quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Eles e Nós – Parte final

         Eu acredito que este nosso planetinha insignificante, aqui na periferia da Via Láctea, esteja ficando famoso em toda a Galáxia, quiçá mais além. Explico. Como já afirmei, para cá vieram criminosos de todos os tipos, oriundos de vários mundos onde se deram os seus “Juízos Finais”, exilando-os de seus meios higienizados. Capela foi apenas um deles. Considerando a alta periculosidade desta horda de meliantes, a Terra já deveria ter sido destruída na segunda metade do século XX, com a proliferação das armas nucleares. Entretanto, devido à atuação intensa dos Seres de Luz dos Planos Espirituais no sentido de impedir a concretização dos planos malignos dos Irmãos das Trevas, como também a expansão do nível de consciência das massas com a divulgação de novos meios de redenção espiritual, foi possível evitar o pior. Além disso, para cá vieram milhões de seres extraterrestres, em  milhares de naves, dedicando-se abnegadamente à tarefa de socorrer a nossa humanidade prisioneira de forças involutivas poderosas. Falo não só dos mais conhecidos, os humanóides Grays, como também e principalmente de alienígenas com a forma tão humana quanto nós, os quais abandonaram seus evoluídos planetas de origem para se sacrificarem vindo em nosso auxílio. É como se alguém que morasse num rico palácio optasse por viver num casebre de favela para ajudar os seus habitantes. Não há dúvidas de que sejam milhões, agindo em todas as áreas possíveis, desde a correção de falhas geológicas para se evitar terremotos, até os mais elevados níveis de ação espiritual. O seu Comandante Supremo é o Mestre Ashtar Sheran. Assim, considerando o poder da Loja Negra terrestre, como também a imensa quantidade de Seres Superiores atuando em favor da Luz, o fato de nosso mundo ainda estar de pé e funcionando pode ser considerado um autêntico Milagre Cósmico. E ainda pode ser que aconteça uma transição de Final dos Tempos com o mínimo possível de Dor Coletiva, o que seria uma Vitória Extraordinária para o Plano Divino. Tais Irmãos do Espaço se mantêm em bases intraterrestres, lunares e em outros planetas do sistema. Fala-se de uma gigantesca nave que orbita atrás do Sol, invisível para nós, de nome “IO”, uma espécie de “quartel-general” da Frota Espacial. E são tais seres que a nossa indústria cinematográfica transformou em autênticos demônios. Naquela pesquisa de ontem, eu escolheria a opção de número 17: MORRERIA  DE  VERGONHA!!!... É por tudo isto que este nosso mundinho está adquirindo fama no Universo!... Futuramente, quando fizer as minhas andanças pelo Espaço Sideral, após revelar minha origem, certamente irei ouvir palavras como estas: - Ah!... Você é do planeta Terra!... Aquele que foi salvo milagrosamente da destruição e ainda conseguiu se regenerar... É um prazer conhecê-lo!!!...

Eles e Nós – Parte 12

         Existe a Ufologia Científica, que cuida da casuística ufológica, investigando fatos e fenômenos através de uma metodologia científica. Nunca me interessou. Há também a chamada Ufologia Mística, que divulga as mensagens dos alienígenas recebidas por cidadãos terrestres, (os ditos contactados), de forma direta e pessoal, ou através de mediunidade, ou de paranormalidade. Esta deixou de me interessar. Tanto é que não frequento mais grupo nenhum, e raramente leio sobre o assunto. O meu interesse agora é pelo que denomino de “Ufologia TERRESTRE”. Os verdadeiros ETs são aquelas crianças autistas abandonadas nos orfanatos. Se os extraplanetários (e os intraterrenos) não podem interferir neste caos que criamos, é porque NÓS É QUE TEMOS DE INTERVIR. Ao invés de ficar olhando o céu à cata de OVNIs, é bem mais coerente baixar a vista e enxergar a barbárie em que estamos mergulhados, a dantesca realidade à nossa volta. Assim fiz. Observando, lendo e meditando, constatei que o poder que manda e desmanda neste planeta é essencialmente satânico. A minha visão deste     mundo infernal se torna cada vez mais profunda, abrangente, sintética e crítica, quase desalentadora, diante do grau de cegueira das massas humanas, escravas e vítimas do sistema que aí está, sem nenhum ELEMENTO REFLETOR que lhes permita uma percepção mais transcendente, como foi o meu caso.

