segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Revolução espiritual

      “Só uma grande transformação é capaz de elevar a vida neste planeta novamente para PRINCÍPIOS de amor universal, de justiça, de harmonia e equilíbrio, de uma autêntica fraternidade viva onde todos servirão todos, por isso, todos serão também servidos. Onde não existirão nem ricos nem pobres, pois, o dinheiro passará a ser um mero instrumento de realização para servir e não para a especulação egoísta que hoje impera no mundo.
      Quando o ser humano expandir a sua consciência, fizer a sua religação espiritual com sua alma e relembrar-se de suas existências passadas, quando verificar por si mesmo que a ‘morte’ nada mais é do que um portal de passagem para outra dimensão da consciência e que a vida é eterna; quando compreender que um simples corpo físico não passa de um veículo de manifestação de um corpo divino, a alma, e que está aqui de passagem numa peregrinação eterna, aí, todos os ‘apegos’ desaparecerão, a cobiça e a ganância passarão a ser uma doença e todos os aspectos financeiros do mundo sofrerão uma enorme transformação, uma vez que ninguém desejará explorar em proveito pessoal os outros, porque saberá das consequências kármicas de seus atos no futuro para a sua evolução espiritual.
      Já pensastes se o ladrão e o assassino tivessem consciência de que seus atos causariam reações muito graves nas suas vidas futuras, de sofrimentos árduos, tornando-as muito difíceis?
      Já pensastes se os gananciosos tivessem consciência de que seus atos os transformam em mendigos numa vida futura?
      Já pensastes se os escravizadores da vida tivessem consciência das deficiências dos seus corpos físicos futuros, seriamente comprometidos em consequência de suas ações presentes?”

      (“O Governo Oculto do Mundo – O Trabalho da Hierarquia Oculta”, Henrique Rosa, Editora Portal, São Paulo, 1992, Páginas 232-233.)

Revista “Víbora”, nº 1, março-maio 1981










domingo, 29 de novembro de 2015

Ecologia financeira


Turma do Beco 6 – Porre Duplo (Parte 1)

      Em uma tarde de sábado, aproximadamente às 13 horas, estando em casa, o amigo Carlos Décio Mostaro me telefonou e disse que iria até a vizinha cidade de Santana do Deserto naquela noite para assistir a um Festival de Música, e perguntou se eu não gostaria de acompanhá-lo. Aceitei o convite. Ele ficou de apanhar-me daí a pouco na minha residência. Vesti outra roupa, peguei a minha bolsa e fui para a rua esperá-lo. Não demorou muito, ele chegou. Entrei no seu carro, um velho Opala, e seguimos em frente. Levou-me até o bairro São Pedro, onde possuía duas propriedades. Entramos num botequim e tomamos umas cinco cervejas, as primeiras do dia, enquanto conversávamos sobre o Festival e outros assuntos.
      Após as cervejas, entramos no Opala e fomos até outro bairro, São Bernardo, num bar onde se encontravam vários amigos, os quais também iriam até a vizinha cidade participar do Festival. Tomamos mais cervejas, com porções de tira-gosto e o papo de sempre, intelectual e artístico. A nossa turma iria concorrer com umas três músicas. E o Gilson chegou trazendo um litro de cachaça pura da roça, da qual todo mundo se serviu, inclusive eu e o Décio. Permanecemos ali até mais ou menos 18 horas. Despedimos do pessoal, voltamos ao Opala e tomamos a estrada, rumo à pequena Santana do Deserto.
      Em lá chegando, ele estacionou o carro numa praça e fomos até um boteco, onde uma parte dos amigos já se encontrava, a beber e folgar regaladamente. Muita cerveja. Música ao vivo. Alegria e descontração. De novo o Gilson com a pinga. Eu não me separava do Décio, pois era ele quem estava pagando. Ficamos neste bar até umas 9 horas da noite. Nestes instantes de prazer, como o tempo voa!...
      Com a chegada do momento marcado para o início do Festival, eu e o Décio voltamos ao carro. Dirigimo-nos até o Clube onde o mesmo iria ser realizado. Ele estacionou o Opala na rua em frente. Fomos num guichê, para adquirir os ingressos. O salão estava razoavelmente cheio. Um palco, naturalmente, seria usado para a apresentação dos músicos e intérpretes concorrentes. Separados do público, numa plataforma, ficavam os jurados. Nos fundos, o mais importante de tudo, havia um bar, o quarto do dia. Fomos diretamente a ele, no sentido de nos munir de cerveja em lata. E passamos a circular pelo recinto. Quando acabava uma lata, pedia dinheiro ao meu amigo e ia até o bar providenciar outra. Nestas alturas do campeonato, perde-se a noção de quanto já bebemos e de quanto ainda podemos beber...

Guerrilha moderna

      Ontem à noite, na praça do centro da cidade, havia uma “fera” à solta: um rapaz, “turbinado” pelo crack. A sua violência é uma espécie de anarquismo às avessas. Lembrei-me do conto “O Cobrador”, do Rubem Fonseca. Vi, fascinado, ele rasgar cartazes e jogar lixo no asfalto. É lamentável constatar que os únicos “revolucionários” que sobraram são os viciados e bandidos. Poderíamos dizer, como o Lennon, que “o sonho acabou”. Os poderosos deste mundo conseguiram alinhá-lo totalmente à DIREITA. O massacre conservador e ortodoxo continuará em escala mundial e daqui a um tempo ninguém mais se lembrará de que existiu anarquismo, socialismo, revolução, fascismo, nazismo, integralismo. É O FIM, Senhoras e Senhores. E viva o capitalismo, a democracia, o cristianismo e todo este LIXO do “Grande Sistema”. Tive de ficar quietinho, quase sem respirar, pois senão aquele “guerrilheiro” de ontem poderia voltar-se contra a minha pessoa, e ele quase se encostou em mim, ao arrancar o aviso de plantões na porta fechada de uma farmácia. Mas, no fundo, senti vontade de BATER PALMAS! A despeito de todo o seu inferno interior. E não acabamos reféns deste INFERNO EXTERIOR?! Não há nenhuma diferença. Ele, pelo menos, estava mostrando, às claras, o que realmente é. Nós, não, dissimulamos as nossas “feras” sob uma frágil capa de “civilização”. Matrix = Jaula.

sábado, 28 de novembro de 2015

Capitalismo = EGO

      “Afinal de contas, a propriedade, por si só, tem muito pouca importância. Mas, psicologicamente, assume significado extraordinário, pois confere posição, prestígio, nome, título. Assim sendo, visto que nos dá poder, posição, autoridade, a ela nos apegamos; e sobre ela levantamos um sistema que destrói a equitativa distribuição das coisas ao homem... ‘Assim, pois, a fome é muito mais um problema psicológico do que legislativo. ... Se enxergarmos realmente esta verdade, deixaremos de usar as coisas como meios de expansão individual, e contribuiremos assim para a implantação de uma nova ordem social. Esta é por certo a verdade: que vós e eu nos servimos de coisas feitas pela mão ou pela mente como meios de auto-expressão, e por isso atribuímos exagerada importância aos valores dos sentidos...’ (Da Insatisfação à Felicidade – Conf. em Bombaim, 1948, os. 33-37.)

