Eu tinha uma amiga em Juiz de Fora, na
década de 80, a Luíza, ou melhor, “Luizão”, uma lésbica totalmente assumida,
uma franchona. A sua mãe era prostituta e ela foi criada num puteiro. Uma vez a
Luíza me falou que resolveu experimentar fazer amor com um homem, e que foi um fracasso.
Fiquei puto!... Disse-lhe: - Por que você não me escolheu?!... Eu iria fazer
você subir pelas paredes!... Ela riu e respondeu: - Marquinho, pra mim você não
é homem... Eu rebati: - Como assim?!... Não sou nenhuma bicha!... Ela se
explicou: - Pra mim você é mais uma espécie de “anjo”... Foi o elogio mais
carinhoso que recebi na vida.
Na década de 80 eu frequentava muito o
barzinho “Asterix”, na ex-Av. Independência, perto da Espírito Santo. Ficava lá
sozinho, pensando, escrevendo e lendo. Uma vez tomei três caipiríssimas de
vodka só para poder ler a “Ode Marítima”, do Fernando Pessoa. Uma noite,
sentou-se a meu lado a Niccia. Foi levar-me um presente: uma ROSA AZUL. Ela me
explicou que custou a achar uma flor daquela, de plástico. Era a única forma de
expressar o que ela via em mim. Ou seja: eu era um ESPÉCIME RARO... IRREAL...
FANTÁSTICO...
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