, que apesar de haver vivido vários séculos antes da lenda cristã, deixou comprovada sua existência, sua produção filosófica e cultural, seus pensamentos e inclusive seus discípulos (Aristóteles, Platão, Fédon etc).

Enquanto que Jesus não deixou verdadeiramente nada de palpável, seus discípulos teriam sido analfabetos que nada escreveram e que também não foram mencionados em lugar nenhum pelos historiadores da época.

Segundo um estudo realizado por La Sagesse, Jesus Cristo foi apenas uma entidade ideal criada para fazer cumprir as escrituras, visando dar seqüência ao judaísmo em face da diáspora e da destruição do Templo de Jerusalém. Teria sido um arranjo feito em defesa do judaísmo que então morria, surgindo uma nova crença, na qual ­ paradoxalmente - os judeus nem crêem. Tudo foi planejado para que o homem comum, as massas e os rebanhos continuassem sendo dóceis e fácil de manipular pelas mãos hábeis daqueles que historicamente sempre aproveitaram as religiões como fonte de lucros e de poder.

2. PROVAS E CONTRA-PROVAS

Flávio Josefo, Justo de Tiberiades, Filon de Alexandria, Tácito, Suetônio e Plínio (o Jovem), segundo a igreja católica, teriam feito referências a Cristo em seus escritos, só que esses documentos quando submetidos pela ciência a exames grafotécnicos, apresentaram provas de que haviam sido adulterados, parcialmente alguns e totalmente outros, pela igreja.

Além disso, o nome Crestus, Cristo e Jesus eram nomes muito comuns tanto na Galiléia como na Judéia e não se sabe a quem eram feitas as referências. Filon de Alexandria, apesar de haver contribuído muito para a construção do cristianismo, nega a existência de Cristo. Escrevendo sobre Pôncio Pilatos e sobre sua atuação como Procurador da Judéia, não faz referência alguma ao suposto julgamento de Jesus. Fala dos essênios e de sua doutrina comunal sem mencionar para nada o nome de Cristo. Quando esteve em Roma para defender os judeus, Filon fez os relatos mais diversos de acontecimentos ocorridos na Palestina, não dando nenhum dado sobre o personagem Jesus. É importante lembrar que Filon foi um dos maiores intelectuais de seu tempo, que estava muito bem informado e que jamais omitiria uma vida tão curiosa e tão trágica como a de Jesus. E o silêncio de Filón não se refere apenas a Jesus, mas também aos apóstolos, a José e a Maria.

Flavio Josefo, que nasceu no ano 37 e que escreveu até o ano 93 sobre o cristianismo, sobre o judaísmo, sobre os messias e os cristos do período, nada disse sobre Jesus Cristo. Justo de Tiberíades que escreveu a história dos judeus, desde Moisés até o ano 50, não menciona a Jesus. Os gregos, os romanos, os hindus dos séculos I e II, jamais ouviram falar da existência física de Jesus Cristo. Os trabalhos filosóficos e teosóficos dos professores da Escola de Tubingem demonstraram que os evangelhos e a Bíblia não possuem nenhum valor histórico e que tudo o que consta neles são arranjos, adaptações e ficções como o próprio Cristo o foi.

3. CRESTUS E CRISTO

Em 1947, em Coumrã, foram encontrados documentos escritos em hebreu que falavam em Crestus e não em Cristo. A igreja, ao tomar conhecimento da descoberta de tais documentos, pretendeu fazer crer que o tal Crestus era o mesmo Cristo de sua criação, só que as investigações posteriores deixaram muito claro que se tratava de uma fraude da igreja e que Crestus não era o Cristo que a igreja pretendia inventar. Tais documentos haviam sido escritos quase um século antes da novela do Calvário e que Crestus era um líder de uma comunidade legendária e comunista.

4. OS FILÓSOFOS E OS HISTORIADORES DIANTE DO MITO

Todos os historiadores que conseguiram «historiar» movidos pelas evidências e não pela fé ou pelo fanatismo negam a existência de Jesus Cristo. Reimarus, filósofo alemão (1768) chegou a conclusões irrefutáveis que abalaram a igreja, tanto ou mais que as conclusões de Darwin e de Copérnico. Kant foi o primeiro filósofo que expulsou Jesus da história da humanidade. Volney, em "Ruínas de Palmira", nega a existência de Jesus. A. Drews viveu e estudou durante muitos anos a história da Palestina e constatou que o cristianismo foi totalmente estruturado sobre mitos e mentiras. Dupuis, Reinach, Kapthoff, Couchoud etc, todos coincidem em dizer que tudo não passou de uma farsa aplicada sobre os homens de fé e um jogo político usado para fins de domínio.

5. OUTRAS FONTES DO CRISTIANISMO

O cristianismo não passa de plágios e de uma montagem de filosofias, religiões, valores éticos e morais, mitos e preconceitos pirateados de outras culturas. Como se sabe, antes do mito de Cristo já existiram centenas de outros supostos «redentores», de outros «messias», outros «enviados»... e quase todos anunciados e nascidos de virgens, milagreiros e humanitários que prometiam voltar para redimir o populacho de suas culpas (quê culpa?) e de seus pecados, blábláblá. Até hoje, entre os mais famosos e com mais status podemos citar Buda, Vishnu, Krishna, Mitra, Horus, Adonis etc. Inclusive os preceitos e a moral usada pelo cristianismo e atribuída a Cristo, foi sugerida e divulgada milhares de anos antes, por filósofos, charlatães e visionários. Exemplos:

(a). "Não faças aos outros o que não queres que a ti seja feito", pode ser encontrado no budismo, no bramanismo e nos escritos de Confúcio seis mil anos antes.

(b). "Perdoar aos inimigos", já havia sido aconselhado por Pitágoras muitos anos antes de Cristo.

(c). "Fraternidade e igualdade", foi insistentemente preconizada por Filón.

(d)."Tolerância e virtude". bem como o humanismo, a castidade e o pudor foram sugeridos e recomendados por Platão.

(e). Aristóteles já enchia o saco dos gregos com a idéia de que a "comunidade deve repousar no amor e na justiça".

(f). Sêneca aconselhava "o domínio das paixões bem como a insensibilidade à dor e aos prazeres". Ao mesmo tempo em que pedia "indulgência para com os escravos, já que todos os homens eram iguais". Os homens - segundo Sêneca e segundo Cristo - deviam amar-se uns aos outros etc. Todos esses clichês e chavões que os cristãos acreditam ser de seu mestre foram plagiados pelos inventores e gerentes da nova religião.Cristo nunca existiu

Não tenho a mínima intenção de alterar uma vírgula nos tratados de vossa fé nem nos abismos de vossa ignorância, apenas pretendo transmitir estas notícias aos poucos estudiosos e pesquisadores que têm soberania de pensamento e que, desde o alto de suas inquietudes, saberão ler-me sem pestanejar, sem surtos histéricos e sem grandes escândalos.

Entendo perfeitamente bem que depois de tantos séculos de mentiras e de desgraças, depois de tantas esperanças frustradas e de terrores introjetados, depois de tantos anos de conspiração contra a saúde mental das pessoas, a realidade caia sobre os beatos mais alienados como uma bomba. Mas é só respirar fundo, tomar uma água com açúcar que tudo volta ao normal. Afinal, todo mundo sabe que não dá para mentir durante tanto tempo e que a omissão da verdade vai se tornando cada vez mais insustentável.

1. O ASSUNTO

Foram muitos os pensadores e pesquisadores que dedicaram parte de suas vidas buscando provas materiais e históricas sobre a existência de Cristo. Tal fundamento jamais foi encontrado. O que se tem presenciado desde o princípio do cristianismo até hoje é que a existência de Jesus tem sido obsessivamente defendida por meio de peças e documentos nada científicos (como a Bíblia) e de testemunhos forjados por aqueles que sempre tiveram interesse religioso, econômico e político nessa existência.

Bibliotecas e museus guardam documentos e escritos de autores que foram "contemporâneos de Jesus", só que neles não há nenhuma referência a esse multifacetado personagem. Os documentos que a igreja detêm a respeito, não possuem valor histórico, já que originalmente não mencionavam o nome de Jesus, e que foram rasurados, adulterados e falsificados, visando suprimir a ausência de documentação verdadeira. Essa falta de comprovação torna-se ainda mais significativa quando comparamos Jesus com Sócrates, por exemplo, que apesar de haver vivido vários séculos antes da lenda cristã, deixou comprovada sua existência, sua produção filosófica e cultural, seus pensamentos e inclusive seus discípulos (Aristóteles, Platão, Fédon etc).

Enquanto que Jesus não deixou verdadeiramente nada de palpável, seus discípulos teriam sido analfabetos que nada escreveram e que também não foram mencionados em lugar nenhum pelos historiadores da época.

Segundo um estudo realizado por La Sagesse, Jesus Cristo foi apenas uma entidade ideal criada para fazer cumprir as escrituras, visando dar seqüência ao judaísmo em face da diáspora e da destruição do Templo de Jerusalém. Teria sido um arranjo feito em defesa do judaísmo que então morria, surgindo uma nova crença, na qual ­ paradoxalmente - os judeus nem crêem. Tudo foi planejado para que o homem comum, as massas e os rebanhos continuassem sendo dóceis e fácil de manipular pelas mãos hábeis daqueles que historicamente sempre aproveitaram as religiões como fonte de lucros e de poder.

2. PROVAS E CONTRA-PROVAS

Flávio Josefo, Justo de Tiberiades, Filon de Alexandria, Tácito, Suetônio e Plínio (o Jovem), segundo a igreja católica, teriam feito referências a Cristo em seus escritos, só que esses documentos quando submetidos pela ciência a exames grafotécnicos, apresentaram provas de que haviam sido adulterados, parcialmente alguns e totalmente outros, pela igreja.

Além disso, o nome Crestus, Cristo e Jesus eram nomes muito comuns tanto na Galiléia como na Judéia e não se sabe a quem eram feitas as referências. Filon de Alexandria, apesar de haver contribuído muito para a construção do cristianismo, nega a existência de Cristo. Escrevendo sobre Pôncio Pilatos e sobre sua atuação como Procurador da Judéia, não faz referência alguma ao suposto julgamento de Jesus. Fala dos essênios e de sua doutrina comunal sem mencionar para nada o nome de Cristo. Quando esteve em Roma para defender os judeus, Filon fez os relatos mais diversos de acontecimentos ocorridos na Palestina, não dando nenhum dado sobre o personagem Jesus. É importante lembrar que Filon foi um dos maiores intelectuais de seu tempo, que estava muito bem informado e que jamais omitiria uma vida tão curiosa e tão trágica como a de Jesus. E o silêncio de Filón não se refere apenas a Jesus, mas também aos apóstolos, a José e a Maria.

Flavio Josefo, que nasceu no ano 37 e que escreveu até o ano 93 sobre o cristianismo, sobre o judaísmo, sobre os messias e os cristos do período, nada disse sobre Jesus Cristo. Justo de Tiberíades que escreveu a história dos judeus, desde Moisés até o ano 50, não menciona a Jesus. Os gregos, os romanos, os hindus dos séculos I e II, jamais ouviram falar da existência física de Jesus Cristo. Os trabalhos filosóficos e teosóficos dos professores da Escola de Tubingem demonstraram que os evangelhos e a Bíblia não possuem nenhum valor histórico e que tudo o que consta neles são arranjos, adaptações e ficções como o próprio Cristo o foi.

3. CRESTUS E CRISTO

Em 1947, em Coumrã, foram encontrados documentos escritos em hebreu que falavam em Crestus e não em Cristo. A igreja, ao tomar conhecimento da descoberta de tais documentos, pretendeu fazer crer que o tal Crestus era o mesmo Cristo de sua criação, só que as investigações posteriores deixaram muito claro que se tratava de uma fraude da igreja e que Crestus não era o Cristo que a igreja pretendia inventar. Tais documentos haviam sido escritos quase um século antes da novela do Calvário e que Crestus era um líder de uma comunidade legendária e comunista.

4. OS FILÓSOFOS E OS HISTORIADORES DIANTE DO MITO

Todos os historiadores que conseguiram «historiar» movidos pelas evidências e não pela fé ou pelo fanatismo negam a existência de Jesus Cristo. Reimarus, filósofo alemão (1768) chegou a conclusões irrefutáveis que abalaram a igreja, tanto ou mais que as conclusões de Darwin e de Copérnico. Kant foi o primeiro filósofo que expulsou Jesus da história da humanidade. Volney, em "Ruínas de Palmira", nega a existência de Jesus. A. Drews viveu e estudou durante muitos anos a história da Palestina e constatou que o cristianismo foi totalmente estruturado sobre mitos e mentiras. Dupuis, Reinach, Kapthoff, Couchoud etc, todos coincidem em dizer que tudo não passou de uma farsa aplicada sobre os homens de fé e um jogo político usado para fins de domínio.

5. OUTRAS FONTES DO CRISTIANISMO

O cristianismo não passa de plágios e de uma montagem de filosofias, religiões, valores éticos e morais, mitos e preconceitos pirateados de outras culturas. Como se sabe, antes do mito de Cristo já existiram centenas de outros supostos «redentores», de outros «messias», outros «enviados»... e quase todos anunciados e nascidos de virgens, milagreiros e humanitários que prometiam voltar para redimir o populacho de suas culpas (quê culpa?) e de seus pecados, blábláblá. Até hoje, entre os mais famosos e com mais status podemos citar Buda, Vishnu, Krishna, Mitra, Horus, Adonis etc. Inclusive os preceitos e a moral usada pelo cristianismo e atribuída a Cristo, foi sugerida e divulgada milhares de anos antes, por filósofos, charlatães e visionários. Exemplos:

(a). "Não faças aos outros o que não queres que a ti seja feito", pode ser encontrado no budismo, no bramanismo e nos escritos de Confúcio seis mil anos antes.

(b). "Perdoar aos inimigos", já havia sido aconselhado por Pitágoras muitos anos antes de Cristo.

(c). "Fraternidade e igualdade", foi insistentemente preconizada por Filón.

(d)."Tolerância e virtude". bem como o humanismo, a castidade e o pudor foram sugeridos e recomendados por Platão.

(e). Aristóteles já enchia o saco dos gregos com a idéia de que a "comunidade deve repousar no amor e na justiça".

(f). Sêneca aconselhava "o domínio das paixões bem como a insensibilidade à dor e aos prazeres". Ao mesmo tempo em que pedia "indulgência para com os escravos, já que todos os homens eram iguais". Os homens - segundo Sêneca e segundo Cristo - deviam amar-se uns aos outros etc. Todos esses clichês e chavões que os cristãos acreditam ser de seu mestre foram plagiados pelos inventores e gerentes da nova religião.

Para concluir: os organizadores do cristianismo não fizeram mais que selecionar, acrescentar e diagramar os pilares da nova e mais popular religião do planeta, religião que assaltaria o mundo e o tomaria de surpresa, prometendo-lhe exatamente o que a miséria e a imbecilidade generalizada de então precisava ouvir.