         Tempos atrás, num local distante de qualquer povoação, à noite e bem de perto, eu e um amigo vimos uma bela nave alienígena, iluminada e silenciosa, que nos deixou maravilhados!... Tudo isto é muito bonito e fascinante!... Não resta dúvida. Mas, quero ver quem é que tem a coragem de segurar o “BICHO” pelos chifres?!... Alguém se candidata?!...

Eles e Nós – Parte 11

         Imaginei a seguinte pesquisa de opinião pública, com somente esta pergunta: se você visse um ET pela frente, qual seria a sua reação?
01)       Gritaria por socorro.
02)       Chamaria a mamãe.
03)       Daria um tiro nele.
04)       Avisaria a Polícia e o Exército.
05)       Choraria convulsivamente.
06)       Gargalharia histericamente.
07)       Sairia correndo apavorado.
08)       Ficaria paralisado de terror.
09)       Mijaria na roupa.
10)       Me cagaria todo.
11)       Desmaiaria.
12)       Teria um colapso.
13)       Arrepiaria os cabelos.
14)       Tremeria da cabeça aos pés.
15)       Me benzeria, dizendo: - Vade retro, Satanás!
16)       Cobraria taxa de desembarque.
17)       Morreria de vergonha.
18)       Nenhuma opção acima, pois não acredito em ETs.

Eles e Nós – Parte 10

         Si non e vero... pelo menos é hilário, demonstrando o quanto conseguimos ser tacanhos. Acredita-se, no meio ufológico, que certos grupos de pesquisa conseguem estabelecer contatos imediatos de terceiro grau com os ETs. Um desses grupos, certamente fechado e seleto quanto aos seus integrantes, não sei quando nem onde, conseguiu marcar um encontro com os alienígenas, obviamente em local bem isolado, para que sua nave pudesse pousar e os mesmos saíssem de seu interior. Aconteceu, porém, que um pastor de igreja evangélica, devido ao fato de já ter sido um ufólogo, obteve a permissão de participar do inusitado encontro. Deve ter pensado com os seus botões: “ – É agora que eu pego eles!...” Muito bem. Chegando o dia marcado, todos dirigiram-se para o lugar assinalado, pondo-se à espera. E lá estava o nosso ansioso pastor, “armado” com a bíblia debaixo do sovaco. De repente, para espanto geral, uma luz movente no céu noturno foi se aproximando, até que se revelou ser um disco voador, o qual efetuou suave pouso diante do atônito grupo. Fez-se grande expectativa entre os terráqueos. Subitamente, uma porta da nave se abriu, dando passagem a alguns seres muito semelhantes a nós, que se postaram também lado a lado, defronte ao embasbacado grupo de ufólogos. A tensão era enorme, como também o medo, por certo. Aproveitando a raríssima oportunidade, adiantando-se ao chefe do grupo sem a devida licença, e brandindo a bíblia no ar como se fosse uma espada, o pastor deu três corajosos passos, encarou os sujeitos do espaço e gritou: “ – SE VOCÊS FOREM DE DEUS, DEEM UM PASSO À FRENTE!... MAS, SE FOREM DO DIABO, VÃO EMBORA!...” E ficou esperando a reação dos aliens ao seu insensato e absurdo ultimato. Os outros elementos do apalermado e patético grupo devem ter encarado o pastor com mais espanto do que quando viram os próprios ETs pela frente!... Estes, simplesmente, deram meia volta, retornaram ao disco, efetuaram rápida partida e sumiram-se de vista, tudo em absoluto silêncio. Ao se verem sozinhos, os ufólogos partiram para cima do pobre coitado do crente, xingando a sua mãe e cobrindo-o de porradas. Após brigarem bastante com o infeliz fanático, voltaram aos seus carros e foram embora, irados e frustrados. Abandonado pelo grupo, o pastor retornou para casa sem se dar por vencido, a pensar: “ – Eles foram embora!... Portanto, são da parte do Maligno!... Eu os peguei!... Ah! ah! ah!...” Isto somos nós!...

