terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Os pesadelos de Kurosawa

Escrevi no dia 17-3-2012 no meu extinto blog "Ipsissimus Magister":

Revi ontem, no Max, o maravilhoso filme de Akira Kurosawa, “Sonhos”, de 1990, composto de oito histórias curtas. Na primeira, “Sol Através da Chuva”, uma criança desobedece à mãe e assiste à dança do acasalamento das raposas. Na segunda, “O Pomar de Pêssegos”, um garoto assiste à triste dança dos espíritos dos pessegueiros, que foram cortados. Estas duas retratam a difícil relação do homem com a natureza. Na terceira, “A Nevasca”, com um início angustiante, o líder de uma expedição encontra a Morte, na figura de uma bela mulher. Fez-me lembrar “Al That Jazz”, com Roy Scheider. Na quarta, “O Túnel”, numa excelente dramatização sobre a guerra, um capitão do exército encontra os soldados do seu batalhão, que foram mortos em combate, mas que acreditam estarem vivos. Na quinta, “Corvos”, um jovem pintor penetra nos quadros de Van Gogh e se encontra com ele nos campos, com um pano cobrindo as orelhas. A paisagem e os quadros intensamente coloridos sofrem um contraste ao final com o negro dos corvos, augúrio de angústia e de morte. Na sexta, “Monte Fuji Vermelho”, ele entra em erupção e ocorre um incêndio numa usina nuclear, liberando fumaças coloridas radioativas. Um dos responsáveis pela falha diz: “A estupidez do homem é inacreditável”... Pode ser uma premonição para a tragédia do tsunami de 2011. Na sétima, “O Demônio Chorão”,  um viajante se depara com um demônio, o qual lamenta ter sido um fazendeiro desonesto. Ele fala da guerra nuclear, deste mundo estúpido, da humanidade idiota e das flores mutiladas. “Isto é o inferno.” No final, assistem ao espetáculo dos gritos de dor dos outros demônios. Na última história, “A Aldeia dos Moinhos de Água”, onde não há energia elétrica e nem os bens de consumo, um idoso critica a sociedade moderna e enaltece a vida simples e pura junto à natureza. Mensagem final de esperança. É um filme extraordinário!!!... 

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