Não fizeram mais do que aproveitar-se da cegueira e da ignorância dos rebanhos, inventando novelas e anedotas sem sentido que eram sempre respaldadas pelo "mistério", pelas "complexidades divinas", pelo "sobrenatural" e pelo "incognoscível", . propagandeando um "paraíso" fora da terra (lógico) para os debilóides, e a volta do "Salvador".

tempo, as deficiências culturais e mentais, a lingüística, a informática, a propaganda enganosa, o comércio e muitos outros fatores foram fazendo dessa mentira pueril do messias uma verdade inquestionável, a ponto de alguns fanáticos afirmarem como um dos tantos e cômicos personagens Bíblicos: "CREIO PORQUE É ABSURDO".

Concluindo, como disse no princípio, não pretendo alterar a fé e nem as crenças de ninguém. Primeiro, porque não sou pastor, nem rabino, nem sacerdote e nem o Anticristo profetizado; segundo, porque a vida me ensinou que com alcoolistas, religiosos e políticos o diálogo é impossível. Prefiro, desde o alto de minha plataforma, ficar assistindo essa vil canalhice religiosa que segue (com a cumplicidade dos governos, dos exércitos, da mídia, das universidades e até das putas) contaminando crianças, mulheres, velhos e todos os tipos de otários. Quando me falta o ar e preciso purificar-me de toda essa baboseira infecta, recito as 14 palavras do velho Proudhon: "Os que me falam de religião querem meu dinheiro (que não é muito) ou minha liberdade (que é inegociável)". Amém!

Ezio Flavio Bazzo


Para concluir: os organizadores do cristianismo não fizeram mais que selecionar, acrescentar e diagramar os pilares da nova e mais popular religião do planeta, religião que assaltaria o mundo e o tomaria de surpresa, prometendo-lhe exatamente o que a miséria e a imbecilidade generalizada de então precisava ouvir.

Não fizeram mais do que aproveitar-se da cegueira e da ignorância dos rebanhos, inventando novelas e anedotas sem sentido que eram sempre respaldadas pelo "mistério", pelas "complexidades divinas", pelo "sobrenatural" e pelo "incognoscível", . propagandeando um "paraíso" fora da terra (lógico) para os debilóides, e a volta do "Salvador".

tempo, as deficiências culturais e mentais, a lingüística, a informática, a propaganda enganosa, o comércio e muitos outros fatores foram fazendo dessa mentira pueril do messias uma verdade inquestionável, a ponto de alguns fanáticos afirmarem como um dos tantos e cômicos personagens Bíblicos: "CREIO PORQUE É ABSURDO".

Concluindo, como disse no princípio, não pretendo alterar a fé e nem as crenças de ninguém. Primeiro, porque não sou pastor, nem rabino, nem sacerdote e nem o Anticristo profetizado; segundo, porque a vida me ensinou que com alcoolistas, religiosos e políticos o diálogo é impossível. Prefiro, desde o alto de minha plataforma, ficar assistindo essa vil canalhice religiosa que segue (com a cumplicidade dos governos, dos exércitos, da mídia, das universidades e até das putas) contaminando crianças, mulheres, velhos e todos os tipos de otários. Quando me falta o ar e preciso purificar-me de toda essa baboseira infecta, recito as 14 palavras do velho Proudhon: "Os que me falam de religião querem meu dinheiro (que não é muito) ou minha liberdade (que é inegociável)". Amém!


Ezio Flavio Bazzo

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Orgasmo financeiro

      “Para os homens em geral, o extremo e perfeito orgasmo é encontrado não no sexo, mas no dinheiro. Não sei se Wilhelm Reich chegou algum dia a essa observação profunda.”

      (“O Fã-Clube”, Irving Wallace, Abril Cultural, São Paulo, 1985, Página 452.)

quarta-feira, 25 de maio de 2016

João do Rio, Escritor Marginal

A Lábia Encantadora de João do Rio

Nascido em 1881 à rua do Hospício, e fulminado por um colapso cardíaco 39 anos depois, no Catete, João do Rio conseguiu, mesmo neste curto período, construir uma obra densa e admirável.

Mergulhando deliberadamente nas ''sombras cúmplices da madrugada urbana'', no ''mundo opaco e indeciso'' e no ''mar alto da depravação'', onde sempre fervilha ''gente ordinária, marinheiros à paisana, fúfias dos pedaços mais esconsos da rua'', engendrou, à revelia dos sedentários e dos invejosos, uma literatura magnífica e diabólica, uma (quase) antropologia laica, uma sociologia selvagem, empírica e anárquica... livre tanto das algemas escolásticas como das pretensões da gramática ortodoxa... que, como uma ''Górgona de vício, à beira das igrejas, abria a fauce tragando as flores da ralé''. Que só tenha descoberto sua existência agora, depois de uns 35 anos de leitura e de freqüência obsessiva em sebos, alfarrábios e feiras de livros, é uma evidência, não só da gravidade de minha cegueira, mas de quão tendenciosa, parcial, falsa e fútil tem sido tanto nossa cultura literária como nosso mercado editorial.

Seu interesse pelo âmago das cidades, pela histeria permanente das ruas, pela vida mundana e conseqüentemente pelos seus atores: fanáticos religiosos, azeiteiros, cabotinos, pedófilos, cínicos, mendigos, pervertidos, larápios, presos, criminosos, imigrantes, charlatães, poetas, músicos, variolosos, em suma, pelo ''sistema social podre'', lhe renderam não só calúnias, mas socos, bombas e acusações literárias como esta, de Elisio de Albuquerque: ''É um temperamento doentio, sensibilidade exacerbada, usa de uma psicologia mórbida, atormentado pela preocupação do raro, do horripilante e até do sórdido''.

É evidente que os pobres moralistas tinham dificuldades para suportar um sujeito que, além do talento inegável, seguia afirmando que ''Toda a vida é luxúria. Que sentir é gozar, e que gozar é sentir até o espasmo. Nós todos vivemos na alucinação de gozar, de fundir desejos, na raiva de possuir. É uma doença? Talvez. Mas é também verdade. Basta que vejamos o povo para ver o cio que ruge, um cio vago, impalpável, exasperante. Um deus morto é a convulsão, é como um sinal de pornéia. As turbas estrebucham. Todas as vesânias anônimas, todas as hiperestesias ignoradas, as obsessões ocultas, as denegerações escondidas, as loucuras mascaradas, inversões e vícios, taras e podridões desafivelam-se, escancaram, rebolam, sobem na maré desse oceano. Há histéricas batendo nos peitos ao lado de carnações ardentes ao beliscão dos machos; há nevropatas místicas junto a invertidos em que os círios, os altares, os panos negros dos templos acendem o braseiro, o incêndio, o vulcão das paixões perversas.''

Dizem os jornais da época que seu funeral mobilizou cem mil pessoas. Que os taxistas, emocionados, se prontificavam a transportar, de graça, quem quisesse seguir o féretro daquele homem que, sabia-se, ''amava o horror das coisas inacreditáveis''. Qual o autor nacional, por mais vaselina e plantador de vaidades que tenha sido, que já teve tamanho privilégio? Bobagem? Sim. Mas impressionante! Mesmo que essa multidão quisesse, morbidamente, apenas certificar-se de que havia realmente morrido (um veado e um filho de puta a menos no mundo!), mesmo assim é um número que impressiona. E insisto nisso porque a grande maioria dos escritores que morrem hoje em dia — mesmo os que se faziam passar por ícones da sapiência, os que passaram a vida lançando confetes aqui, serpentinas acolá, fazendo conchavos na academia, cumplicidade nas universidades e puxando o saco à torto e à direita de quem quer que fosse, mas principalmente dos endinheirados — além dos herdeiros e dos credores, só têm recebido ''postumamente'' a visita oportunista dos abutres da funerária.