      (“Sociedade, Transição e Futuro – Vias Intermediárias e Fundamentos”, Carlos de Sousa Neves, Edição do Autor, obra escrita entre 1977 e 1982, Página 596.)

Revista “Víbora”, nº 1, março-maio 1981







Macaquice humana

No filme "Planeta dos Macacos (2001)", de Tim Burton, adorei as cenas iniciais do jantar das Autoridades Símeas sendo servidas pelos escravos humanos, e dos costumes humanos vivenciados pelos Macacos, especialmente aquele peludo e horroroso gorila se embelezando perante o espelho. Ironias finas do grande diretor. Na verdade, nós somos autênticos MACACOS, animais que vivem principalmente em função dos vorazes apetites do Sexo e das desenfreadas necessidades do Estômago, usando o Coração apenas para expressar as mais grosseiras emoções. O cérebro é muito pouco usado, quando isto acontece. CHIMPANZÉS... ORANGOTANGOS... GORILAS... MICOS... Esta capa superficial de "civilização" serve apenas para mascarar a nossa ANIMALIDADE INTERIOR... A ficção como realidade: vivemos, sem sombra de dúvidas, no PLANETA DOS MACACOS HUMANOS...

Woody Allen e Fernando Pessoa

      Um dos filmes de Woody Allen, cujo nome não me recordo, contém uma cena no seu começo, sem nenhum diálogo, que considero genial. Ele próprio se encontra dentro de um vagão parado de trem, acompanhado de pessoas velhas, feias e tristes, todas sentadas. Olha pela janela e percebe outro vagão, igualmente estacionado, repleto de gente jovem, bonita, alegre e de pé, em meio a uma festa. O contraste é violento. Alguns passageiros do seu vagão começam a soluçar e chorar. Desesperado, ele passa a esmurrar o vidro, a fim de abandonar tão deprimente companhia e se juntar aos felizes indivíduos ao lado. A cena pode ser uma metáfora para o estigma da “consciência” e da “verdade”, de que fala Fernando Pessoa neste poema:

Por que, ó Sagrado, sobre a minha vida
Derramaste o teu verbo?
Por que há de a minha partida
A coroa de espinhos da verdade [?]
Antes eu era sábio sem cuidados,
Ouvia, à tarde finda, entrar o gado
E o campo era solene e primitivo.
Hoje que da verdade sou o escravo
Só no meu ser tenho [,] de a ter [,] o travo,
Estou exilado aqui e morto vivo.

Maldito o dia em que pedi a ciência!
Mais maldito o que a deu porque me a deste!
Que é feito dessa minha inconsciência
Que a consciência, como um traje, veste?
Hoje sei quase tudo e fiquei triste...
Porque me deste o que pedi, ó Santo?
Sei a verdade, enfim, do Ser que existe.
Prouvera a Deus que eu não soubesse tanto!

Fernando Pessoa – 1932

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Municipalismo Libertário

As ideias contidas n' "O Livro Verde" de Kadafi são confirmadas do livro "Municipalismo Libertário", de Murray Bookchi:


Turma do Beco 5 – Décio e o Drácula (Parte 3)

      Trinta minutos após, quando estava a ajeitar uns objetos no armário, ela ouviu tocarem a campainha do apartamento. Foi atender. Deparou-se com três homens trajados de branco. Um deles trazia uma estranha vestimenta nas mãos. O mais forte deles perguntou:
      - É aqui que mora o sr. Carlos Décio?
      Ela respondeu:
      - Sim. O que querem com ele?!...
      O sujeito declarou:
      - Viemos levá-lo para o manicômio... Com licença...
      E foram entrando, sem esperar o convite, dirigindo-se diretamente ao quarto do Décio. A mulher, muda de espanto, seguiu-os. Estes penetraram no citado cômodo e agarraram violentamente a sua presa, que reagiu com veemência, aos gritos de “SOCORRO”, tentando inutilmente soltar-se, esbravejando, esperneando, xingando, enquanto era colocado numa camisa de força...
      - EU NÃO ESTOU LOUCO!... ME SOLTEM!... SEUS CANALHAS!... EU NÃO ESTOU LOUCO!... ME SOLTEM!...
      Incapaz de resistir à força de seis braços, foi arrastado até a sala, depois até o corredor do prédio, e, por fim, os quatro entraram no elevador, com o prisioneiro a se debater inutilmente, aos gritos. A tudo a mulher assistiu, sem dizer uma palavra sequer, bestificada. Deixando a porta da sala aberta, ela sentou-se no sofá da sala, passada!... E aos poucos foi recobrando o senso. “Três amigos fiéis”... Uma onda de raiva incontida lhe subiu à cabeça. E teve uma ideia. Pegou o batom na bolsa e escreveu com ele, dezenas e dezenas de vezes, em todas as paredes, móveis e objetos que se achavam à disposição, a palavra “ADEUS”... Apanhou a sua bolsa e saiu do apartamento batendo a porta, o furor personificado.
      Na rua, pegou um táxi para casa. Horas depois, mais calma, considerou que foi impecável a atuação dos quatro homens, principalmente do Décio. E arrependeu-se da atitude que tomou, sujando a casa com o batom. No final da noite, decidiu ir até o Banco no dia seguinte para se desculpar com o meu amigo. E foi o que fez. Ao chegar no local, na segunda-feira, procurou uma funcionária que trabalhava numa mesa em frente à sua sala.
      - Bom dia, senhorita. Eu gostaria de falar com o Carlos Décio.
      A funcionária levantou os olhos para a mulher e, com o semblante triste e desolado, falou:
      - Lamento dizer... mas o Décio... foi internado ontem num hospício... Coitadinho!... Tão jovem!... Um excelente colega!... Sinto muito!... Estamos todos consternados!...

