"As Aventuras do Bom Soldado
Svejk", de Jaroslav Hasek.
Resenha da Editora Objetiva.
Escrito pouco depois da Primeira Guerra
Mundial, na qual o autor lutou, ´As aventuras do bom soldado Svejk´ narra a
história do anti-herói Josef Svejk, soldado tcheco com incrível e hilariante
capacidade de se meter nas piores confusões. Personagem ambíguo, entre o tolo e
o dissimulado, ele se envolve em inúmeras e impagáveis trapalhadas que, no
entanto, não decorrem apenas de sua sagaz ingenuidade ou desastrada esperteza.
O mundo de Svejk é extremamente cruel; ruma para a destruição, apesar da
aparente hilaridade que cerca a ele e seus inconstantes companheiros.
Ambientada nos anos iniciais da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a
narrativa acompanha a labiríntica trajetória desse militar do Exército
austro-húngaro, que já nas primeiras páginas é preso por ´alta traição´ e, logo
em seguida, declarado demente por uma junta médica. Internado num manicômio, de
onde é expulso, alista-se para combater no grande conflito global. Acaba
relegado à ordenança de um capelão mulherengo, perdulário e alcoólatra, que o
´vende´ no jogo de cartas a um tenente. Os incontáveis episódios e contratempos
fazem da leitura de ´As aventuras do bom soldado Svejk´, em edição traduzida
diretamente do tcheco, uma experiência ímpar. Longe de ser mero ´testemunho´ da
barbárie, o romance de Jaroslav Hasek usa a comicidade para refletir sobre o
absurdo da guerra e dos regimes antidemocráticos. Ao encarar esse mundo como
objeto de ficção, o riso talvez não tenha sido apenas uma escolha de Jaroslav
Hasek, mas a única forma de expressar uma visão implacável da humanidade.
Caudalosa e inacabada, a obra é sobretudo uma incômoda certeza de que para a
humanidade não resta qualquer salvação.
No Brasil, o escritor CULT Campos de
Carvalho, na sua novela "A Vaca de Nariz Sutil", criou um personagem
semelhante ao soldado Svejk. Lembro da cena daquele ex-combatente
masturbando-se na trincheira num buraco feito no chão, numa relação
"incestuosa" com a MÃE Terra. Aliás, sobre este tema-tabu, alguém já
disse que a iniciação sexual feminina é tão importante que deveria ser um
encargo do PAI.
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