Eles e Nós – Parte 9

         A humanidade mais “sábia”, de todas as que pululam nos Universos, deve ser esta que habita a superfície da Terra. (É o chamado “gênio judaico”, ou o “cérebro judeu”.) Devemos ser os mais “inteligentes”, pois conseguimos criar uma sociedade altamente complicada, quando sabemos que as civilizações extraterrestres são extremamente simples, naturais, econômicas, (o máximo de eficiência com o mínimo de dispêndio de energia), humanas, justas, perfeitas, funcionais e integradas. Não creio que se trate de civilizações “superiores”, “adiantadas”, mas de sociedades simplesmente normais e comuns, em mundos onde impera verdadeiramente o bom senso, o equilíbrio, a inteligência, a sensatez, enfim, onde o ser humano, como um todo, se expressa em toda a sua essência, do nível material até o plano espiritual. Esta simplicidade, manifestada em coletividades alienígenas, nós aqui rotulamos com uma palavra alienante e confortável: UTOPIA, que significa algo irrealizável, quimérico e fantasioso. É impossível para nós atingirmos o nível civilizatório dos aliens, porque a Loja Negra que Governa a Terra faz com que jamais aconteça, nos fazendo crer que é um sonho que nunca se materializará. A simplicidade dos extraterrenos é inimaginável para nós, afeitos que estamos à terrível e demencial realidade social que conseguimos criar. Os seres espaciais, ao chegar em nosso orbe em missão de amparo, e impedidos que estão de interferir em nosso livre arbítrio, devem ficar abismados ao ver tanta insanidade coletiva imperando num sistema completamente absurdo, radicalmente errôneo, absolutamente confuso, totalmente insensato e visceralmente imbecil.

Eles e Nós – Parte 8

         O fenômeno extraterrestre faz ruir todas as nossas estruturas políticas,  econômicas, científicas, religiosas, culturais, psicológicas, etc. Nesta perspectiva, é um fator altamente REVOLUCIONÁRIO. É por isto que os governos negam a sua existência; quando muito, dizem que não liberam certas informações para não causar pânico na população. Conversa fiada!... Eles têm é medo e vergonha de admitir que possam existir sistemas políticos e governamentais superiores, pondo em xeque os seus maquiavélicos e draconianos regimes. É por isto que os capitães de indústria e os grandes magnatas não querem saber de tais seres, e alguns financiam filmes que mostram ETs maléficos,  parecidos com demônios, querendo invadir a Terra e aniquilar a “inocente e desprotegida” raça humana, (vide os asquerosos “Independence Day” e “Sinais”), invertendo fragorosamente os papéis de “bandidos e mocinhos”. Tais representantes do sistema econômico vigente, no fundo, estão é apavorados, pois o indivíduo terrestre não pode nem sonhar que existam formas mais elevadas de organização social e de produção e aquisição de bens. É por isto que os cientistas não aceitam a existência dos extraterrestres, e aquele que ousa levá-los a sério é ridicularizado pelos colegas céticos. Agem assim porque não querem ver desabar todo o edifício da Ciência, construído em bases unicamente materialistas. É por isto que os representantes das religiões, principalmente no Ocidente, evitam o assunto. Não é para menos. É uma estrutura altamente susceptível a uma estrondosa implosão, diante da extrema simplicidade e pureza da expressão espiritual dos humanos cósmicos. Os terrestres não têm a mínima noção de quem são tais seres, projetando neles toda uma série quilométrica de preconceitos e idéias errôneas. Praticamente nenhum de nós está preparado para um confronto direto com eles. Na verdade, todos estamos atarantados diante do fato, que certamente produzirá um dia a queda dos nossos frágeis esteios culturais e psicológicos.

