A peça “Um Inimigo do Povo” foi escrita
em 1882 pelo teatrólogo norueguês Henrik Ibsen. Revela o conflito entre o
indivíduo e a coletividade. “A história passa-se numa cidade do interior da
Noruega cuja maior fonte de renda advém de sua Estação Balneária. O Dr.
Stockmann inquieta-se com as doenças que turistas e concidadãos apresentam e
resolve investigar a água da cidade. Para sua surpresa, apercebe-se que a água
está poluída, aparentemente devido a lançamentos de lixívia contendo impurezas
dos curtumes da cidade. Homem da ciência, sente-se no dever de levar a verdade
ao povo, mas a sua denúncia representará o encerramento do balneário por dois
anos, além de provocar uma suspeição geral sobre as suas qualidades, mesmo
depois das obras necessárias para resolver a questão. Isso causaria um
transtorno para a cidade, que deixaria de lucrar com o turismo. Não denunciar o
fato, contudo, vai contra os ideais de Stockmann. A poluição das águas é usada
como metáfora no drama de Ibsen para denunciar a sujeira na estrutura social
daquela cidade - no governo, na imprensa, no comércio e na sociedade em geral.
A insistência do Dr. Stockmann em fazer prevalecer a verdade torna-o persona
non grata para a população, sobretudo ao defender a ideia de que os valores
daquela cidade estão sustentados sobre a mentira e de que o povo não tem a
razão, ou seja, a maioria não tem o monopólio da verdade. Ele torna-se um
inimigo do povo e conta apenas com o apoio de sua família e de alguns poucos
membros da comunidade, que passam a sofrer represálias por conta disso. A
convicção de Stockmann em relação à verdade, contudo, faz com que ele se
mantenha firme em seus propósitos até ao fim, mesmo sabendo que seu relevante
papel naquela comunidade jamais seria retomado.” (Wikipédia)
O teor desta peça, estendido para o
âmbito político, vai CONTRA o paradigma moderno da DEMOCRACIA, desde que a
estrutura básica desta é a sobressaliência dos votos da MAIORIA sobre os da MINORIA.
Ora, em muitíssimos casos, nota-se que tal superioridade é absolutamente falsa
e errônea. Uma GRANDE parte da população é constituída de pessoas ignorantes e ineptas,
incapazes de uma visão abrangente e profunda da vida. Apenas uma PEQUENA
parcela do povo possui uma compreensão um pouco maior da complexidade social
humana. E uma ÍNFIMA fatia da grei pode ser realmente considerada inteligente o
bastante para dar o seu voto consciente. Quanto aos GÊNIOS, praticamente não
aparecem nesta sumária estatística. Sendo assim, a Democracia é um sistema
DISTÓPICO por excelência, quando o PIOR tem prevalência sobre o MELHOR. Numa
sociedade UTÓPICA, os cargos governamentais ficariam sob a exclusiva
responsabilidade das pessoas que mais se sobressaíssem na sociedade a nível intelectual,
moral e espiritual, não referendadas nos cargos pelo absurdo sufrágio
universal, mas por um amplo conselho de notáveis.
Também podemos transferir o argumento
central da peça para a internet. Reunindo milhões de pessoas num único espaço,
o Facebook, o que o seu criador fez foi um MONSTRUOSO ESMAGAMENTO da
inteligência pela mediocridade. É óbvio que cada qual se acha inteligente o
bastante e ninguém se considera medíocre. Porém, infelizmente, a verdade é que
não ocorreu um fenomenal “milagre”, com a grande MAIORIA se tornando sábia e
percuciente. Aconteceu o contrário: uma pequena MINORIA inteligente conseguiu
se emburrecer e embrutecer. Eu tenho um exemplo na figura de um amigo “genial”,
neste famigerado Facebook. Boa parte dos seus textos não indicam ter sido
escritos por alguém do seu nível. Alguns são tragicamente ridículos. Quero crer
que ele está apenas “descendo o nível” para se equiparar ao rés de chão
coletivo. Espero que sim. E assim, por conseguinte, sou obrigado a chegar a
outra conclusão, a de que estas redes sociais não são mais do que simples
DISTOPIA, embora aparente o contrário. Seria UTOPIA se houvesse uma grande
quantidade delas, da mesma forma como são amplamente diversificadas as
tendências humanas. Se existissem, eu iria aderir de preferência à dos ocultistas.
Para concluir, tudo isto pode nos levar a
uma valiosa lição de humildade, quando o desinflar do ego se torna uma
necessidade, ao percebermos o quão ignaros e rasteiros ainda somos.
Sejamos menos NARCISISTAS!...
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