João do Rio (Paulo Barreto), que chamou atenção para a vida encantadora das ruas, que não teve medo de acanalhar-se e nem de enlamear-se nos becos onde ''os corpos movem-se como as larvas de um pesadelo'', morreu de forma inusitada aos 39 anos, num táxi. Num velho táxi que circulava pelas ruas do Catete. Deixou uma obra fascinante, curiosa, lúdica, saborosa, nômade e, mais do que tudo, vagabunda... construída na clandestinidade, nos esgotos periféricos, à beira dos cortiços, na penumbra das antigas salas de redação dos jornais... e, inclusive, nos festins colonialistas das elites da época... onde ''as caras continuam emplastradas pelo mesmo sorriso de susto e de súplica, multiplicado em quinze beiços amarelos, em quinze dentaduras nojentas, em quinze olhos de tormento!'' Paradoxalmente, foi também um membro da Academia Brasileira de Letras... O primeiro a entrar naquele covil envergando o fardão vampiresco, aquela capa negra que mais desqualifica e que mais mumifica do que engrandece... ''A luz elétrica, muito fraca, espalhava-se como um sudário de angústias.'' Teve sérios conflitos com a vaidade estabelecida daqueles ''literatos'' que, por não terem nada que dizer e por não possuirem um mundo próprio, só falavam de literatura. Viu-se envolvido com a hipocrisia dos escritorzinhos... e com o rancor incurável que se prolifera à sombra das ''pocilgas literárias''... entre a turma das unhas pintadas e dos cuecões de seda... Entre os da laia narcísea dos conhecidos ''textos-super-limpos'', ''burilados'', ''impecáveis'', otimistas e estóicos... escritos sempre para os jurados de concursos, para as grandes editoras, para o clero e para os chefetes de turno no Congresso Nacional... instâncias onde ainda predomina intacta a mesmice secular, o tédio reacionário, o discurso prolixo, a metamorfose do caráter, a corrupção endêmica, a frouxidão genital indisfarçável e a necessidade histórica de perpetuar, miseravelmente, o jogo da burrice e de submissão entre o populacho... Que lástima a sobrevivência desse circo!... ''o clamor da súplica enche o quarto na névoa parda estrelejada de hóstias sangrentas''.

O que me atrai em sua obra, independente da beleza natural dos troteadores e dos ''rueiros'' é basicamente seu cinismo e seu deboche. A forma ora sutil e ora escrachada como cospe sobre a rabugice e a infâmia humana... Vibro com a tormenta de metáforas que inventa para descrever, não só a cloaca e o lupemproletariado mantido à margem (depravados, escravos, sádicos, jogadores, maxixes ordinários, coristas, putas, desempregados opiômanos) mas também a cloaca de colarinho branco (barões, condes, atrizes, políticos, charlatães, damas da recém-instalada república). Se foi um plagiador — como dizem —, um entreguista político, um ''portuguesófilo'', um decadente moral, um fresco e um dândi... isto, aqui, não tem a mais mínima importância. Se fez subliteratura, se foi, como outros, um ''pavão simbólico do Vício Triunfal'', se fez confusão entre um gênero e outro, se seu texto, além de ''empolado'' estava cheio de delitos gramaticais... isto tampouco diminui ou compromete seu fascínio e sua beleza. Não altera em nada o ângulo privilegiado através do qual ''escutava'' e fitava a urbe enfurecida e em delírio... Principalmente porque ele mais do que ninguém, sabia e afirmava que a ''literatura é o mirífico agente do vício''.


Ezio Flavio Bazzo

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Provos

      “Justamente naqueles anos, Sukarno, o primeiro presidente da Indonésia após a independência, num famoso discurso para a assembleia dos países não-alinhados, afirmou que, mais que os livros de Marx e de Lênin, os verdadeiros instrumentos da tomada de consciência revolucionária para os povos do Terceiro Mundo seriam os enlatados americanos do tipo I Love Lucy (protótipo do imperialismo cultural ianque). Porque, depois de ter visto as limpas casinhas californianas com água encanada, geladeiras cheias e cozinhas repletas de acessórios, todos perceberiam instantaneamente a profunda injustiça existente no mundo.”

      (“Provos: Amsterdam e o Nascimento da Contracultura”, Matteo Guarnaccia, Conrad Editora do Brasil Ltda., São Paulo, 2001, Coleção Baderna, Página 31.)

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

      “...numa sociedade em que vigora a propriedade privada, o que é oferecido gratuitamente se torna ilegal e antissocial.”

      (“Provos: Amsterdam e o Nascimento da Contracultura”, Matteo Guarnaccia, Conrad Editora do Brasil Ltda., São Paulo, 2001, Coleção Baderna, Páginas 86-87.)

sábado, 21 de maio de 2016

Anarquismo ao Vento

O Anarquismo Espontâneo nos Histéricos


Apesar de todas as objeções, temos que admitir que o Estado é um monstro que deu certo. Um monstro que tem tanta certeza de si que nem se abala com Jornadas e Simpósios como este, onde, a priori, a maioria dos participantes propugna por seu aniquilamento e por sua morte. Ou não? Como previu o autor do Leviatã, assistimos meio embasbacados e meio atordoados, o triunfo insensato e absoluto da máquina política sobre nossa mente, sobre nosso desejo e sobre nosso tempo... Experimentamos a falsificação das nossas paixões, a racionalização dos nossos sentimentos e dos nossos comportamentos, de acordo com a má fé das regras estabelecidas pelos políticos, pelos padres, pela imprensa e pelos funcionários do Estado...

Desde os discursos incendiários de Bakunin (1814-1876) e de Kropotkin (1842-1921), desde a filosofia pré-psicanalítica de Max Stirner (1806-1856) e das bravuras heróicas dos libertários menores que todos conhecemos, o Estado não recuou um só passo. Deu voltas, fantasiou-se, foi do autoritarismo feudal à beneficiência complacente, pintou-se os lábios, enquadrou-se à democracia platônica, voltou a exercer a intolerância e o regime ditatorial, fez-se novamente bonzinho, indenizou às famílias dos que foram jogados ao mar, auto denominou-se liberal, ético, laico, defensor máximo dos direitos humanos... etc, etc. E nesse tempo, enquanto estávamos bêbados ou hipnotizados pelo , astuciosamente reinvestiu em suas forças armadas, na polícia, no sistema judicial, na espionagem, nas técnicas de tortura, e inventou a cidadania, as fronteiras, a obrigatoriedade do passaporte, criou a ONU e, o mais espetacular: aperfeiçoou maliciosa e silenciosamente a Constituição, o Código Penal e os Presídios. Enquanto esbravejávamos quase messiânica e religiosamente à margem, nas universidades, nos botecos, nos sindicatos, nos motéis, nos estádios, nas caminhadas ecológicas, nos shoppings, nos barracões da Santa Sé ou do Reino de Deus, o Estado se travestia para poder seguir sendo o mesmo impostor brutal de sempre, só que mais sútil e mais carismático para não causar-nos mais tanto espanto. Sobreviveu à todas as maldições do rebanho desarmado, a todos os discursos em contrário, a todas as dissidências, a todos os atentados, a todos os motins, greves, idealizações revolucionárias e histerismos coletivos... E não apenas sobreviveu, mas re-atualizou seus truques de dominação e se fez mais Eficiente e mais Onipotente, derrotando e escravizando-nos de maneira absoluta. Querem uma prova dessa escravidão? Pensem nos impostos e nos tributos obrigatórios que somados, representam o equivalente a cinco meses de nosso rendimento anual. (água, luz, telefone, condomínio, IR, ISS como autônomo, ISS como funcionário, estacionamento, plano de saúde, seguro contra acidentes, CPMF, IPTU, IPVA, CRP e até licença para exercer a profissão... sem mencionar os impostos indexados à comida, à gasolina, aos remédios, aos livros e até ao caixão mortuário e ao coveiro que zelará por nossa tumba durante uns dez anos para que não nos desalogem e lancem em nosso lugar o cadáver de algum outro indigente. E se isto não for suficiente, pensem nos bancos e nos banqueiros. Nada simboliza mais a falência de nossos sonhos e a derrota de nosso pensamento do que a existência e o poder dos banqueiros... E é a partir deste olhar quase sinistro, , e que lhes pergunto: quê porra de anarquistas e quê porra de libertários somos nós? Nestes quase duzentos anos, quê conquistas e quê vitórias podemos lançar em nossa agenda, tanto no que diz respeito ao anarquismo como modo de vida como, ao anarquismo como visão de futuro? Aqueles que em sua trajetória não caíram na libertinagem despótica, conseguiram chegar, a ser, na melhor das hipóteses, libertários repúblicanos..

E para agravar ainda mais o contra-senso, todos aqui, de uma maneira ou de outra, somos servidores do Estado. Vocês, seus pais, mães, avós, tios, tias? eu e todos os palestristas que hoje e amanhã lhes dirão algumas palavras, somos casados na igreja e no civil, católicos, macumbeiros, teístas, aposentados, vacinados, e lacáios oficiais desse monstro. Inclusive este auditório e este microfone pertencem ao Estado. Basta a ordem de um DAS 2, de uma secretária terceirizada ou de um sub-chefe da segurança para que tenhamos que desocupá-lo de imediato. E não adiantará espernear, querer explicações, fazer abaixo-assinados, greves, abrir sindicância, ressuscitar o Roberto Marinho, jogar as cadeiras contra as paredes... Pois para tudo isto o Código Civil e Penal já dispõem de regras bem definidas, regras que os juízes, amparados por seus dezessete mil reais mensais fazem cumprir com apenas dois ou três ou com duas ou três ordens..

Por mais decepcionante e provocador que pareça, talvez seja o momento de admitir que o anarquismo foi sempre muito mais uma dramaturgia (uma liturgia?) e uma peça literária do que um movimento. Uma literatura dita de vanguarda que, pelos séculos a fora, tem servido aos mais antagônicos e cretinos interesses. Em 1987, por exemplo, o então Presidente de nossa República fez na ONU um discurso digno de qualquer um dos touros sagrados do anarquismo universal. Ouçam e imaginem o efeito destas frases no imaginário daquela platéia naturalmente hedonista, burocrática e indiferente:

"A paz de hoje ainda não é a paz, é a dissimulação da guerra"... "O mundo não pode ter paz enquanto existir uma boca faminta em qualquer lugar da terra, uma criança morrendo sem leite, um ser humano agonizando pela falta de pão"..."Depois da prosperidade, quando veio a recessão, passou a reinar mais a selva predatória de Hobbes do que a fecunda anarquia de Adam Smith".."Não seremos prisioneiros de grandes potências nem escravos de pequenos conflitos"... "Mais do que as hecatombes dos conflitos mundiais, mais do que o confronto estéril da guerra fria, a descolonização ficará como a grande contribuição do século XX à história da humanidade" etc, etc.etc.

E qualquer um de nós sabe muito bem que o conhecido latifundiário e autor destas frases, nunca foi trotskista e muito menos bakuninista...

É necessário reconhecer que se continua dando estatus escrever e vociferar desde o pedestal do socialismo libertário, é porque a platéia é sempre certa... e porque o texto (independente de Barthes, que em 1980 jogou-se debaixo das rodas da caminhonete de uma lavanderia), continua dando prazer, continua sendo, no momento de sua construção, uma espécie de lúxuria artificial, e no auge de sua exibição, algo como um strip tease. Para que a perversão privada do escritório tenha plenitude -sentimos- é necessário que se a complemente com a perversão pública do palco...

Por outro lado, depois de tanto tempo de servilismo nada voluntário e de tantas chacinas, agora todo mundo quer parecer bonzinho e politicamente correto. Que sempre foi difícil distinguir um anarquista de um padre beneditino ou de um rabino, ninguém tem dúvidas. Prestem atenção como em qualquer circunstâncias, nossos primeiros impulsos e movimentos são sempre complacentes, conciliatórios e beatos A literatura, o teatro, o rock, os pasquins estão cheios de textos anarco-insinuantes. O cinema norte-americano, francês e alemão idem. (Linguagem meretriz!) Até os apresentadores das nossas TVs, de vez em quando, relembram o heroísmo e a bravura de Sacco e Vanzetti, falam com entusiasmo da legendária comunidade anti-estatal dos Tupi-Guaranis, da Patagônia Rebelde, da Colônia Cecília e de um ou outro anarquista italiano que, sabe-se lá por quê, abandonou a luta para abrir uma pizzaria, etc, etc, Mas tudo não passa de palavras, de literatura e de apelos intelectuais que não movem como dizia Bobbio, uma palha da nefasta jaula social em que vivemos. Apelos que só servem para apaziguar nosso Ego sedento, nossa ansiedade e nosso caráter de subalternos. O próprio Bakunin já havia previsto que os intelectuais adotariam uma postura cada vez mais anarquista diante do mundo. Resta saber agora, afinal, o que é, e o que pode fazer um intelectual, no meio de uma multidão de ignorantes que não está de acordo com ele...

E depois, aqui entre nós, com exceção de um ou outro auto-didata, a grande maioria dos intelectuais têm um débito quase filogenético com a engrenagem do Estado. Não necessariamente por ter conseguido o Crédito Educativo, mas por ter se construído como intelectual nas escolas públicas, nas universidades estatais e com as bolsas de pós-graduação patrocinadas pelos governos. Além disso, 95% de vocês, amanhã, quando concluírem os cursos, se não quiserem engrossar as fileiras dos indigentes e ver vossas carreiras eclipsadas, não terão outra alternativa senão bater humildemente às portas do Estado. Mendigar um estágio, um contrato, um vínculo empregatício, um DAS. E é nessa hora de ruborização e de negação de si mesmo que o sujeito compreende -como dizia Cioran - que equivocar-se, viver e morrer enganados é o que fazem os homens. Que o inferno pode até ser um refúgio, se comparado com este desterro no tempo, com esta languidez vazia e prostrada onde, além dos movimentos do universo, nada nos interessa...

E para nós da América Latina o problema é ainda mais grave. Nossa ânsia de subversão não é apenas contra o Estado frio e calculista de Hobbes, mas contra um Estado de merda, regido num extremo por psicopatas e no outro por bandos de melancólicos auto destrutivos, que durante quinhentos anos têm investido contra si mesmos, se torturado, se prejudicado e por fim se aniquilado.

Pensem nos alimentos. É com a cumplicidade do Estado que os colonos e os produtores rurais, para aumentar a produtividade, têm envenenado sistematicamente com adubos e agrotóxicos os alimentos que comemos todos os dias. É com subsídios dos governos que as vacas, os porcos e as galinhas são inchadas de hormônios. Hormônios que vão tornar-nos obesos, cancerosos, diabéticos, broxas e dementes... e para , os médicos nos encherão de remédios, fabricados pelas mesmas indústrias que produziram os adubos e os hormônios... Como os remédios, por sua vez, também vão nos causar efeitos colaterais, vão exigir mais remédios, produzidos pelas mesmas empresas, pouco importando se são multinacionais ou não, já que o empresariado autóctone e nativo igual ao estrangeiro, tem assumido uma postura de abutre diante das questões da saúde... A própria longevidade, apesar de parecer uma conquista pessoal, é muito mais um triunfo das indústrias dos medicamentos. Um homem com mais de setenta ou um homem na UTI é comercialmente muito mais lucrativo que cinco ou seis jovens no auge da atividade.Observem a quantidade de farmácias que existe nas cidades latino americanas, e como esses países hipocondríacos, onde há mais farmácias quê livrarias, estão irremediavelmente condenados à mediocridade.