Turma do Beco 35 (Última Parte) – Por um pneu novo

            Mais uma do Décio.
      Quando era criança, talvez lá pelos seus 12 anos, o Décio tinha um amigo com a mesma idade, e eram muito chegados um ao outro.
      Acontece que certa ocasião um dos pneus da bicicleta do Décio estava muito ruim, careca, quase furando. Aquele amiguinho falou que poderia presentear-lhe com um pneu novo, se o Décio aceitasse “dar” para ele. Após protestos e negativas, e muita discussão, mas seduzido pela possibilidade de ganhar um pneu novo, o Décio aceitou os termos, mas somente se houvesse um “troca-troca”.
      Assim fizeram, e o nosso amigo ganhou um pneu novo.
      Quando adulto, trabalhando como caixa do Banco do Brasil, certo dia o Décio viu na fila do seu caixa aquele antigo amiguinho, com o qual tivera momentos muito íntimos.
      Ele pensou com seus botões:
      - O meu carro está com os pneus muito ruins. Será que se eu pedir ele me dá um jogo de pneus novos?
      Ele costumava contar às vezes esta historinha para os amigos, dando ao final sonoras gargalhadas. Mas não revelava se havia de fato feito a segunda proposta ao antigo amigo.
      Eu não duvido nada que o tenha feito. É claro, apenas com a intenção de arrancar risos.
      Para fazer uma piada e montar uma brincadeira, nada constituía em empecilho para o Décio.

Aristóteles, o cachorrinho

      Aristóteles era mestre de Alexandre, o Grande. Quando o conquistador se torna amante da bela e irresistível Filis, o grego fica preocupado com a paixão do discípulo, a qual estava fazendo-o negligenciar os deveres do Estado. O mestre aconselha Alexandre a sofrear a sua luxúria e se afastar daquela mulher fascinante. E era tão espetacular que o próprio filósofo começa a se interessar por ela, mesmo estando já velho. Filis percebeu as duas coisas: o perigo de perder o privilégio de ser amante do homem mais poderoso do mundo, além do interesse de Aristóteles. E a sedutora fêmea bolou um plano para sair vitoriosa daquele impasse. Começou a se oferecer ao filósofo, o qual ficou cada vez mais fascinado pela cortesã. Então, ela exigiu que Aristóteles desse uma prova de sua paixão: que ele caminhasse de gatinhas até ela, como se fosse um cãozinho doméstico, para que ela montasse em suas costas e ele a conduzisse. E assim, a sabedoria curvou-se à beleza. Filis cavalgou Aristóteles, armando a cena de tal forma que Alexandre visse a submissão de seu tutor e voltasse a se entregar a ela como antes.

      Esta anedota verídica revela o império absoluto que as fêmeas exercem sobre os homens, situando-se até mesmo acima dos mais sábios deles, e me fez lembrar o que escreveu Erasmo de Roterdan no seu “Elogio da Loucura”, ou seja, que a mulher despreza o homem culto, como o diabo foge da cruz, preferindo se entregar aos mais néscios. Eu sempre encarei as mulheres em geral com uma prudente reserva, cônscio de que a minha cultura representava até mesmo um perigo para elas. Continuo pensando da mesmo forma. São raríssimas as fêmeas que realmente se deixam fascinar pela inteligência masculina, a ponto de se entregar. Mas isto é apenas o aspecto externo da questão. Existe outro, oculto e mágico, completamente diverso, mas sobre o qual me calarei. Ninguém está interessado.


      Um fato ocorrido comigo, pouco tempo depois de me mudar para Muriaé, ilustra com perfeição o que disse acima. Estava eu bebendo uma cerveja num bar, no centro da cidade, numa mesa na calçada. Chegou uma jovem e sentou-se comigo, pedindo-me para lhe pagar algo. Eu respondi que, infelizmente, estava com pouco dinheiro. Ela permaneceu sentada e conversamos um pouco. É claro que eu comecei a falar sobre cultura, arte, qualquer coisa neste sentido, como é de meu costume. Então, de repente, ao mesmo tempo em que se levantava da cadeira para ir embora, ela disse apenas o seguinte: - Ah!... É um INTELECTUAL!... E sumiu!...


