sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Turma do Beco 10 – Roberto Medeiros (Parte 2)

      O Vieira era uma espécie de guarda-costas do Roberto. Um dia, caminhando os dois pela rua São João, um ciclista passou em velocidade e deu um encontrão no Roberto, quase o derrubando no chão. O veículo de duas rodas chegou a cair no asfalto, junto com seu ocupante. O atropelado começou a xingar o sujeito. Quando este se levantou, revelou-se uma jamanta de um homem de cor de quase dois metros de altura. O Vieira, que tinha uma grande fama na cidade devida à sua força e coragem, era capaz de enfrentar até um leão numa briga. Aliás, conta-se que uma vez ele nocauteou um doberman com um soco. O “guarda-costa” não se intimidou com o tamanho do indivíduo. Calmamente, pegou a bicicleta e a ENTORTOU. Quando o cara viu aquilo, saiu correndo... mesmo porque, o Vieira havia destruído o seu meio de locomoção.
      Era muito comentada em Juiz de Fora a semelhança física entre o Roberto Medeiros e o Vinicius de Moraes. Semelhança esta que também se estendia à vida boêmia que os dois levavam. Em meados da década de 70, houve um Festival de Música em Belo Horizonte. Roberto e outros amigos concorreram com uma composição. Em lá estando, os jornalistas da capital ficaram curiosos com o juizforado, e passaram a desconfiar de que pudesse ser o famoso “poetinha” carioca. Nesta ocasião, Vinícius havia retornado de seu exílio voluntário na Europa. Os repórteres aproximaram-se do Roberto e perguntaram se ele era o Vinicius. Obtiveram uma resposta rimada:
      - Se eu tivesse muitos vícios... o meu nome poderia ser Vinicius... E se eles fossem todos imorais... eu seria o Vinicius de Morais...
      Os jornalistas falaram:
      - É ele... É o Vinicius...
      Entretanto, quando o Roberto teve de subir ao palco para receber um prêmio, sendo anunciado como Roberto Medeiros, de Juiz de Fora, aconteceu aquela vaia... Muita gente gritou:
      - Vinicius do brejo!...
      A turma de Juiz de Fora saiu de fininho.
      Quando o Itamar Franco assumiu a Presidência da República, no final de 1992, alguns amigos de Juiz de Fora acompanharam o Roberto Medeiros até Brasília. A primeira coisa que este fez, ao entrar no Palácio do Planalto, foi procurar os banheiros para urinar nas pias. Foi um gesto de desagravo por todos os anos de Ditadura Militar, contra a qual ele lutou em várias frentes. E o Décio, com o seu inextinguível humor, fez questão de se vestir da forma mais jeca possível, parecendo mais um matuto mineiro. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário