segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Turma do Beco 8 – Outros casos do Décio


      Certa vez o Décio chegou em casa bêbado e a sua esposa, penalizada, foi logo dizendo:
      - Senta aí no sofá, meu bem, que rápido faço um cafezinho forte pra você ficar bom.
      Décio, homem sábio, na hora retrucou, pronunciando com dificuldade as palavras:
      - Quê isso, mulher!... Eu gasto um dinheirão pra ficar ruim... e você quer me dar um cafezinho pra eu ficar bom?!...
      Houve uma fase em que ele acompanhava o Roberto Medeiros nas noitadas pelos bares e quando chegava a hora de pagar a conta era o Décio quem preenchia o cheque, e o Roberto só assinava. Acontece que, como era um gozador nato, aquele escrevia no canhoto: televisão, geladeira, etc. Uma vez, a mulher do Roberto leu estes canhotos e armou a maior briga com o marido. E o Roberto sem saber de nada. Aí descobriu as brincadeiras do amigo. Foi um custo para convencê-la de que era apenas uma pilhéria do companheiro boêmio.
      Esta eu testemunhei. Caminhava ao lado do Décio no Calçadão da rua Halfeld, em Juiz de Fora. Encontramos então o João Meggiolaro, o qual se encontrava muito doente. O Roberto falecera recentemente. Virou-se o Décio para o João:
      - Foi muito bom te encontrar, João, pois eu tenho um recado para o Roberto Medeiros e gostaria que você o passasse para mim...
      O velho amigo deu uma boa risada.
      Certa época o Décio compôs uma musiquinha, da qual me lembro deste trecho:
Velho....
ela me chamou de velho...
eu fui correndo pro espélho
esta mentira confirmar...
Velho...
ela me chamou de velho...
e eu respondo, varonil,
velho é a puta que pariu...
      Às vezes ele terminava com: - Velho é a pinga do barril...
      Foi um grande amigo, o Décio. Deve estar aprontando das suas lá no “céu”... Guardo algumas de suas frases na memória:
      - Mulher não enlouquece, piora.
      - Quando a mulher diz NÃO é TALVEZ; quando diz TALVEZ, é SIM; e quando diz SIM, é porque está LOUCA.
      - Há que se envelhecer, porém, com indignidade.
      O Décio dizia que o homem casado, pelo menos uma vez por ano, tem de dar uma de maluco, jogar televisão pela janela, pintar o sete. Assim, a esposa apanha mais respeito do marido e diz: - Ele é doido!... Não posso com ele!...
      Quando não havia carne para o almoço, o Décio pedia para a mulher dele bater assim mesmo a faca na tábua de cortar bife, para os vizinhos não começarem a pensar que eles estavam em dificuldades financeiras.
      Este era o meu amigo!!!...

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