Pensem nos automóveis. Na necessidade compulsória e infantil de possuir um desses caixotes ambulantes... sempre a um preço vinte vezes maior do que realmente vale... e que converterá seu proprietário num pobre consumidor de sub - produtos atrelados sempre ao Estado ou aos grandes capitais: a carteira de motorista, o seguro, o IPVA, a gasolina, o pedágio, os pneus, as peças, o espaço da rua para estacioná-lo. E essa imensidão de imbecis ao volante, como era de se esperar, vai gerar milhares de atropelamentos por dia, que gerarão milhares de mutilados, que vão lotar os leitos dos hospitais e o freezer das funerárias. Os que ficarão paraplégicos, retardados, cegos, loucos, mudos, etc, dando continuidade ao mencionado ciclo de escravidão econômica, passarão a usar próteses, drogas e equipamentos produzidos pelas mesmíssimas multinacionais que seguem recebendo subsídios para produzir mais e mais automóveis. Foi essa idiotice generalizada que fez com que as cidades se transformassem em imensos estacionamentos, e que a de cada um desses babacas, permaneça quase todo o tempo lá na garagem.

Sim, o Estado de merda é ainda pior que o Estado de Hobbes. Porque além de tudo é um Estado medíocre, burro e indiferente. Enquanto no Estado de Hobbes estão mapeando os genomas, no Estado de merda não se conseguiu ainda nem mapear as cáries. O Estado de Hobbes é aquele que foi destruir o Iraque, o Estado de merda é aquele que foi lá depois da guerra, recolher os destroços e articular a paz e o perdão. (mas como, diria o chato Dérrida: se só se perdoa o imperdoável). Se o Leviatã de Hobbes pisoteia os sentimentos e reduz o homem a uma máquina, o Estado de merda, com toda sua culpabilidade, fingindo ajudar, dá um jeito de piorar tudo, danificando, enguiçando e tornando a parafernália estatal ainda mais nefasta. Atolado em ambigüidades esquizóides, promove a auto-flagelação coletiva e por fim se suicida. (Seu único ato de grandeza).

Pensem na saúde mental. É rotina nos Estados de merda promover silenciosamente a desagregação mental das massas. No mês passado foi desativado em Planaltina (DF), um sanatório que funcionava ainda nos moldes daqueles que horrorizaram Pinel no século XVIII. As periferias, por mais que os professores e os políticos não saibam ou não mencionem, estão abarrotadas de doentes mentais. Homens e mulheres de todas as idades enfiados em seus casebres, com seus familiares também doentes e miseráveis, vivendo como zumbis, à margem do saber, da atenção e do consumo neurótico do hospício urbano...Cinco, seis, dez, vinte gerações de pirados... e seria ingenuidade ou mau caratismo acreditar que a engrenagem estatal não tem nada a ver com isso... e que a explicação para o frenesi popular deva ser buscada apenas lá no triângulo edipiano ou apenas lá nas falhas dos neurotransmissores... Com nosso equilíbrio e nossa saúde no limite, como não enlouquecer diante de tanta manipulação, de tanta ambigüidade e de tantos estelionatos? Mas é necessário resistir, porque enlouquecer é o fim. O louco é simplesmente um louco. Não interessa mais a Estado nenhum e a ninguém.. É reduzido a um bosta, que se antes da reforma manicomiária, ficava confinado, agora, é empurrado de volta para sua família caótica e daí para a sarjeta... É verdade que quando têm dinheiro, é resgatado temporariamente pelo comércio dos medicamentos de tarja preta, mas se for um fodido qualquer, esperneia por algum tempo nos fundos da casa, num manicômio provisório e depois recolhe-se aos seus delírios, vivendo de roer unhas, de remordimentos e de bebericar num e noutro copo de cachaça, até que um ônibus lhe esmague acidentalmente os miolos ou que um outro pirado lhe dê uma rajada pelas costas. Nestes verdadeiros hospícios que são as nações, parece não haver para os grandes rebanhos nenhuma outra saída. As comunidades alternativas silenciaram e faliram e a histeria de PAZ e AMOR dos anos 60, ficou na história como um luxo efêmero. Seus atores enlouqueceram e morreram fumando ópio e haxixe pelas montanhosas estradas de Machu-Pichu, de Katmandu e da India...

Pensem na questão da sexualidade. Sinto-me quase constrangido em estar repetindo aqui o que Emma Goldman (1869-1940), a velha anarquista russa já esbravejava no século passado. A emancipação das mulheres, no que era essencial, não aconteceu e a grande maioria continua frustrada e incomodada com o rito secular da vida amorosa. A emancipação exclusivamente exterior que conquistaram, longe de lhes garantir a soberania desejada, as empurrou para um lugar ainda mais ambíguo e artificial. O sexo, apesar do teatro da sedução permanente, continua sendo um assunto predominantemente masculino. Patrimônio de homens obsessivos e estressados que sem saber o que fazer com sua libido, odeiam a recusa e o recuo de suas mulheres e voltam aos poucos às fantasias da pré-genitalidade e à masturbação... (Pesquisadores australianos sugeriram recentemente 5 masturbações semanais como prevenção do câncer de próstata). É o fim.

Se no Estado de Hobbes germinam paranóicos e psicopatas aos montes, no Estado de merda a tendência é produzir cada vez mais maníaco-depressivos. Até os quarenta anos, empurrado pelas mentiras sociais, pela propaganda enganosa, pelo esoterismo, pelos hormônios, pelas promessas, pelas ficções profissionais e transcendentes que brotam por todos os lados e pela busca compulsiva de independência, o sujeito encarna o MANÍACO. Depois dos cinquenta, quando percebe que tudo não passava de uma falácia, e que seus anseios eram apenas cofres vazios, vai mergulhando irremediavelmente no desânimo e na DEPRESSÃO, de onde, se não conseguir resignificar seu presente e sua história, não sairá nunca

Proliferam-se os shopings, as feiras, os sex shops e os mercados por todas as cidades e vilarejos... Os sociólogos, os psicólogos, os comunicólogos são recrutados cada vez mais pelos políticos e pelos comerciantes. É necessário criar sempre novas necessidades no rebanho, atrelar ao supérfluo uma chispa de transcendência ou de volúpia, e depois, apenas esperar e vender. O caso do telefone celular e do viagra são mais do que ilustrativos, duas interferências graves sobre nossa fala e sobre nosso phalo. Através desses dois produtos, obrigam-nos a falar e a trepar, mesmo quando a maioria dos usuários não consegue sair nem do monólogo e nem do onanismo.

No mundo das artes, depois que o Estado se dissimulou no grande financiador e mecenas, a promiscuidade nunca foi maior. E quando não banca ele próprio os filmes, os livros, as viagens, as exposições, os congressos, as obras de arte em geral, despacha o artista, com o rabo entre as pernas, para os comerciantes ou para os donos das grandes empresas. Sujeitos que, não por amor à arte, mas por interesse tributário, não perdem a chance de, por um lado, isentar-se de impostos e por outro, aniquilar as pretensões anarcóides e anti-sociais do pedinte, com apenas um punhado de dólares. E é inútil esse mendigo ilustrado tentar redimir-se perante os comparsas, ou tentar convencê-los da conveniência de manter, com discrição um pé no atelier libertário e outro nos escritórios das estatais. Provocará inveja e não será ouvido. Melancólico... terá forçosamente que reconhecer que para idealizar um paraíso fora de sí -como dizia Nietzsche- é inevitável fazer contato com as forças que espreitam no fundo de nosso próprio inferno.

