“A primeira vez que ouvi dona Carolina empregar a palavra anarquia
para designar desordem, fiquei chocada. Será possível? Será que ela está
se referindo a mim?
Ao chegar em casa, nesse dia, relatei o
acontecido à mamãe. Ao contrário do que eu esperava, mamãe não se
indignou, riu da minha ingenuidade, explicou-me então que a maioria das
pessoas pensava assim, usando a palavra anarquia naquele sentido, nada
sabendo sobre a verdade do anarquismo. Se a maioria soubesse – suspirava
–, se entendesse, não haveria mais problemas no mundo. O difícil, o
mais difícil de tudo era explicar, fazer as pessoas compreenderem a
coisa mais primária, mais simples: ‘o povo unido pode mover o mundo...
mas não existe união, não existe compreensão, a ignorância domina...’
Mamãe sonhava:
- Quanto mais belo seria o mundo se fosse abolido o poder do
dinheiro, minha filha! Um mundo em que todos pudessem se educar. Em que
não existissem misérias (eu pensei em Maria Negra)! Um mundo sem armas,
sem guerras. Em que existisse apenas amor!”(“Anarquistas, Graças a Deus”, Zélia Gattai, Editora Record, Rio de Janeiro, 2001, 33ª Edição, Página 190.)
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