Certa vez, em Juiz de Fora, eu entrei num barzinho que havia na Avenida
Independência, perto do Jesuítas, e pedi uma cerveja. O dono do local
estava comemorando o aniversário de quinze anos da filha. Eu comecei a
resmungar e depois a falar mais alto: - Que caretice!... Esta besteira
burguesa!... Quanta baboseira!... E coisas deste jaez. Não demorou
muito, o sujeito ficou enfezado com minha irada performance, pegou-me
pela camisa e me jogou no passeio, da mesma forma como eram jogados os
bêbados para fora dos saloons do faroeste, onde caí com a bolsa, mas sem
me machucar. A minha visão de mundo é visceralmente revolucionária. Não
é à toa que o meu Urano natal está em conjunção exata com o Ascendente
em nove graus de Câncer. Nasci assim e vou morrer assim.
SABEDORIA
Marcos Nunes Filho
Eu venho das
eras priscas
trago no
peito as essências
tenho em
minha alma carícias
sei de todas
as ciências
muito mais
das agonias
estou pleno
de potências
no meu ser
provo delícias
conheço todas
as ânsias
alma velha
desde o início
eu vivo a fim
da substância
sou vampiro
sem resquícios
desta abissal
decadência
no sangue da
fantasia
nas artérias
da inocência
poeta expulso
dos bares
por medo dos
seus esgares
mando tudo
para os ares
e abraço a
grande anarquia
a projetar a
utopia
que me fará
DEUS um dia!...
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