Portanto, o Estado mecenas, se é que se pode chamá-lo assim, apesar do fascínio de alguns ingênuos, é apenas mais uma das tantas máscaras do Estado moderno. Mais uma das sofisticadas artimanhas inventadas para cooptar os inimigos espontâneos e para minimizar o asco que o populacho e as massas lhe dedicam. Vive malignamente em simbiose com os intelectuais, artistas e outros personagens do gênero, prosperando e se fortalecendo uns às custas dos outros.

Para concluir, quero dizer algumas palavras sobre crianças e livros. Apesar de toda mistificação e de todo o romantismo que ainda envolve o negócio dos livros, é chegado o momento de admitir que não corresponderam às expectativas que neles se depositou nos últimos mil anos, e que está praticamente eclipsado e aniquilado o clichê atribuído ao senhor Monteiro Lobato de que uma nação se faz com homens e livros. Balelas de todo escritor. A história tem demonstrado, do Oriente ao Ocidente, de Pequim ao Chile, das comunidades sanguinárias e canibais às melancolicamente democráticas dos últimos tempos, que as nações, prenhes de crueldade, se fizeram uma atrás da outra, apenas com armas, demagogia, sangue e dinheiro. Se os livros e a erudição tivessem servido para alguma coisa não estaríamos atolados nesta pasmaceira globalizada, com um exército imenso de vivaldinos pululando e bufando ao redor da terra, falando em paz e em liberdade, sem acrescentar absolutamente nada à incômoda obrigação de viver. Não seríamos quase a única espécie do planeta (ao lado apenas dos porcos e dos ratos) a massacrar e a destruir sistematicamente nossos próprios filhos. Apesar dos séculos de feitiçaria, das intermináveis discussões filosóficas, dos milênios de religiosidade, do chicote dos ditadores, das lágrimas dos humanistas, das promessas farmacológicas e médicas... a submissão, o infanticídio, a pedofilia e outros tipos de acosso e de abusos contra crianças, continuam sendo práticas exclusivamente humanas. Provas de um arcaico e incurável ressentimento que não está registrado apenas ali na delegacia da esquina, nos diários das vítimas ou lá nos relatórios das ONG`s internacionais, mas principalmente nas entranhas de praticamente todos os sobreviventes.

Quando se observa os processos, as motivações e as razões da família e dos nascimentos, assim como as relações entre o casal e entre pais e filhos, compreende-se a importância de reatualizar com urgência os conceitos sobre a e sobre a . Talvez Clitmenestra deva ser considerada, de uma vez por todas, o arquétipo de todas as nossas mães e de todas as nossas mulheres, e Urano o arquétipo de todos os nossos pais e de todos os nossos homens. Se a psicanálise tem demonstrado que levamos dentro de nós, ao lado da imagem de uma mãe boa, outra terrorrífica, que mata, destrói e come o filho... outros estudos também especulam com a possibilidade do pai assassino ser essencial à paternidade..

Pode ser que advenham daí, desse acosso perverso e dessa sujeição precoce, os elementos que vão predispor o sujeito, quando adulto, a todo tipo de servilismo e de subserviência, condição indispensável para que se renda e caia de joelhos não apenas diante do Estado mas de qualquer outro tipo de impostura.... Pode ser, também, que o Estado que tanto mal nos causa (fora), seja apenas uma projeção de um estado doentio que já levamos (dentro)... Mas isto é um assunto para uma outra Jornada.

Enfim, é bom ir parando por aqui.
Para que reste alguma coisa de meu ceticismo e de minhas palavras, parafraseando a Lacan, quero ressaltar que talvez, só a ciência e os velhos é que poderão vir a ser, um dia, verdadeiramente subversivos.

Ezio Flavio Bazzo


Do seu blog “Murro das Lamentações”.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Delírio Financeiro

      “O SOM E A FÚRIA
      Pare/Olhe/Escute: do seu imposto de renda, desconte 30 por cento/em letras imobiliárias / Atenção: é proibido ser pobre / Esta é a época do dinheiro se produzindo, produzindo / Pobre/cobre/sobre/dobre / Veja: o BIB não deixa você se perder no mercado financeiro: ele conhece bem esse mercado / E se quiser / Tem a Integral, Crédito, Financiamento e Investimento / Com suas novas Letras de Câmbio com Renda Mensal / Aplique nelas / É mais fácil / É mais fácil / Um Camelo passar / Repassar / Sar / Pelo fundo / Fundo de Investimento / Fundo de Uma Agulha / Do que um Rico / Rico/Fico/Pico/Mico/ Entrar no Reino dos Céus / Junta-te Aos Milionários e Serás um Deles: você tem algum guardado, mas não sabe onde, como nem quando investir: o Fundo dos Vales reúne esse dinheiro e / opera com ele em pé / fé de igualdade com os milionários / Milhões/rios/ Ah, eu quero entrar no reino dos / céus / Céus / então você Investe no Banco Ahah/ Às Margens plácidas do grupo Financeiro: Letras de Câmbio ao portador, com renda mensal / Ao som Aquele Abraço / A você: ao sr. João da Silva Gomes e ao Sr. Anônimo: ambos aplicam / aplicam / aplica / plica / pli / pli/pli/plim/plim/plim/ Aplicam em Letras Imobiliárias – 3 vezes garantidas / Bolsas / Bolsa de Valores: o governo paga para você comprar ações: aproveite / Investir para Progredir / E vê se aprende / Aprende que / Dinheiro que / não cresce / só pode encolher / Ein / En / Entre num / clube de / clube de ganhar dinheiro Escritório Pires Germano: aumenta suas economias / Dinheiro no colchão /?Para quê / Dinheiro em ações / Ação / Um homem de ação / Deve saber que / A partir de Amanhã você pode ter 18 milhões de pessoas (capacidade de trabalho do país) trabalhando para você: Fundo Biafra: Tradição secular de segurança: Fundo de Investimento e Participação / Suba na Vida / Subindo a Sobreloja da Av. XV, 67 com a Corretora ILLB/”

      (“Zero”, Ignácio de Loyola Brandão, Editora Codecri, Rio de Janeiro, 1979, 3ª Edição, Páginas 269-270.)

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Trabalho: Ilusão e Perversão

O trabalho como ilusão e como perversão

"A cada porcaria que sai de minha boca
eu me sinto mais limpo"
Pierre Louys


O desemprego, longe de caracterizar um problema social, bem que poderia ser o sinal ou o signo de que, finalmente, a humanidade caminha para sua emancipação. Mas não.