Ego capitalista

      “Krishnamurti: Senhores, que significa ‘meio de vida’? É ganhar o suficiente para as nossas necessidades, que são alimento, roupa e morada, não é verdade? A dificuldade relativa ao meio de vida só surge quando nos servimos das coisas essenciais à vida – alimento, roupa e morada – como meios de agressão psicológica. Isto é... como meios de engrandecimento pessoal...; e a nossa sociedade está essencialmente baseada, não no suprimento das coisas essenciais, mas no engrandecimento psicológico, no uso das coisas essenciais para expansão psicológica de nós mesmos. ... Há suficientes conhecimentos científicos para suprir todas as necessidades do homem; isso já foi calculado, e tudo poderia ser produzido em tal escala, que nenhum homem passaria necessidade. Mas por que não se realiza isso? Porque ninguém se satisfaz apenas com alimento, roupa e morada; cada um quer mais. E esse ‘mais’ é o poder. Mas seria irracional ficarmos satisfeitos apenas com as coisas necessárias à vida. Ficaremos satisfeitos com as coisas necessárias, no seu sentido exato..., quando tivermos encontrado o imperecível tesouro interior a que chamamos Deus, a verdade,... Se puderdes encontrar essas riquezas imperecíveis dentro em vós, vos sentireis satisfeitos com poucas coisas,... Mas, somos... levados pelos valores sensoriais. Os valores dos sentidos se tornaram mais importantes do que os valores do real. Afinal de contas, toda a nossa estrutura social, nossa civilização atual está essencialmente baseada nos valores sensoriais... (Novo Acesso à Vida – Conf. em Bengalore, Índia, 1948, os. 149-150.)”

      (“Sociedade, Transição e Futuro – Vias Intermediárias e Fundamentos”, Carlos de Sousa Neves, Edição do Autor, obra escrita entre 1977 e 1982, Página 592.)

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Turma do Beco 4 - Décio e o Drácula (Parte 2)

     O caso do Conde Drácula realmente aconteceu. Não resistindo ao poder cômico e dramático do episódio, INVENTEI literariamente o que se segue.
      Ao acordar, lá pelas 8 horas da manhã, a visitante não viu o Décio na cama, a seu lado. Olhou no banheiro da suíte, e ele ali também não estava. Devia se achar na cozinha, pensou. Tomou um banho, fez a toalete, vestiu-se e saiu do quarto. Ao abrir a porta, viu que teria trabalho pela frente, pois a sala se achava desarrumada. Encontrou o meu amigo na cozinha, terminando de fazer o café. Beijaram-se e tomaram o desjejum na mesa da copa. Após terminarem, ele disse:
      - A tentação foi quase irresistível, mas consegui evitá-la!...
      - Que tentação?...
      - A tentação de aprontar outra - falou, com um sorriso maroto.
      - AH! NÃO!!!... – Ela se levantou. – Você não ousaria!!!...
      A mulher ficou olhando-o, como se estivesse prestes a entrar novamente em crise. Ele procurou tranquilizá-la:
      - Calma, meu amor! Eu consegui resistir!...
      Ela ameaçou:
      - Mais uma dessas suas brincadeiras, e juro que nunca mais você me verá na vida!...
      - Calma, querida! Tudo não passou de um pensamento!...
      - E em que você pensou, posso saber?!... - perguntou, assentando-se de novo na cadeira.
      Ele respondeu:
      - Um assassinato.
      - COMO?!!!...
      - Explico: você se levantaria, entraria na sala, encontraria lá três detetives da Polícia Civil, que iriam acusá-la de crime de morte, algemando-a, e em seguida a levariam até aqui na cozinha, onde o meu cadáver se acharia estendido no chão, com um punhal cravado no coração, em meio a uma enorme poça de sangue...
      Ela olhava para ele incrédula e estupefata.
      - Você não faria tal coisa!... Como arranjaria os três policiais?...
      - Fácil. Três amigos fiéis...
      - Décio, que loucura!... Acho que você está louco!... É melhor procurar um bom psiquiatra!...
      Ela se levantou e se dirigiu à sala, para iniciar a arrumação daquela bagunça. Ele deixou-a ocupada, avisando-a de que iria tomar um banho e se vestir.

Entropia

Os melhores encanamentos são a mais fina flor da decadência.

Revista “Víbora”, nº 1, março-maio 1981







Planeta Jeová

Todos os planetas do nosso Sistema Solar possuem nomes oriundos da Mitologia Grega, com exceção da Terra: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão. Proponho uma mudança para o nome deste nosso inferninho planetário, para não haver tal discrepância: Mercúrio, Vênus... JEOVÁ... Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão. 

Loucura no sangue

Que maravilha aquele texto fantástico de Caio Fernando Abreu, no conto “Eles”, do seu livro “O Ovo Apunhalado”...:

“Deixa que a loucura escorra em tuas veias. E quando te ferirem, deixa que o sangue jorre enlouquecendo também os que te feriram”.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Turma do Beco 3 – Décio e o Drácula (Parte 1)


      O Carlos Décio Mostaro era advogado e funcionário do Banco do Brasil. Havia um questionamento que intrigava os seus amigos: seria ele um bom bancário e péssimo advogado, ou um bom advogado e péssimo bancário?... O mais certo é que era um excelente humorista, um comediante nato, uma ótima companhia na bebida, nos papos descontraídos dos bares. Às vezes, para fazer uma brincadeira, não hesitava em colocar em risco uma amizade. Inteligente e criativo, com acentuado poder histriônico, tinha sempre uma piada nova a contar, sabendo interpretá-la como ninguém! Eu apreciava privar da sua presença, na certeza de momentos alegres e agradáveis.

      Conheço alguns casos a seu respeito. Aquele que considero o mais espetacular e magistral, ocorreu em Brasília, quando lá trabalhava, nos tempos de solteiro. Resolveu levar uma companhia feminina até o seu apartamento. Deixou a amiga na cozinha, que se dispôs a fazer uma limpeza e preparar alguma coisa para o jantar, como é do gosto de toda mulher. Ele se retirou para o quarto, avisando-a de que iria tomar um banho e trocar de roupa... e que ela ficasse à vontade. Premeditando dar-lhe um susto, ele retirou do guarda-roupa uma fantasia e passou a se fantasiar de... CONDE DRÁCULA. Com capa vermelha e fundo preto, calça e camisa negras, a rigor. Maquilou-se, implantou dois dentes sobressalentes nos cantos da boca, olhou-se no espelho e viu que estava bem caracterizado. O rosto, mais branco e cadavérico não poderia ficar.

      Assim fantasiado, dirigiu-se, a passos furtivos, até a porta da cozinha. Deu uma olhada. A convidada estava de costas, na pia, ocupada em lavar uma panela suja, sem suspeitar de nada. Ele esboçou um sorriso maligno, deu uns passos para trás, correu e pulou com estardalhaço dentro da cozinha, a capa esvoaçando, um gargalhar satânico a sair da garganta, dizendo em altos brados: - SANGUE!!!... EU QUERO SANGUE!!!... A pobre mulher levou um susto enorme!... Jogou a panela para cima, virou-se para o meu amigo, soltou um grito e... entrou em ESTADO DE CHOQUE... O Décio continuou com as suas encenações, reclamando sangue, rindo diabolicamente, fazendo a capa voar... até que percebeu que a infeliz, os olhos arregalados, numa posição ridícula, não fazia um movimento, parecendo uma estátua. Então, ele entendeu o que havia ocorrido. Desvencilhou-se da capa, tirou os dois dentes e começou a lhe falar normalmente, dizendo-lhe que era uma brincadeira, jogando água na cara para tirar a maquilagem branca, mostrando-lhe que era ele mesmo, o Décio, que se encontrava ali, e não o Conde Drácula.

