sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

FilosoFIAÇÃO

Este texto é de 9-3-2012:


      O canal i-Sat apresentou um documentário sobre o artista plástico suíço Roman Signer, com suas instalações e happenings em ambientes exteriores não convencionais. Porém, desisti de ver ao observar no Google Imagens a sua obra, de uma aridez intelectual insuportável, como, aliás, é grande parte da chamada Arte Moderna. E lembrei-me de algo acontecido em Juiz de Fora mais ou menos em 1980. Num salão do SENAC, na Av. Rio Branco, houve uma exposição de artes plásticas patrocinada por uma daquelas entidades político-culturais de que fazia parte na época, talvez o Unibairros. Resolvi participar com um objeto. (No final da década de 70 tinha feito algumas colagens.) No dia da inauguração, de tarde, fui ao centro da cidade com o meu velho amigo Eduardo Miranda e compramos um garrafão de 5 litros de cachaça, mais uma garrafa de mel. Pegamos um táxi para a minha casa e lá misturamos os dois líquidos. Quando anoiteceu, fomos até o local do evento, ele com o precioso néctar, eu com a minha obra. Fiz o seguinte. Consegui uma urna transparente, de vidro, e a forrei internamente com um tecido roxo, a cor da morte. Dentro da urna instalei o grosso volume da “História da Filosofia”, do Padovani. Na capa, em cima da testa de Platão, coloquei uma pequena e antiga moeda, simbolizando tudo o que é velharia. Por cima da tampa da urna, colei um papel com a seguinte frase, datilografada: “Ó pequenina flor! Se eu conhecesse o seu segredo último, conheceria o segredo último de todo o Universo”. Foi retirada de um pequeno livro esotérico do qual não mais me recordo o nome e o autor. Esta concepção místico-monista anula todo o racionalismo filosófico ocidental. Eu chamo a Filosofia de FILOSOFIAÇÃO. Aliás, acredito que este tipo de aberração mental existe apenas aqui em nosso planeta, inexistindo em mundos alienígenas superiores tal excrescência intelectual. Mas, voltando à vaca fria, durante a exposição a pinga com mel foi consumida generosamente. Lembro-me de estar presente o velho guerreiro Décio Lopes. Um sujeito gostou tanto de meu objeto anti-filosófico que tomou a liberdade de colocar dentro da urna uma barata morta. Terminada a exposição, fui com o Eduardo e alguns amigos até o extinto Bar Esperança, na esquina da Rio Branco com Oswaldo Aranha, reduto de esquerdistas, sem esquecer, é claro, de levar o garrafão. Por lá ele ficou. Do resto não me lembro. Que tempos maravilhosos foram aqueles!!!...

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