quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A utopia de Zélia Gattai

      “A primeira vez que ouvi dona Carolina empregar a palavra anarquia para designar desordem, fiquei chocada. Será possível? Será que ela está se referindo a mim?
      Ao chegar em casa, nesse dia, relatei o acontecido à mamãe. Ao contrário do que eu esperava, mamãe não se indignou, riu da minha ingenuidade, explicou-me então que a maioria das pessoas pensava assim, usando a palavra anarquia naquele sentido, nada sabendo sobre a verdade do anarquismo. Se a maioria soubesse – suspirava –, se entendesse, não haveria mais problemas no mundo. O difícil, o mais difícil de tudo era explicar, fazer as pessoas compreenderem a coisa mais primária, mais simples: ‘o povo unido pode mover o mundo... mas não existe união, não existe compreensão, a ignorância domina...’
      Mamãe sonhava:
      - Quanto mais belo seria o mundo se fosse abolido o poder do dinheiro, minha filha! Um mundo em que todos pudessem se educar. Em que não existissem misérias (eu pensei em Maria Negra)! Um mundo sem armas, sem guerras. Em que existisse apenas amor!”
      (“Anarquistas, Graças a Deus”, Zélia Gattai, Editora Record, Rio de Janeiro, 2001, 33ª Edição, Página 190.)

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