      Ele teve um trabalho danado para fazê-la sair do estado de choque... para entrar numa CRISE DE CHORO. Deu-lhe água com açúcar, pediu mil desculpas pelo susto, até que ela finalmente conseguiu estancar as lágrimas... para passar a um ACESSO DE ÓDIO. A madame começou a xingá-lo de vários nomes feios, arremessando contra o meu amigo o que via pela frente... Ele se defendeu como pôde, deixando ela extravasar a raiva... Não na cozinha, mas na sala, que ficou de cabeça para baixo. Até que foi se acalmando, mas sem parar de falar um minuto, recriminando-o pelo que fizera, dizendo-lhe que nunca gostara de filmes de terror, que fora uma criança muito medrosa, etc., etc., etc. Enquanto isso, o Décio ia colocando no lugar as almofadas e outros objetos, ainda se desculpando. Um cheiro de queimado, vindo da cozinha, trouxe os dois à realidade. Ela voltou ao fogão, ordenando que ele fosse tomar um banho, limpar a cara e se livrar daquela fantasia. Obediente, seguiu suas ordens.

      Ao voltar à cozinha, a janta estava pronta. O clima era tenso entre os dois. Jantaram na copa, trocando algumas palavras, ela ainda ressentida, ele ainda vexado, mas sem falarem sobre o tragicômico incidente. Para ajudar a quebrar o gelo, ele propôs degustarem  uma garrafa de vinho branco. Tentando tranquilizá-la, passou a contar piadas. Os risos e gargalhadas a trouxeram ao estado normal. Deste, se passou a uma intimidade sensual, com abraços e beijos, até que os dois terminaram a noite na cama, fazendo amor. E pouco depois ela dormiu. Um sono só.

Pedofilia Capitalista

ESTA O SISTEMA APROVA E ENDOSSA

As putarias que o milionário Tio Patinhas incutia e ainda incute nas crianças!... Foi um dos maiores propagandistas do capitalismo no século XX.


A autoridade é injustificável

      “- A anarquia é a crença de que ninguém tem o direito de governar. Todas as filosofias políticas, do direito divino dos reis até o contrato social de Rousseau, tentam justificar a autoridade. Os anarquistas acreditam que todas essas teorias são um fracasso e, portanto, nenhuma forma de autoridade é legítima.
      - Em teoria, é irrefutável. Mas impossível de ser colocada em prática.
      - Você entende rápido. Na verdade, todos os anarquistas são contra o establishment, mas divergem bastante em suas visões de como a sociedade deveria funcionar.
      - E qual é a sua visão?
      - Ela já não é tão clara quanto antigamente. Cobrir a Casa Branca me fez enxergar a política de outra forma. Mas ainda acredito que a autoridade precisa ser justificada.”

      (“Queda de Gigantes”, Ken Follett, Primeiro Livro da Trilogia O Século, Editora Sextante Ltda., Rio de Janeiro, 2010, Página 852.)

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Cálice de fel

      O Joãozinho 30 fez aquele desfile fantástico em cima do LIXO. Gênio! Mas é exatamente isto, meus queridinhos e minhas queridinhas, o que somos: pura e simplesmente LIXO... REFUGO... DEJETO... Antes da internet tudo ficava escondido. Agora, não. Nas redes sociais, primeiro no Orkut e atualmente no Facebook, nós exteriorizamos despudoradamente todo o nosso VAZIO, todas as nossas MESQUINHARIAS, toda a nossa SUPERFICIALIDADE, todas as nossas DEFICIÊNCIAS. Um tremendo SHOW para quem possui um nível um pouco mais elevado de sabedoria e compreensão. Um espetáculo patético e ridículo. Tenho tentado de forma heroica e desesperada permanecer num patamar superior. Mas a MEDIOCRIDADE crassa de forma AVASSALADORA. Sinto-me como o demente Dom Quixote arremetendo contra moinhos de ventos gigantescos. Uma guerra irremediavelmente perdida. Um esforço totalmente nulo e inútil. Mas eu continuo, jamais desisto, não porque nutro alguma esperança de melhora, mas porque este posicionamento É A MINHA LIBERTAÇÃO deste planeta horrivelmente insano e maligno. Posso não possuir estofo de gênio, mas JAMAIS irei me rebaixar. O grupo que criei – Udigrudi Tupiniquim – é propositalmente amplo e aberto para dar oportunidades às mais variadas intervenções. Tenho tentado entender o que está acontecendo, mas não consigo. O Facebook é produto do Gênio do Mal, aliás, inteligentíssimo!!!... Nivelou por baixo todo o LIXO que somos, neste gigantismo absurdo. Tudo é proposital, nada é aleatório. E onde está a LUZ?!... Escondidinha e bruxuleante dentro de NÓS, quase a se extinguir. Este fenômeno virtual é uma experiência muito recente para que possamos compreender toda a sua extraordinária complexidade. E este marasmo apocalíptico está acontecendo com toda a humanidade e em todos os continentes. OH! PAI! AFASTA DE MIM ESTA TAÇA!... Para dar uma leve sugestão do que estou sentindo, aqui vai um poema e uma música.

Por que, ó Sagrado, sobre a minha vida
Derramaste o teu verbo?
Por que há de a minha partida
A coroa de espinhos da verdade [?]
Antes eu era sábio sem cuidados,
Ouvia, à tarde finda, entrar o gado
E o campo era solene e primitivo.
Hoje que da verdade sou o escravo
Só no meu ser tenho [,] de a ter [,] o travo,
Estou exilado aqui e morto vivo.

Maldito o dia em que pedi a ciência!
Mais maldito o que a deu porque me a deste!
Que é feito dessa minha inconsciência
Que a consciência, como um traje, veste?
Hoje sei quase tudo e fiquei triste...
Porque me deste o que pedi, ó Santo?
Sei a verdade, enfim, do Ser que existe.
Prouvera a Deus que eu não soubesse tanto!

Fernando Pessoa – 1932


Suporto os cravos daninhos,
bebo o fel desta agonia, 
dói a coroa de espinhos
na cruz da sabedoria.
(Marcos Nunes Filho)

Turma do Beco 2 – “Tristeza pé no chão”

      “Mister Eco” ficou famoso no Brasil quando foi jurado no Programa Flávio Cavalcante, da extinta TV Tupi, na década de 70. A dupla sertaneja Alvarenga e Ranchinho chegou a compor uma música satírica, usando o termo “eco” como deixa. Começava assim: Bom dia Mister Eco – Eco, eco, eco, eco... No último verso (“Tua bela moribunda”) o “eco” sumia. O professor e jornalista baiano Eustórgio Antônio de Carvalho Júnior adotou o pseudônimo de Mister Eco em 1939, ao tornar-se crítico de música popular. É ele mesmo que irá inquirir na TV o músico juiz-forano Armando Aguiar (Mamão) a respeito da música “Tristeza Pé no Chão”, passagem esta algumas vezes comentada pelo Roberto Medeiros, o verdadeiro autor da letra, como é sabido por todos os membros da Turma do Beco.
      Clara Nunes acabara de cantar o grande sucesso – “Tristeza pé no chão” – de Roberto Medeiros e Armando Aguiar, o “Mamão”. As palmas ainda não haviam cessado, quando Mister Eco pegou o microfone e perguntou se o autor da letra estava presente. “Mamão”, que fizera a música, se apresentou como o autor  da letra, embriagado que estava pelo sucesso.
      O jornalista recitou a primeira estrofe.

