Ontem à noite, na praça do centro da
cidade, havia uma “fera” à solta: um rapaz, “turbinado” pelo crack. A sua
violência é uma espécie de anarquismo às avessas. Lembrei-me do conto “O
Cobrador”, do Rubem Fonseca. Vi, fascinado, ele rasgar cartazes e jogar lixo no
asfalto. É lamentável constatar que os únicos “revolucionários” que sobraram
são os viciados e bandidos. Poderíamos dizer, como o Lennon, que “o sonho
acabou”. Os poderosos deste mundo conseguiram alinhá-lo totalmente à DIREITA. O
massacre conservador e ortodoxo continuará em escala mundial e daqui a um
tempo ninguém mais se lembrará de que existiu anarquismo, socialismo,
revolução, fascismo, nazismo, integralismo. É O FIM, Senhoras e Senhores. E
viva o capitalismo, a democracia, o cristianismo e todo este LIXO do “Grande
Sistema”. Tive de ficar quietinho, quase sem respirar, pois senão aquele “guerrilheiro”
de ontem poderia voltar-se contra a minha pessoa, e ele quase se encostou em
mim, ao arrancar o aviso de plantões na porta fechada de uma farmácia. Mas, no
fundo, senti vontade de BATER PALMAS! A despeito de todo o seu inferno
interior. E não acabamos reféns deste INFERNO EXTERIOR?! Não há nenhuma
diferença. Ele, pelo menos, estava mostrando, às claras, o que realmente é.
Nós, não, dissimulamos as nossas “feras” sob uma frágil capa de “civilização”. Matrix
= Jaula.
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