sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

O anjo da rosa azul

      Eu tinha uma amiga em Juiz de Fora, na década de 80, a Luíza, ou melhor, “Luizão”, uma lésbica totalmente assumida, uma franchona. A sua mãe era prostituta e ela foi criada num puteiro. Uma vez a Luíza me falou que resolveu experimentar fazer amor com um homem, e que foi um fracasso. Fiquei puto!... Disse-lhe: - Por que você não me escolheu?!... Eu iria fazer você subir pelas paredes!... Ela riu e respondeu: - Marquinho, pra mim você não é homem... Eu rebati: - Como assim?!... Não sou nenhuma bicha!... Ela se explicou: - Pra mim você é mais uma espécie de “anjo”... Foi o elogio mais carinhoso que recebi na vida.
     

      Na década de 80 eu frequentava muito o barzinho “Asterix”, na ex-Av. Independência, perto da Espírito Santo. Ficava lá sozinho, pensando, escrevendo e lendo. Uma vez tomei três caipiríssimas de vodka só para poder ler a “Ode Marítima”, do Fernando Pessoa. Uma noite, sentou-se a meu lado a Niccia. Foi levar-me um presente: uma ROSA AZUL. Ela me explicou que custou a achar uma flor daquela, de plástico. Era a única forma de expressar o que ela via em mim. Ou seja: eu era um ESPÉCIME RARO... IRREAL... FANTÁSTICO...

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