Em “A Revolução dos Bichos”, os animais
de uma fazenda se revoltam contra os humanos e passam a cuidar sozinhos da
mesma. Os porcos assumem o controle e se instalam na casa, transformando-se nos
novos opressores, tornando a vida dos animais pior do que era antes. O autor
disse que a obra era uma crítica ao stalinismo. Mas o fato é que a mensagem
principal é profundamente anti-revolucionária, já que não há nenhuma esperança
ou solução para o sofrimento da grande massa oprimida, e sendo assim não temos
outra opção senão aceitar o sistema vigente, seja ele qual for. É isto que fica
subliminarmente no cérebro de quem lê este lixo. Lembro-me do Chico Anísio: -
Vampiro brasileiro!... E cuspia. Um violento recado auto-depreciativo, com
risos. Desta forma, todos os revolucionários podem se comparar a porcos... No
álbum “Animals”, o Pink Floyd usou os cães, os porcos e os carneiros,
inspirando-se em Orwell, para criticar a sociedade inglesa.
Quanto ao “1984”, eu o li anos atrás. Mas
o excelente roteiro do filme “1984”, com Richard Burton no seu último papel no
cinema, com grande poder de síntese, mostrou de forma clara a essência da obra.
Dizem que é uma crítica ao totalitarismo. Parece ser, mas no fundo não é.
Aqueles que desobedeciam as normas do Partido voltavam atrás e confessavam
publicamente seus “Crimes”, num asqueroso conformismo. (No início dos anos 70,
na TV em preto e branco, vi muitos ex-opositores do regime militar se
retratarem.) Fiquei me perguntando por que assumiam tal comportamento, até que
se revelou o que ocorria na sala 101: a pior tortura de todas. O autor usou de
um recurso muito inteligente para justificar as atitudes derrotistas. O ápice
desta covardia foi o “mea culpa” do seu companheiro de cela. E o filme termina
pateticamente com Winston declarando o seu amor ao Grande Irmão. (Este “1984” faz
recordar “THX 1138”, de George Lucas, que não vi.)
Agora, a “pérola” é “Mantenha o Sistema”,
que também li, pouco conhecida. O título já diz tudo. Desta vez a mensagem foi
diferente: NÃO LUTEM CONTRA O CAPITALISMO, POIS ISTO NÃO LEVA A NADA... O personagem
central, Gordon, insiste em viver na pobreza, negando o dinheiro, numa
existência miserável. Para fazer a crítica do Capitalismo existem mil outras
formas mais autênticas. O autor, nestes romances, usou de recursos dúbios para
lançar idéias reacionárias, mascarando muito bem as suas nefastas intenções. É
um lobo com fantasia de cordeiro. Portanto, um inglês altamente perigoso!..
Nenhum comentário:
Postar um comentário