O Vieira era uma espécie de guarda-costas
do Roberto. Um dia, caminhando os dois pela rua São João, um ciclista passou em
velocidade e deu um encontrão no Roberto, quase o derrubando no chão. O veículo
de duas rodas chegou a cair no asfalto, junto com seu ocupante. O atropelado
começou a xingar o sujeito. Quando este se levantou, revelou-se uma jamanta de
um homem de cor de quase dois metros de altura. O Vieira, que tinha uma grande
fama na cidade devida à sua força e coragem, era capaz de enfrentar até um leão
numa briga. Aliás, conta-se que uma vez ele nocauteou um doberman com um soco. O
“guarda-costa” não se intimidou com o tamanho do indivíduo. Calmamente, pegou a
bicicleta e a ENTORTOU. Quando o cara viu aquilo, saiu correndo... mesmo
porque, o Vieira havia destruído o seu meio de locomoção.
Era muito comentada em Juiz de Fora a
semelhança física entre o Roberto Medeiros e o Vinicius de Moraes. Semelhança
esta que também se estendia à vida boêmia que os dois levavam. Em meados da
década de 70, houve um Festival de Música em Belo Horizonte. Roberto e outros
amigos concorreram com uma composição. Em lá estando, os jornalistas da capital
ficaram curiosos com o juizforado, e passaram a desconfiar de que pudesse ser o
famoso “poetinha” carioca. Nesta ocasião, Vinícius havia retornado de seu
exílio voluntário na Europa. Os repórteres aproximaram-se do Roberto e
perguntaram se ele era o Vinicius. Obtiveram uma resposta rimada:
- Se eu tivesse muitos vícios... o meu
nome poderia ser Vinicius... E se eles fossem todos imorais... eu seria o
Vinicius de Morais...
Os jornalistas falaram:
- É ele... É o Vinicius...
Entretanto, quando o Roberto teve de
subir ao palco para receber um prêmio, sendo anunciado como Roberto Medeiros,
de Juiz de Fora, aconteceu aquela vaia... Muita gente gritou:
- Vinicius do brejo!...
A turma de Juiz de Fora saiu de fininho.
Quando o Itamar Franco assumiu a
Presidência da República, no final de 1992, alguns amigos de Juiz de Fora
acompanharam o Roberto Medeiros até Brasília. A primeira coisa que este fez, ao
entrar no Palácio do Planalto, foi procurar os banheiros para urinar nas pias.
Foi um gesto de desagravo por todos os anos de Ditadura Militar, contra a qual
ele lutou em várias frentes. E o Décio, com o seu inextinguível humor, fez
questão de se vestir da forma mais jeca possível, parecendo mais um matuto
mineiro.
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