“Não se deixem enganar pelos patifes
cheios de unção que falam da santidade do trabalho e do serviço cristão que os
homens de negócios prestam aos seus semelhantes. Tudo isso são mentiras. O
trabalho de vocês não passa duma tarefa repugnante e desagradável, mas que
infelizmente é necessária por causa da loucura de nossos antepassados. Eles
acumularam uma montanha de lixo, e é preciso que vocês fiquem a trabalhar dia e
noite com suas pás procurando remover o monturo, de medo que o fedor dele os envenene
e mate; é preciso que vocês trabalhem para respirar, maldizendo a memória
daqueles insensatos que lhes deixaram todo esse trabalho ignóbil por fazer. Mas
não procurem entregar-se-lhe de coração, fingindo que esse sujo trabalho
mecânico é uma necessidade nobre. Não é verdade; e o único resultado que vocês
obterão dizendo e crendo nisso será abaixar a nossa humanidade ao nível dessa
necessidade infecta. Se vocês acreditam nos negócios, como no serviço e na
santidade do trabalho, vocês se transformarão simplesmente em idiotas
mecanizados durante vinte e quatro horas, das vinte e quatro que tem um dia.”
(“Contraponto”, Aldous Huxley, Círculo do
Livro S.A., São Paulo, 1973, Página 344.)
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