Dei um aperto de saudade no meu tamborim,
Molhei o pano da cuíca com as minhas lágrimas,
Dei meu tempo de espera para a marcação
E cantei
A minha vida na avenida sem empolgação.

      - Foi o senhor que fez este beleza de letra? - indagou Mister Eco.
      - Sim senhor - estufou o peito “Mamão”.
      - Que tipo de versos o senhor usou para  fazê-la ficar tão bonita?
      - Versos rimados, de minha inspiração. Fui fazendo e quando vi tava pronta. - Respondeu “Mamão”, tentando fazer-se autor da letra e da  música.
      Mais alguns minutos de conversa e o jornalista percebeu a insuficiência literária do autor da música.
      - Mentira! - bradou Mister Eco. - O senhor nunca teria condição de escrever uma beleza dessas. Quem fez é poeta e culto. Sabe elaborar. Usou um verso abstrato e um concreto em toda a melodia. Isso é dificílimo. O senhor não tem preparo para tanto.
      “Mamão”, sem  graça por ter sido apanhado, ainda tentou falar qualquer coisa mas o seu linguajar o denunciava, e, quanto mais falava, via-se que não tinha mesmo capacidade para elaborar uma construção tão difícil e perfeita.
      Lá em Juiz de Fora,  os que conheciam a história riam. O verdadeiro autor da letra, Roberto Medeiros, não pudera assinar a composição na época, por pertencer à comissão julgadora da Funalfa, que iria julgar o concurso de músicas feitas em Juiz de Fora. Se desse conhecimento de que era o autor da letra de “Tristeza pé no chão” e esta vencesse, poderia ser acusado de favorecimento.
      Sem favorecimento algum, a música venceu o concurso de Juiz de Fora e outros, tornando-se um dos maiores sucessos, na voz de Clara Nunes. E devemos reconhecer que a melodia é muito bonita.
      Diz o próprio Mamão:
      “No Brasil, houve mais de 30 gravações e, no exterior, umas dez. Foi gravada no Japão, foi interpretada pelo Zeca Baleiro, pela Alcione. ‘Tristeza pé no chão’ ficou 16 semanas nas paradas de sucesso. Passando em frente às lojas do Ponto Frio e da Mesbla, no centro do Rio de Janeiro, que vendiam aqueles aparelhos de som imensos, com caixas enormes, bonitas, percebi que em todas as lojas estava tocando ‘Tristeza pé no chão’. Tocava, terminava, e o cara punha de novo. Em frente às lojas havia pessoas ouvindo e pedindo para colocar novamente, e eu ali, no meio delas, pensando: ‘Se eu falar que a música é minha ou vou apanhar ou levar uma vaia que não tem tamanho’. Foi uma emoção muito forte ver as pessoas pedindo para ouvir minha música novamente.”
      No livro "História Recente da Música Popular Brasileira em Juiz de Fora (1945 a 1975)", Edição dos Autores, Juiz de Fora-MG, 1977, páginas 375-376, Mamão declara:
      "No começo daquele ano, eu estava sentindo que alguma coisa forte, marcante, me rondava a ideia. Frases, versos, trechos de melodia. Aos poucos, como é minha maneira, fui firmando pedaços. O refrão, me recordo, saiu no bar do Pythágoras, o Teorema. Mostrava aos amigos compositores alguns trechos para apreciação (Roberto Medeiros me deu muita 'pala' e mesmo criou versos: '...No surdo som da minha surda...' - que não saiu na gravação da Clara - e '...manchou o verde esperança da nossa bandeira...' - ele é Juventude Imperial doente -, entre outros) e debate dos seus mínimos detalhes."
      Mas esta questão de autoria e egos é irrelevante. O que importa é a beleza da música, que já pertence à galeria das melhores canções da MPB.

Anarquismo teórico e prático

“E, fazendo mais um de seus paradoxos, acrescentou: ‘O que existe de melhor no anarquismo é que ele jamais poderá deixar de ser uma teoria. Nisso está a sua beleza e a sua invulnerabilidade’.”

(“O Arquipélago”, Érico Veríssimo, Editora Globo, Porto Alegre, 1974, Tomo I, 4ª Impressão, Página 209.)

Ressalva: Existem atitudes anarquistas que podem ser perfeitamente vividas na prática, mesmo nesta sociedade altamente escravizante e repressora.

domingo, 22 de novembro de 2015

Revista “Víbora”, nº 1, março-maio 1981

Um dos casos mais famosos de abdução alienígena no Brasil ocorreu com o casal Hermínio e Bianca, em 12 de janeiro de 1976, em Matias Barbosa-MG, cidade próxima a Juiz de Fora.


A técnica de "saída da matéria" ensinada pelo extraterrestre Karran aos abduzidos não é tão extraordinária assim, posto que pertence ao conhecimento geral do ocultismo como sendo a Projeção do Corpo Astral






sábado, 21 de novembro de 2015

Turma do Beco 1 - Soninha Mão de Obra

Na época da antiga Turma do Beco, em Juiz de Fora, na década de 70, havia a Soninha Mão de Obra. Certa vez, estando ela numa praia do Rio de Janeiro, conheceu um inglês, o qual ficou doido com aquele mulherão!... Muito bem fornida de corpo, a Soninha fechava o comércio quando passava, como se costuma dizer. E o sujeito resolveu levá-la consigo para a Inglaterra. Residindo na casa do amante apaixonado, ela recebeu o desprezo das orgulhosas e preconceituosas inglesas suas parentes. Estas consideravam a brasileira como negra, mas estava apenas bronzeada do sol carioca. Aquela situação foi enervando a hóspede e não teve outro jeito: o sangue latino falou mais alto. Um dia, a Soninha desceu as escadas da residência e viu as mulheres na sala. Abriu o verbo: - Olhem aqui, suas inglesas horrorosas!... Eu não sou negra como vocês pensam... Sou tão branca como vocês... Ela virou-se de costas, levantou o vestido, abaixou a calcinha e mostrou a pele clara da bunda. E continuou: - Estou apenas queimada da praia do Rio... sol de praia... coisa que vocês não têm aqui neste país fodido... Por mais que o inglês fizesse, não conseguiu dissuadi-la a ficar na Inglaterra. E a Soninha voltou para o Brasil. Quando chegou no Bar do Beco, narrou a aventura para o pessoal. E concluía a sua história dizendo: - Agora vocês tenham cuidado ao tratar comigo, pois eu sou uma Lady, PORRA!!!...


