“D.
Clemência solta um suspiro. A cara de João de Deus ensombrece. E Clarissa sente
que vão cair no assunto que as mulheres temem: negócios. Papai perdeu a
estância, com gado e tudo. Está quase sem nada. Agora só lhe resta aquele
casarão, onde já não há mais alegria. Antigamente todos riam e conversavam à
hora das refeições. Agora, não. Desânimo e tristeza. Só se fala em economia: gastar
menos açúcar, comprar menos verdura, consumir menos luz... De vez em quando a
palestra se anima: esquecem-se as mágoas. Mas de repente alguém pronuncia a
palavra – dinheiro. Pronto! Todos ficam com a cara anuviada. É como se tivessem
falado em morte. Dinheiro! Dinheiro! Não haverá no mundo nada mais importante
que dinheiro?”
(“Música
ao Longe”, Érico Veríssimo, Círculo do Livro S.A., São Paulo, Página 15.)
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