quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Expulso de bares

Certa vez, em Juiz de Fora, eu entrei num barzinho que havia na Avenida Independência, perto do Jesuítas, e pedi uma cerveja. O dono do local estava comemorando o aniversário de quinze anos da filha. Eu comecei a resmungar e depois a falar mais alto: - Que caretice!... Esta besteira burguesa!... Quanta baboseira!... E coisas deste jaez. Não demorou muito, o sujeito ficou enfezado com minha irada performance, pegou-me pela camisa e me jogou no passeio, da mesma forma como eram jogados os bêbados para fora dos saloons do faroeste, onde caí com a bolsa, mas sem me machucar. A minha visão de mundo é visceralmente revolucionária. Não é à toa que o meu Urano natal está em conjunção exata com o Ascendente em nove graus de Câncer. Nasci assim e vou morrer assim.


SABEDORIA

Marcos Nunes Filho

Eu venho das eras priscas
trago no peito as essências
tenho em minha alma carícias
sei de todas as ciências
muito mais das agonias
estou pleno de potências
no meu ser provo delícias
conheço todas as ânsias
alma velha desde o início
eu vivo a fim da substância
sou vampiro sem resquícios
desta abissal decadência
no sangue da fantasia
nas artérias da inocência
poeta expulso dos bares
por medo dos seus esgares
mando tudo para os ares
e abraço a grande anarquia
a projetar a utopia
que me fará DEUS um dia!...

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