Eles e Nós – Parte 7

         Texto do boletim “Realidade Fantástica”, ano 1, nº 6, de março de 1981, São Paulo-SP, do artigo “Intervenção Cósmica”, de Sérgio de Souza Carvalho:
         “O caso é que muitos julgam-se superiores aos demais e até ‘escolhidos’. Porém, nossos irmãos extraterrestres não estão dispostos a atirar pérolas aos porcos e estão enganados os que esperam contatos de terceiro grau acreditando-se preparados apenas por terem compreensão intelectual sobre o assunto.
         É preciso muito mais que isto. É necessário conhecimento básico de engenharia espacial e uma mente capaz de suportar o impacto de um encontro direto, bem como uma indispensável harmonia vibratória nos níveis mental e espiritual, que somente a evolução individual baseada no nível do Ser poderá garantir.
         É inadiável cessar a ideia tão difundida de revestir aos extraterrestres com a auréola dos salvadores e redentores da humanidade. Ninguém salva a ninguém – e a regeneração psicológica do ser humano é estritamente individual. Um mestre apenas aponta o caminho e serve como exemplo. Assim como não se cura uma doença pronunciando o nome do remédio, mas tomando-o, assim também a Iniciação é baseada não em crenças, mas na ação.
         Os extraterrestres agirão, não para satisfazer a curiosidade dos tolos, mas para aplicar a Justiça e manter o equilíbrio e a harmonia do cosmo.”

Casanova e O Último Tango

      Naquele extraordinário filme de Felini, “Casanova”, há cenas inesquecíveis. Mesmo após ter passado tantos anos de o ter assistido, ainda me lembro de várias passagens expressivas e de grande impacto visual. Antes de tudo, e logo no início, o mar de plástico. A transa com a velha alquimista. O concurso sexual. A sua bela e nova paixão ao piano, e o medo de perdê-la. O grande amante velho, dançando com a vassoura. Há uma sequência que me marcou de uma forma especial. Casanova encontra-se numa carruagem, com a mãe e a filha. Estas o expulsam do veículo, numa ponte perto de Londres. Ele fica indignado. Vê um rio e decidi se matar, afogando-se. Veste a sua melhor roupa e começa a descer uma escadinha, entrando na água, a recitar versos de Tasso, em grande estilo. É quando ele vê uma cena inusitada: uma mulher enorme, acompanhada por dois anões. Espicaçado pela curiosidade, interrompe o suicídio e descobre que a giganta pertence a uma troupe de artistas mambembes. Ele suborna os anões para vê-la tomar banho numa enorme tina. Mas há uma baleia, com uma bocarra aberta, e alguém apregoando: - Entrem na Grande Mouna. Casanova penetra naquele símbolo óbvio da vagina, com desenhos na parede. No fundo, sentado numa mesa, a beber, vemos um homem solitário. Eu sempre considerei este indivíduo como o símbolo de todos os artistas, como também, idealmente, um Mestre Tântrico. Associo-o a Paul, de “O Último Tango em Paris”, dando aquele seu grito de angústia no meio da rua. SOLIDÃO, DOR e SABEDORIA. 

Turma do Beco 34 – Belmiro Braga

            Roberto Medeiros foi descendente do poeta Belmiro Braga. Aliás, o cantor Roberto Carlos (Roberto Carlos Braga) também o é.
      Belmiro Braga (1872-1937) era muito querido entre os juizforados nas primeiras décadas do século XX. Publicou alguns livros. Foi um trovador famoso no Brasil.
      Certa ocasião, os membros da comunidade portuguesa em Juiz de Fora patrocinaram uma viagem de Belmiro a Portugal. E lá foi ele, embarcando num navio, no porto do Rio de Janeiro, em direção a Lisboa.
      Quando retornou da viagem, os patrocinadores marcaram uma palestra para que o poeta pudesse narrar os detalhes de sua visita à ancestral terra lusitana.
      Após descrever de forma geral os fatos ocorridos, os portugueses e descendentes de portugueses presentes começaram a fazer-lhe perguntas.
      Um deles quis saber do poeta qual foi a melhor coisa que ele havia visto em Lisboa.
      Belmiro respondeu:
      - O trem noturno que parte para Paris.
      Só não o lincharam porque era muito querido. E aos poetas permitem-se loucuras...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O filme mais doido que já vi!...

      “A Montanha Sagrada, de Alejandro Jodorowsky.