Quando o Roberto Medeiros era assessor do Senador Itamar Franco em Brasília, certa vez a Soninha procurou-o no Senado e lhe disse: - Roberto, eu decidi ter um filho. Pensei em todos os amigos que tenho e decidi que você é o mais inteligente deles. É por isto que estou aqui. Vamos ter um filho perfeito, com a minha beleza e a sua inteligência. Ao se recobrar do susto, o Roberto falou, recordando-se de um fato idêntico ocorrido com Albert Einstein: - Eu fico muito lisonjeado com a sua escolha!... Mas, Soninha, você já pensou se esta criança nascer ao contrário, com a minha beleza e a sua inteligência?!... A Soninha não desistiu. Deu um trabalho enorme ao Roberto, por vários dias. Sendo o cavalheiro que era, ele conseguiu finalmente demovê-la do insano propósito e a Soninha voltou para Juiz de Fora, frustrada.

Pessoas como a Soninha Mão de Obra são o que existe de melhor na humanidade!...

"O Livro Verde" de Kadafi

Digitalizei ontem “O Livro Verde”, de Muammar Al Kadafi, ex-líder líbio deposto e assassinado. Recebi este livreto na década de 80 da Embaixada da Líbia em Brasília. Ele pode ser lido neste blog:


É composto de três partes: A Solução do Problema da Democracia; A Solução do Problema Econômico (Socialismo); A Base Social. A primeira é a mais importante e deve ser obrigatoriamente lida. Mostra que a Democracia moderna é apenas um disfarce da ditadura de partidos e governos sobre o povo. A autêntica Democracia é aquela em que o povo exerce diretamente o poder, sem nenhum intermediário parlamentar. Advoga a estruturação política da sociedade a partir de Comitês Populares de Base, culminando no Congresso Nacional do Povo. Esta “Terceira Teoria Universal” difere de tudo o que existe hoje em termos políticos. A Democracia, nos moldes em que é aplicada, se tornou um paradigma, um mito inquestionável. Mas a verdade é que o povo – iludido pela farsa do voto – não possui poder algum. Recomendo com veemência a leitura desta Primeira Parte, pelo menos. Não sei se estes Comitês e o Congresso populares eram aplicados na Líbia, ao tempo de Kadafi. Não importa. Apenas saber que a Democracia verdadeira não é isso que aí está, já é muito. Leiam, por favor. E não pensem que tal teoria é fascismo ou comunismo, pois não é. Mesmo porque, não encontrarão nada semelhante em lugar algum. Não deixem de ler!...

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A Alquimia do Amor - Rumi


Se não mais é possível a "Revolução Social", desde que a humanidade radicalizou-se à DIREITA, então nossa única esperança é a REVOLUÇÃO DO AMOR... Mas as chances deste AMOR atingir os corações de todos os Poderosos da Terra, vão de insignificantes a inexistentes. Somente um MILAGRE CÓSMICO dos Logos Planetários-Solares pode fender as armaduras de ferro nos peitos daqueles que DEGRADAM e ENVILECEM a raça humana terrestre.

Credo Revolucionário

“ – Creo en el Socialismo revolucionario Todopoderoso, hijo de la Justiça y de la Anarquia, que es y ha sido perseguido por todos los politicos burgueses, y nació en el seno de la Verdad, padeció bajo el poder de todos los Gobiernos, por los que ha sido maltratado y escarnecido y deportado, descendió a los lóbregos calabozos y de ellos ha venido a emancipar al proletariado y está sentado en el corazón de los asociados. Desde alli juzgará a todos seus enemigos. Creo en los grandes principios de la Anarquia, la Federación y el Colectivismo: creo en la Revolución social que ha de redimir a la Humanidad de todos los que la degradan y envilecen. Amén!”
(“O Retrato”, Érico Veríssimo, Editora Globo, Porto Alegre, 1978, Tomo I, 12ª Edição, Página 183.)

CREIO NA REVOLUÇÃO SOCIAL QUE HÁ DE REDIMIR A HUMANIDADE DE TODOS OS QUE A DEGRADAM E ENVILECEM... Magnífico!!!...

Eros e Tanatos

Na cena final do filme "A Última Mulher", de Marco Ferreri, um homem castra a si mesmo com uma faca elétrica. Os espectadores masculinos saem do cinema constrangidos. A emasculação é o castigo mais terrível para o homem. Eis uma lista de dez filmes sobre castração (faltou o filme sobre Abelardo). O japonês "Império dos Sentidos" eu assisti há muitos anos no Cine Pálace, em Juiz de Fora (lembro-me de que o ingresso era mais caro que os filmes normais). A perda do pênis ou do clitóris (neste último caso, vide o filme "Flor do Deserto", sobre a modelo somali Waris Dirie) (e mesmo do útero, assim como a infertilidade feminina) é uma espécie de morte em vida. O oposto disso tudo pode ser encontrado no livro do Dr. Jorge Adoum, "Do Sexo à Divindade".







quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Sabedoria e Liberdade são revolucionárias


O partido sem nome de Luiz Carlos Maciel

Texto do livro “Negócio Seguinte:”, Luiz Carlos Maciel, Editora Codecri, Rio de Janeiro, 1982, 2ª Edição, Páginas 243 a 247:

“Brindemos ao seguinte:

Dez anos de PASQUIM, abertura, anistia, redemocratização, etc. – tudo isso merece ser comemorado. Pensei em aproveitar o ensejo para apresentar algumas ideias para a formação de um novo partido político, adequado finalmente aos novos tempos que estamos vivendo. Quem não se sentir muito à vontade com os partidos que existem, que invente o seu – pensei, e foi o que fiz.


Para ser franco, já apresentei essas ideias pela televisão, para ser mais exato pela TV Tupi, numa entrevista feita por Glauber Rocha para o programa Abertura. Faço-o agora por escrito. O partido não tem nome, nem acho que isso seja importante. O que é um nome? – pergunta Shakespeare, em Romeu e Julieta. Um pé, um braço, etc.? Nada disso. Nomes não são coisas, mas signos. São bons para os especialistas em Semiologia. Não é o meu caso. Sou, como disse o Glauber, ‘um jovem político’.


