O Roberto (“Bob”, para os mais íntimos) possuía
uma sólida formação intelectual, filosófica, jurídica e política. Quando alguém
lhe dizia algo, ele pensava dialeticamente no oposto do que foi dito. Tinha
penetração em todas as camadas sociais. Foi poeta, trovador e compositor.
Convivia com artistas, intelectuais, advogados, empresários, jornalistas e
gente do povo. Assessorou o Itamar Franco desde a Prefeitura de Juiz de Fora
até a Presidência da República. Mas a sua preferência era pela Poesia e pela
Música. Na década de 60, no NUME – Núcleo Mineiro de Escritores, participou
vitoriosamente de vários Jogos Florais. No Bar do Beco, em inumeráveis
botequins e finalmente no restaurante Brasão, as noites eram recheadas de versos,
músicas e muito papo, e regadas, obviamente, com bastante cerveja. É autor de
inúmeros sambas-enredos de escola de samba. No ano de sua morte, em 1995,
publicou seu primeiro livro, “Cantos e Contos de Minas”, em parceria com Carlos
Décio Mostaro.
Certa vez ele encontrou-se com um
político, o qual confessou:
- Roberto, ando muito preocupado com a
situação. Tão preocupado que tenho medo de sofrer um derrame cerebral.
O Roberto retrucou:
- Fique tranquilo, que disso você não
morre. Falta-lhe matéria-prima.
Por ironia, foi exatamente disso que o
Roberto faleceu.
Outra ocasião, um compositor local cantou
para ele uma música, acompanhada pelo violão. Quando terminou, inquiriu:
- Doutor Roberto, o que é que está
faltando no meu samba?
Sem uma entonação agressiva na voz, ele
respondeu:
- Talento.
O outro:
- Se o senhor quiser, eu dou uma
“apressadinha”...
O sujeito achou que “estava lento”...
Era comum ele ser procurado para opinar
em matéria literária e musical. Num carnaval, alguns dirigentes de uma escola
de samba vieram trazer a ele o tema escolhido para o próximo tríduo momesco: -
Castor de todo nozes... Tratava-se do bicheiro Castor de Andrade. O Roberto,
desta vez, foi curto e grosso:
- Péssima escolha esta de vocês!...
Primeiramente, estão homenageando um contraventor. E depois, quem gosta de
nozes não são os castores, mas os esquilos.
Outro tema de enredo de escola de samba
foi apresentado ao Roberto: - Os gays contaminam a avenida... Ele foi taxativo:
- Só se for de AIDS.
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