      Este foi seguramente o filme mais doido que já vi. Infelizmente as legendas em espanhol estão desencontradas das falas. Não foi uma produção barata, e dura quase duas horas. No começo há uma engraçada sátira da guerra entre os astecas-camaleões e os espanhóis-sapos. A primeira parte faz uma crítica ferina e severa ao Cristianismo, com o Jesus-Ladrão quebrando cruxifixos, a Maria Madalena com um macaco, e outras imagens surrealistas. O melhor é a transmutação do cocô de Cristo em ouro, nas parafernálias alquímicas dos alambiques e retortas. “Tu eras merda. Podes mudar-te a ti mesmo em ouro.” Em seguida Jodorowsky penetra em elementos e simbologias esotéricos. Então começa a surgir os personagens astrológicos. O de Vênus produz produtos de beleza e cuida da aparência humana. O de Marte fabrica armas. Vemos soldados jogando seus corpos contra baionetas, num gesto inverso. Umas drogas provocam delírios de grandeza, e outras transformam pessoas inofensivas em animais perigosos. Há também pistolas psicodélicas e armas rock’n’roll. O de Júpiter, muito rico, cultua a arte erótica. Um falo gigantesco penetra numa máquina vaginal, provocando um grande orgasmo. O de Saturno dedica-se à política, condicionando a juventude para o ódio e a guerra. O de Urano é o conselheiro econômico do Presidente. “Para salvar a economia é necessário eliminar 4 milhões de cidadãos nos próximos 5 anos.” O de Netuno coleciona um santuário de mil testículos. E o de Plutão atua na arquitetura, quando se fala dos sem-tetos. Finda esta crítica social, num show de non-sense e absurdos, o cineasta fala das Montanhas Sagradas existentes no mundo: o Monte Meru indiano, a Montanha dos Taoístas, o Karakorum do Himalaia, e outras. Nove homens imortais vivem em cima da Montanha Sagrada da Ilha do Lotus, de onde dirigem nosso mundo. E temos realmente no meio ocultista a Lenda dos Nove Superiores Desconhecidos. O mestre-alquimista, interpretado por Jodorowsky, reúne os sete personagens astrológicos, mais o Jesus-Ladrão, mais sua assistente, e estes nove recebem a missão de roubar o segredo da imortalidade daqueles imortais. É preciso renunciar à individualidade e ser um ente coletivo. Há uma queima simbólica de dinheiro. “Devemos destruir nosso eu vacilante, inquieto, incerto, cheio de desejos, distraído, confuso.” Partem em busca da “Água Sagrada”. Acertou em cheio: a Fonte da Juventude é sempre uma “Água”, a ÁGUA-VIVA. Eu a encontrei. Só não é tão poderosa quanto à de Ayham Doyuk. Nesta altura do filme, onde é mostrada a morte e o renascimento, a queima do ego, a perda da personalidade e a posse do EU, é retratado um autêntico processo iniciático e místico. “Nosso pensamento tem forma. Tu tens um monstro na mente.” Lembrei-me do fantástico “O Livro de Mirdad”, de Mikhail Naimy, que tenho em meu poder. Jodorowsky brinca com a contracultura da época: a pedra filosofal dos alquimistas era LSD; o Apocalipse descreve uma experiência com mescalina. Na busca pela Montanha Sagrada, os nove peregrinos, mais o mestre, são distraídos por vários personagens. Finalmente o grupo chega ao seu destino. E não há nenhum imortal sentado à mesa-redonda, onde se vê o eneagrama desenhado. O alquimista dirige-se ao grupo desta forma: “Viemos em busca da imortalidade, mas continuamos humanos. Encontramos a realidade. Esta vida é a realidade? Não. É um filme. (A câmera abre e mostra todo o set de filmagem.) Somos imagens, sonhos, fotografias. Devemos romper a ilusão. Isto é Magia.” EXTRAORDINÁRIO!!!...

