O canal i-Sat apresentou um documentário
sobre o artista plástico suíço Roman Signer, com suas instalações e happenings
em ambientes exteriores não convencionais. Porém, desisti de ver ao observar no
Google Imagens a sua obra, de uma aridez intelectual insuportável, como, aliás,
é grande parte da chamada Arte Moderna. E lembrei-me de algo acontecido em Juiz
de Fora mais ou menos em 1980. Num salão do SENAC, na Av. Rio Branco, houve uma
exposição de artes plásticas patrocinada por uma daquelas entidades
político-culturais de que fazia parte na época, talvez o Unibairros. Resolvi
participar com um objeto. (No final da década de 70 tinha feito algumas
colagens.) No dia da inauguração, de tarde, fui ao centro da cidade com o meu
velho amigo Eduardo Miranda e compramos um garrafão de 5 litros de cachaça, mais
uma garrafa de mel. Pegamos um táxi para a minha casa e lá misturamos os dois
líquidos. Quando anoiteceu, fomos até o local do evento, ele com o precioso
néctar, eu com a minha obra. Fiz o seguinte. Consegui uma urna transparente, de
vidro, e a forrei internamente com um tecido roxo, a cor da morte. Dentro da
urna instalei o grosso volume da “História da Filosofia”, do Padovani. Na capa,
em cima da testa de Platão, coloquei uma pequena e antiga moeda, simbolizando
tudo o que é velharia. Por cima da tampa da urna, colei um papel com a seguinte
frase, datilografada: “Ó pequenina flor! Se eu conhecesse o seu segredo último,
conheceria o segredo último de todo o Universo”. Foi retirada de um pequeno
livro esotérico do qual não mais me recordo o nome e o autor. Esta concepção
místico-monista anula todo o racionalismo filosófico ocidental. Eu chamo a
Filosofia de FILOSOFIAÇÃO. Aliás, acredito que este tipo de aberração mental
existe apenas aqui em nosso planeta, inexistindo em mundos alienígenas
superiores tal excrescência intelectual. Mas, voltando à vaca fria, durante a
exposição a pinga com mel foi consumida generosamente. Lembro-me de estar presente
o velho guerreiro Décio Lopes. Um sujeito gostou tanto de meu objeto
anti-filosófico que tomou a liberdade de colocar dentro da urna uma barata
morta. Terminada a exposição, fui com o Eduardo e alguns amigos até o extinto
Bar Esperança, na esquina da Rio Branco com Oswaldo Aranha, reduto de
esquerdistas, sem esquecer, é claro, de levar o garrafão. Por lá ele ficou. Do
resto não me lembro. Que tempos maravilhosos foram aqueles!!!...
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