Os próprios desempregados, manipulados e mobilizados pela TV, pelos sindicatos, associações e igrejas de todos os matizes, vão às ruas exigir nada mais nada menos do que trabalho. Queremos trabalhar! Queremos trabalhar! Queremos trabalhar!!! Já os que trabalham, quando fazem greve, a intenção não é a conquista do lazer, mas pelo contrário, o fortalecimento dos vínculos com o trabalho e a solidificação das garantias de que estarão empregado por toda a vida. A grande maioria, para o cúmulo da perversidade, faz de tudo para permanecer trabalhando depois de aposentada, dando a impressão de que a própria escravidão se torna vício, de que o ócio sufoca e, por fim, de que o homem faz de tudo para e com os outros, no intuito de jamais deparar-se consigo mesmo. De tudo o que os gregos e romanos escreveram, o que mais fascina é exatamente o desprezo que (de Heródoto e Xenofonte a Cícero) sempre expressaram pelo trabalho. Para eles, que haviam herdado esse saber dos egípcios, o trabalho pertencia por direito aos escravos, e eram tão rigorosos nisto, que não permitiam nem mesmo que suas mulheres costurassem, ou tecessem, para não rebaixar sua nobreza. Em sua famosa «Econômica», Xenofonte afirma que as pessoas que se entregam ao trabalho manual não alcançam jamais uma boa posição. Cícero, por sua vez, falando dos ofícios, estava seguro que aqueles que ofereciam seu trabalho em troca de dinheiro, além de vender a si mesmos como prostitutos, se colocavam na categoria de párias. Na obra de Marx (desse homem que recopilou sutilmente os gregos), o que existe de mais interessante é o projeto que prevê não apenas uma melhora nas relações de trabalho (como entendem os sectários), mas a possibilidade de suprimi-lo e de riscá-lo definitivamente do mapa. Nesse particular, por mais ridículo que pareça, é necessário reconhecer que grande parte da elite e da aristocracia mundial, sem necessariamente ser marxista, parece ter conquistado o que ele tanto teorizava, já que não trabalha há mil anos. Já que não fazem nada. Conquistaram o direito de permanecer afastados do trabalho para sempre, mergulhados no ócio, na preguiça, nas banheiras e nas pilhas de dólares. Quando fazem alguma coisa, é mais para exercer o poder ou para desatrofiar a memória. Investem em relojoarias, em lojinhas, em clínicas, em criações de vacas, em garimpos, em frotas de caminhões, em bazares, jóias, fábricas, fazendas, imóveis e outras porcarias que o populacho necessita. Investem sem sair de suas mansões e ficam de longe computando os dividendos, privatizando os mais variados bens do planeta, jogando baralho e vivenciando na prática, o marxismo utópico. Para esses barões do ócio, as duas instituições que na contemporaneidade são o símbolo máximo de toda filosofia greco-romana se chamam: Bolsa de valores e Club Mediterrané. Oito, sete, seis, cinco horas da manhã!

O mundo proletário acorda o mais cedo possível para ligar as turbinas de sua servidão, preso e iludido pelos antigos dogmas e pelo antigo moralismo de que só o trabalho enobrece e dignifica. Mas enobrece como, se a própria nobreza nunca trabalhou? Dignifica como, se na imensidão da turba trabalhadora só se pode perceber humilhação e escravismo? É imensamente doloroso passar pelos fundos das construções, lá pelas três horas da tarde, na hora em que o sol derrete o cérebro, e ver a dedicação e o martírio desses homens que dão suas vidas em troca de uns grãos de arroz e da promessa falsa de que o trabalho eleva.
No Conjunto Nacional, apesar do tipo dos trabalhadores ser outro, o drama é o mesmo: chefetes, subalternos, autônomos e outros gêneros de escravos, com roupas de mórmons, que correm em alta velocidade, que desfilam de lá para cá como se fossem donos de alguma coisa ou como se o planeta estivesse em chamas. As calças suadas no traseiro, olheiras de abatimento e uma falsa serenidade na fala enquanto lá na calçada, um carro forte espera, para transportar ao banco os lucros do dia... Nos ministérios o tédio e a solidão tornam a jornada de oito horas ainda mais vil. O relógio, o calendário, a folha de ponto, a cumplicidade com os governos de turno que, de tão tenebrosos, nem sequer permanecem na história... E a tudo isto se costuma chamar trabalho. Os ônibus chegam de longe trazendo homens e mulheres sonolentos que exibem um crachá no peito e que entram monotonamente nos prédios, em filas, marchando, como se estivessem a caminho do matadouro, e que vão consagrar seu tempo e sua vida na edificação de um mundo absurdo que não lhes diz respeito em nada... E é impressionante observar que praticamente todas as sociedades ditas modernas, padecem desse mal. Do mal de trabalhar e de fazer trabalhar.

Hoje são oito horas, mas ontem chegaram a ser vinte. As correntes foram substituídas pelos relógios e a náusea trabalhista pela ilusão ingênua de que o trabalho, além de tudo é também um truque terapêutico. Para isto, lógico, existem os sociólogos, os psicólogos, os administradores e os vigias que garantem o condicionamento e a ordem, para que o teatro produtivo não se degenere em «vagabundagem».

No lugar da paixão a produção.

E depois, por mais sutil que seja seu funcionamento, a ordem repressiva tem no trabalho e nas regras que o regulamentam o melhor de seus instrumentos. Para quem aceita servil o peso das 44 horas semanais, alguém sem rosto e sem identidade lhe concederá um título de cidadania. Aos outros, aos que, pela razão que for, descambarem para a preguiça e para o ócio, a mesma entidade se apressará em sufocá-los. Ah, o trabalho, o suor e a fadiga!

No campo de Concentração Nazi de Theresienstadt, na Bohème, os prisioneiros podiam ler: Le travail c¹est la liberté.

Mentira. Quem trabalha o faz sempre para um patrão, seja ele pessoa física ou jurídica. Num extremo o antigo opressor feudal, no outro o santo Estado moderno. Apesar dos disfarces, o discurso é o mesmo.

Entre os antigos regimes com campos de trabalho forçado e os governos neo-liberais da atualidade não há nada que seja verdadeiramente diferente. Confúcio, Nero, Mao-Tsé-Tung, Kennedy, a Encíclica Papal, o Fugimore e o Fernando Henrique, todos são sal de um mesmo saco, continuadores da mesma política e da mesma idiossincrasia escravocrata. Para todos eles, de Pôncio Pilatos a Strossner, o trabalho entra no cotidiano da existência invariavelmente como uma necessidade primordial. Mas todo mundo percebe que por debaixo de suas idéias e de seus discursos diplomáticos subjaz sempre e sempre tanto a neurose da produção como a apologia da fadiga. Na essência, o trabalhador, por mais bronco que seja, intui que nada é mais abjeto e mais vil do que o trabalho... mas, estranhamente, permanece nele e em sua jaula, como se estivesse perdido num transe hipnótico. Precisa comer! E esta compulsão pela comida faz do estômago o precursor de todas as escravidões. É por isso que a passagem dos alimentos, da natureza para os armazéns, foi o golpe definitivo contra todas as possibilidades de autogestão.

E assim, século após século o inferno do trabalho não cessa, fazendo com que o circo da honradez laboral permaneça intacto, mesmo quando os sujeitos já não possuem mais nem sequer um nome, onde o tempo é tudo e onde cada um só vale pelos músculos que tem. Como não existem mais parâmetros éticos, ficam reduzidos a tolos alienados e cansados que sentem-se extremamente felizes com os sábados e com os domingos, quando podem, finalmente, repousar e esconder-se de um mundo que, sempre que pode, os degusta e os cospe...

Daí a importância de lembrar ­entre uma jornada e outra-, que o trabalho é a raíz de um mundo desenraizado; o crack do povo e o espírito capitalista de uma época decapitada, cujo paradoxo mais cínico é a tentativa de enriquecer toda a humanidade pauperizando todos os seus elementos.

Ezio Flávio Bazzo


Blog “Murro das Lamentações”

terça-feira, 17 de maio de 2016

Dinheiro Nunca é Suficiente

      “ – Ó, minha princesa, não existe isso de ‘apenas o dinheiro suficiente’. Existe apenas duas medidas: ou falta de dinheiro, ou dinheiro que não é nunca suficiente.
      - Oh, isso não é verdade!
      - É verdade. Lembra-se do bilionário do Texas que morreu recentemente? Ele vivia num quarto de hotel, e não possuía senão uma valise. Não deixou testamento, não tinha herdeiros, mas achava que não possuía dinheiro suficiente. Quanto mais dinheiro se tem, menos ele nos parece suficiente.”


      (“O Inverno da Nossa Desesperança”, John Steinbeck, Editora Civilização Brasileira S.A., Rio de Janeiro, 1966, 3ª Edição, Páginas 156-157.)