Daltemar Cavalcanti Lima nasceu no Rio de
Janeiro, onde exerceu a profissão de radialista e jornalista. Por volta de 1968
resolveu radicar-se em Juiz de Fora. Quando ficou conhecendo a Turma do Beco e
outros intelectuais e artistas, começou a frequentar a roda boêmia. O Roberto
perguntou o que ele fazia. Com aquele seu sorriso sincero e cativante, ele
respondeu: - Eu sou frasista... faço frases... Provavelmente, devido a jingles
publicitários. É dele este primor de propaganda: - Calcinhas Delone: não é a
melhor coisa do mundo, mas está bem perto.
Com o tempo, Lima foi conquistando a
amizade de muita gente, principalmente do Prefeito Itamar Franco. Vivendo de
modo precário, médicos e empresários bancavam a sua sobrevivência física. Uma
extraordinária figura humana, conquistava a todos com a sua maneira simples e
despojada de ser. O negócio dele era a vida noturna intelectual.
Um dia, ele perguntou ao Roberto:
- O que é que eu faço para também ser
poeta?!...
Respondeu o “Bob”, mais de brincadeira:
- Bom... você faz frases... é só juntar
as frases que dá um poema...
O Lima levou a sugestão a sério e começou
a aparecer nas mesas de bares com alguns poemas. Todo mundo passou a gostar de
seus versos e a incentivá-lo. Editou dois (ou três) livros, um deles prefaciado
pelo Itamar.
Entretanto, às vezes ele exagerava um
pouco na bebida, causando-lhe alguns problemas de saúde. Como tinha amizade com
vários médicos da Santa Casa, os quais preocupavam-se com seus excessos, era
com frequência advertido pelos doutores. Para fugir de ambulâncias, as quais
saíam à noite para procurá-lo, ele se refugiava nas várias galerias da rua
Halfeld, onde naturalmente elas não poderiam entrar.
Uma vez, estando em Belo Horizonte, ele
pegou um táxi e foi até Juiz de Fora. Ao chegar, disse ao motorista que iria
apanhar o dinheiro da longa corrida com alguns amigos num bar. O taxista foi
atrás dele, com medo de que sumisse. Ao chegar no Bar do Beco, o Lima contou o
seu problema e pediu aos presentes que fizessem uma vaquinha. Porém, ninguém
quis contribuir com dinheiro algum. E a situação ficou num impasse. O taxista,
apesar de preocupado com um provável prejuízo financeiro, acabou sentando-se na
mesa, acompanhando a todos na bebida. Ao deparar-se com um ambiente artístico e
musical, com samba ao vivo, muita alegria e descontração, ele foi relaxando e
passou a noite num hotel. No dia seguinte, voltou a encontrar-se com o Lima e a
Turma, desta vez quase se esquecendo da corrida não paga. Resultado: quando os
amigos do Lima se quotizaram para saldar a dívida, o motorista já havia sido
conquistado e relutantemente voltou a Belo Horizonte.
O Lima aparece neste vídeo aos 2m05s:
O Lima aparece neste vídeo aos 2m05s:
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