domingo, 13 de dezembro de 2015

George Orwell, o reacionário

      Em “A Revolução dos Bichos”, os animais de uma fazenda se revoltam contra os humanos e passam a cuidar sozinhos da mesma. Os porcos assumem o controle e se instalam na casa, transformando-se nos novos opressores, tornando a vida dos animais pior do que era antes. O autor disse que a obra era uma crítica ao stalinismo. Mas o fato é que a mensagem principal é profundamente anti-revolucionária, já que não há nenhuma esperança ou solução para o sofrimento da grande massa oprimida, e sendo assim não temos outra opção senão aceitar o sistema vigente, seja ele qual for. É isto que fica subliminarmente no cérebro de quem lê este lixo. Lembro-me do Chico Anísio: - Vampiro brasileiro!... E cuspia. Um violento recado auto-depreciativo, com risos. Desta forma, todos os revolucionários podem se comparar a porcos... No álbum “Animals”, o Pink Floyd usou os cães, os porcos e os carneiros, inspirando-se em Orwell, para criticar a sociedade inglesa.

      Quanto ao “1984”, eu o li anos atrás. Mas o excelente roteiro do filme “1984”, com Richard Burton no seu último papel no cinema, com grande poder de síntese, mostrou de forma clara a essência da obra. Dizem que é uma crítica ao totalitarismo. Parece ser, mas no fundo não é. Aqueles que desobedeciam as normas do Partido voltavam atrás e confessavam publicamente seus “Crimes”, num asqueroso conformismo. (No início dos anos 70, na TV em preto e branco, vi muitos ex-opositores do regime militar se retratarem.) Fiquei me perguntando por que assumiam tal comportamento, até que se revelou o que ocorria na sala 101: a pior tortura de todas. O autor usou de um recurso muito inteligente para justificar as atitudes derrotistas. O ápice desta covardia foi o “mea culpa” do seu companheiro de cela. E o filme termina pateticamente com Winston declarando o seu amor ao Grande Irmão. (Este “1984” faz recordar “THX 1138”, de George Lucas, que não vi.)

      Agora, a “pérola” é “Mantenha o Sistema”, que também li, pouco conhecida. O título já diz tudo. Desta vez a mensagem foi diferente: NÃO LUTEM CONTRA O CAPITALISMO, POIS ISTO NÃO LEVA A NADA... O personagem central, Gordon, insiste em viver na pobreza, negando o dinheiro, numa existência miserável. Para fazer a crítica do Capitalismo existem mil outras formas mais autênticas. O autor, nestes romances, usou de recursos dúbios para lançar idéias reacionárias, mascarando muito bem as suas nefastas intenções. É um lobo com fantasia de cordeiro. Portanto, um inglês altamente perigoso!..

Nenhum comentário:

Postar um comentário