O programa ou manifesto, do novo partido sem nome, está formulado em dez itens. São os seguintes:


I. QUEREMOS LIBERDADE. QUEREMOS QUE TODOS TENHAM O PODER DE DETERMINAR O SEU PRÓPRIO DESTINO.
Esta é a ideia básica. O principal defeito das presentes organizações sociais, sejam elas de qualquer tipo, é que não nos deixam viver como queremos. Tudo foi tão organizado – e, naturalmente, mal organizado – que já nascemos prisioneiros e os sistemas de controle são, cada vez mais, totalitários e asfixiantes. A isso chamam progresso. Não serve para nada, se você deixa de ser dono do seu nariz. Seria melhor que simplesmente nos deixassem em paz. Por isso, Malatesta pede ‘a abolição do governo e de qualquer poder que faça leis para lançá-las aos outros; portanto, abolição das monarquias, das repúblicas, dos parlamentos, dos exércitos, das polícias, das magistraturas e de toda e qualquer instituição dotada de meios de constranger e de punir’. Em outras palavras: deixem-nos respirar.


II. QUEREMOS JUSTIÇA. QUEREMOS O FIM DE QUALQUER REPRESSÃO POLÍTICA, CULTURAL E SEXUAL, SOBRE TODOS OS OPRIMIDOS DO MUNDO, ESPECIALMENTE A REPRESSÃO CONTRA AS MULHERES, OS NEGROS E TODAS AS MINORIAS.
Por todas as minorias, entenda-se o que está literalmente escrito, incluindo-se os índios, judeus, homossexuais e demais minorias eróticas, políticas ou religiosas. Nascer neste mundo nos dá o direito de ser o que Deus quis e fazer de nossa vida o que, com Sua Graça, quisermos. Nascemos livres para pensarmos o que bem ou mal entendermos, fazermos a arte e a cultura que quisermos, etc. Rejeitamos toda e qualquer racionalização que vise a justificação e consequente preservação de qualquer procedimento repressivo, em qualquer nível. A derrubada da opressão é a libertação dos oprimidos. Neste particular, não pode haver concessão a qualquer tipo de crueldade oficializada. Todos os seres vivos são irmãos.


III. QUEREMOS UMA TRANSFORMAÇÃO COMPLETA DO CHAMADO SISTEMA JURÍDICO, DE MANEIRA QUE AS LEIS, OS TRIBUNAIS E A POLÍCIA ATUEM UNICAMENTE EM FUNÇÃO DOS INTERESSES DE TODOS. QUEREMOS O FIM DE TODA E QUALQUER VIOLÊNCIA CONTRA O POVO.
Não tem graça nenhuma você ser um cidadão – isto é, um ser humano que vive em comunidade com seus semelhantes – e viver com medo da polícia e dos juízes. Jesus Cristo mandou que ninguém julgasse ninguém, para não ser julgado. Em nossa sociedade anticristã, porém, o que se observa é o oposto. Alguns homens delegaram a si próprios o direito de julgar, condenar e maltratar seus semelhantes – e, ainda por cima, dizem que isso é muito natural e, o que é o pior, muitos acreditam. Isso tudo é um absurdo evidente, uma doença, uma alucinação coletiva das mais sérias. O ideal, naturalmente, é que não existam leis, nem tribunais, nem polícia. Mas enquanto esse ideal não é possível, é preciso exigir, pelo menos, que essas leis, tribunais e polícia se comportem com um mínimo de decência – e não da maneira escandalosa, imoral, como acontece agora.


IV – QUEREMOS UMA ECONOMIA MUNDIAL LIVRE, BASEADA NA TROCA DE ENERGIA E MATERIAIS – E O FIM DO DINHEIRO.
O dinheiro – ‘a culpa materializada da Humanidade’, segundo Norman O. Brown – é a origem concreta de, pelo menos, noventa por cento de todos os nossos males e problemas, de ordem econômica, social, psicológica, existencial, espiritual, etc. É espantoso que depois dos séculos ensanguentados e tenebrosos, durante os quais o vil metal reinou absoluto, ainda tenhamos saúde para aturá-lo. A primeira providência de uma revolução planetária, realmente libertadora, tem de ser a abolição do dinheiro, pura e simplesmente. Precisamos estabelecer um novo sistema de trocas, pois o vigente criou um fetiche demasiado monstruoso para ser suportado. O dinheiro não traz a felicidade, meninos: será que vocês todos ainda não perceberam isso?


V. QUEREMOS UM SISTEMA EDUCACIONAL LIVRE QUE ENSINE A TODOS OS HOMENS, MULHERES E CRIANÇAS DA TERRA EXATAMENTE O QUE TODOS NÓS DEVEMOS SABER PARA SOBREVIVER E CRESCER COM TODO O POTENCIAL DE SER HUMANO.
O que nossas escolas fazem é uma monstruosidade sem limites. Em primeiro lugar, não ensinam nada do que, desde crianças, deveríamos aprender: caçar, pescar, plantar, cozinhar, fazer casas, fazer roupas, curar doenças, etc. Nada: nossas necessidades básicas de sobrevivência são deixadas por conta de uma sociedade reconhecidamente injusta e desumana. O que a escola ensina é a submissão passiva, conformada, sem contestações, a essa sociedade, através de uma diabólica lavagem cerebral que começa na mais tenra infância e se estende poderosamente até a universidade. Além de não nos ensinar a sobreviver, a escola nos impede de crescer, como seres humanos, agindo com determinação no sentido de reduzir cada um de nós a mera unidade de rebanho humano.


VI. QUEREMOS LIBERTAR TODAS AS ESTRUTURAS DO DOMÍNIO DAS GRANDES COMPANHIAS E TRANSFERIR TODOS OS EDIFÍCIOS E TODA TERRA PARA O POVO.
Essas companhias podem ser privadas ou estatais, nacionais ou multi, tanto faz. Elas não representam o povo e são, na verdade, suas inimigas. Cito mais uma vez Malatesta que pede ‘a abolição da propriedade capitalista ou estatista, da terra, das matérias-primas e dos instrumentos de trabalho, para que ninguém tenha meios de viver explorando o trabalho dos outros, e que todos, assegurados os meios de produzir e de viver, sejam verdadeiramente independentes e possam associar-se livremente uns com os outros, no interesse comum e de conformidade com as simpatias pessoais’. A terra e tudo que é produzido a partir dela – isto é, simplesmente TUDO, nada menos – pertence ao povo.


VII. QUEREMOS UM PLANETA LIMPO. QUEREMOS UM POVO SÃO.
Isto é: saneamento ecológico, em todos os níveis. Queremos o fim da poluição, seja ela química, atômica ou espiritual. A defesa da saúde, tanto do planeta como um todo, quanto de cada corpo vivo em particular, é um dever religioso, pois o planeta e o corpo são templos de Deus.


VIII. QUEREMOS ACESSO LIVRE A TODAS AS INFORMAÇÕES, A TODOS OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A TODA TECNOLOGIA.
Queremos a abolição total e definitiva da censura, não só da oficial, mas de todas as censuras, exercidas pelos donos do poder econômico e, em consequência, dos veículos de comunicação de massa. Queremos, ao mesmo tempo, saber o que está acontecendo e ter meios de expressar e comunicar o nosso próprio pensamento. Queremos arrancar as mordaças. Queremos deixar de ser meros objetos de manipulação para ser sujeitos de nosso próprio destino.


IX. QUEREMOS A LIBERDADE DE TODOS OS PRISIONEIROS MANTIDOS INJUSTAMENTE NAS PRISÕES E ESTABELECIMENTOS PENITENCIÁRIOS. QUEREMOS QUE TODOS OS PERSEGUIDOS SEJAM DEVOLVIDOS À COMUNIDADE.
A anistia necessária deve ser, de fato, ampla, geral e irrestrita – e não só para os prisioneiros políticos, mas para todos os prisioneiros, porque os piores criminosos estão soltos, abençoados pelo Sistema e cobertos de ouro. A mais elementar Justiça exige, diante dessa situação concreta, que se abram os portões das prisões e que nossos semelhantes encarcerados sejam devolvidos à luz do sol. Uma sociedade injusta, estúpida e doente, como a nossa, não tem o menor direito de manter presos alguns de seus membros. E muito menos o de torturá-los e matá-los, como acontece.


X. QUEREMOS UM PLANETA LIVRE, UMA TERRA LIVRE, COMIDA, TETO, ROUPAS PARA TODOS. QUEREMOS UMA ARTE LIVRE, CULTURA LIVRE, MEIOS DE COMUNICAÇÃO LIVRES, TECNOLOGIA, EDUCAÇÃO, ASSISTÊNCIA MÉDICA PARA TODOS. CORPOS LIVRES. PESSOAS LIVRES. TEMPO E ESPAÇO – LIVRES. TUDO LIVRE. PARA TODOS.
Tenho dito.”

Autodidata caótico

Eu possuo apenas o ensino médio incompleto e nenhum curso superior ou mesmo técnico. Sou, portanto, um autodidata. A minha formação intelectual é ampla mas carece de uma estrutura que só um estudo acadêmico pode fornecer, em cada área específica. Arte, literatura, política, espiritualismo, militância social e outros interesses se misturaram ao longo de minha vida de forma meio caótica. Mas eu sempre priorizei a vida em si, as experiências pessoais e os contatos sociais, adquirindo uma razoável sabedoria prática. Esta carência de formação universitária jamais me incomodou, dela não tendo nenhum complexo. Até foi melhor assim. O meu espírito é amplo. Tudo me atrai e me interesso por um grande leque de assuntos. Como disse Lazarus Long, (“Amor Sem Limites”, de Robert A. Heinlein), a especialização é para os insetos. E o meu nível de consciência revolucionário está acima e além das viseiras racionalistas inerentes às instituições universitárias, aos seus clichês, aos cacoetes de sua terminologia. Detesto tudo o que restringe, tudo o que é clichê. A liberdade de pensamento para mim é sagrada. Não fui feito para amoldar-me a regras e currículos. Graças a Deus!!!...

A Marcinha e o padre

Em Juiz de Fora, no início da década de 80, eu conhecia uma garota, a Marcinha. Ela era linda, mas estava entregue às drogas e ao álcool. Ouvi dizer que certa vez ela entrou muito doida numa igreja de uma cidade vizinha, em plena missa. Foi andando pelo corredor central e parou diante do altar. Os féis presentes ficaram admirados com aquela inusitada interrupção. A admiração se transformou em escândalo quando a Marcinha pediu ao padre que a beijasse. O sacerdote, embasbacado, tentou contornar a situação. Mas a garota queria ser beijada na boca. Fazia questão. O barraco estava feito. Foram obrigados a retirar a Marcinha à força do templo. Ela decidiu entrar na primeira igreja que viu. O fato se deu em Bicas e ela nunca tinha visto o padre antes.

Esta cena revela o gigantesco distanciamento do cristianismo com a humanidade comum, como já foi dito antes: “o cristianismo é um insulto ao homem natural”.

Se há governo, sou contra

“- Claro, hombre, coño! – Me gusta la lucha. Soy como aquel paisano que, cuando llegava a un país extranjero, perguntaba: ‘Hay gobierno? Se hay, soy contra!’ ”

(“O Retrato”, Érico Veríssimo, Editora Globo, Porto Alegre, 1978, Tomo I, 12ª Edição, Página 181.)

Vampíro e Nero

Em 1978-79, em Juiz de Fora, eu e o amigo Elpídio nos encontrávamos certa noite na casa de nossa amiga Regina, na parte alta da Av. Perry, no centro da cidade. Estávamos nos preparando para ir a uma festa a fantasia na casa do João, no bairro São Pedro. Quando o Elpídio começou a se fantasiar, eu lhe falei, espantado: - Nós vamos sair na rua de fantasia? Ele disse: - É claro! Algum problema?!... Tive de me resignar. Ele se fantasiou de vampiro (e ficou ótimo!), e me colocou uma toga de Nero... Quando estávamos prontos, para criar coragem, emborquei goela abaixo, de uma vez, um copo quase cheio de uísque e saímos para as ruas, em direção ao Parque Halfeld, para pegar um táxi. Ao passarmos em frente à Câmara Municipal, fomos apupados e vaiados. A turma falava: - Onde é o baile de carnaval?!... Eu já estava meio zonzo e não liguei para a gozação. O motorista de táxi confidenciou-nos que havia saído da cadeia no dia anterior. Virei-me para o Elpídio: - Esta noite promete!... Quanto à festa propriamente dita, não me lembro de nada, pois foram muitas nesta época. Esta fase da minha vida (1976-1981) foi extremamente importante para formar a minha personalidade revolucionária. Obrigado, Elpídio!...

Expulso de bares

Certa vez, em Juiz de Fora, eu entrei num barzinho que havia na Avenida Independência, perto do Jesuítas, e pedi uma cerveja. O dono do local estava comemorando o aniversário de quinze anos da filha. Eu comecei a resmungar e depois a falar mais alto: - Que caretice!... Esta besteira burguesa!... Quanta baboseira!... E coisas deste jaez. Não demorou muito, o sujeito ficou enfezado com minha irada performance, pegou-me pela camisa e me jogou no passeio, da mesma forma como eram jogados os bêbados para fora dos saloons do faroeste, onde caí com a bolsa, mas sem me machucar. A minha visão de mundo é visceralmente revolucionária. Não é à toa que o meu Urano natal está em conjunção exata com o Ascendente em nove graus de Câncer. Nasci assim e vou morrer assim.


SABEDORIA

Marcos Nunes Filho

Eu venho das eras priscas
trago no peito as essências
tenho em minha alma carícias
sei de todas as ciências
muito mais das agonias
estou pleno de potências
no meu ser provo delícias
conheço todas as ânsias
alma velha desde o início
eu vivo a fim da substância
sou vampiro sem resquícios
desta abissal decadência
no sangue da fantasia
nas artérias da inocência
poeta expulso dos bares
por medo dos seus esgares
mando tudo para os ares
e abraço a grande anarquia
a projetar a utopia
que me fará DEUS um dia!...