Revista “Víbora”, nº 4








Eles e Nós – Parte 6

         Consegui achar na internet, em inglês, a fala de George Hanson (Jack Nicholson), à volta da fogueira, no filme “Easy Rider – Sem Destino”, de 1969. Vejamos uns trechos, na tradução do Google, com minhas correções:
         “Eles (os alienígenas) já tem bases em todo o mundo agora, você sabe. Eles vem aqui desde 1946. E eles foram vivendo e trabalhando entre nós em grandes quantidades desde então. O governo sabe tudo sobre eles. Bem, eles são pessoas como nós - de dentro do nosso próprio sistema solar. Só que sua sociedade está mais evoluída. Quero dizer, eles não tem nenhuma guerra, eles não têm nenhum sistema monetário, não têm quaisquer líderes, porque cada homem é um líder, não há governo. Por causa de sua tecnologia, eles são capazes de se alimentar, vestir e transportar-se sem esforço. Por que eles não se revelam para nós, é porque se eles fizessem isso causaria um pânico geral. Nós ainda temos líderes sobre os quais contamos para a liberação destas informações. Esses líderes decidiram reprimir esta informação por causa do tremendo choque que causaria aos nossos sistemas antiquados. (Grifo meu.) Sim. Seria um golpe para nossos sistemas antiquados. Agora os Venusianos estão se encontrando com pessoas em todas as esferas da vida - em uma capacidade consultiva. Pela primeira vez o homem terá um controle semelhante a Deus sobre seu próprio destino. Ele terá a chance de transcender e evoluir com alguma igualdade para todos.”

Eu cuspo em Iod-hê-vau-hê

      Vivemos num mundo LOUCO!!!... O Islã é realmente um LIXO!!!.. Como também é um LIXO o Judaísmo e o Cristianismo. O mundo que vivemos é esta BOSTA SEMITA (judeu-árabe), com exceção apenas do Extremo Oriente budista e hinduísta (China, Japão, Índia, etc). E não falo apenas de religião, pois capitalismo, democracia, arte, ciência, tudo saiu do cérebro demente de judeus. Aqui no Ocidente vivemos num mundo JUDAICO... EU CUSPO EM IHWH..


Existem, é claro, coisas boas neste mundo: Buda, Krishna, os Mestres indianos como Ramakrishna, o Zen, o Conficionismo, o Tantra, os monges tibetanos, a Seicho-No-Ie japonesa, a maior Reforma Agrária do mundo (a chinesa), a Revolução Cultural de Mao... A China passou do regime feudal diretamente para o socialismo, sem passar pelo capitalismo. Quando Mao promoveu a Revolução Cultural, ele pensou naqueles intelectuais, artistas, professores universitários, com temperamento conservador e burguês e considerou que eles representavam um risco em potencial para o futuro da China. E concluiu que os mesmos precisavam ser humilhados da pior forma possível em favor do coletivismo. Os seus EGOS tinham de ser atingidos violentamente, quebrados, anulados, destruídos. COISA DE GÊNIO!!!... O que é que Mao fez? Mandou estes “janotas” para ajudar os trabalhadores rurais no campo. E o que é que os camponeses chineses usavam para adubar a terra? EXCREMENTO HUMANO. É um excelente adubo! Mas os intelectuais não pegavam a bosta com pás. Tiveram que fazer isto COM AS MÃOS, como faziam os roceiros, pois desta forma os dejetos humanos se entranhavam melhor na terra. E foi assim que aqueles artistas tiveram que POR A MÃO NA MERDA. Mais ainda!... Eles tinham que demonstrar para os supervisores do Governo maoísta que estavam adorando a tarefa, que estavam superfelizes!... Tal coisa JAMAIS ocorreria em nenhum outro lugar do mundo. ISTO É UMA AUTÊNTICA CIVILIZAÇÃO. Aliás, os orientais consideram todos os ocidentais como BÁRBAROS. Um país como a China, com cinco mil anos de História, é o que temos de melhor neste planeta!...

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Domesticação capitalista

      “Às vezes fico maravilhado pensando que, durante anos e anos, as joalherias expõem joias caríssimas e passam milhares de transeuntes pobres e nenhum  arrebenta aquele vidro para agarrar uma joia. Não há de ser por medo – é mais por hábito, por uma longa e milagrosa domesticação.”

      (“200 Crônicas Escolhidas”, Rubem Braga, Círculo do Livro S.A., São Paulo, Página 176.)

Eles e Nós – Parte 5

         Mas eu achei um autor que foi mais fundo na questão. Eis o que diz Fernando Cleto Nunes Pereira, no seu livro “A Bíblia e os Discos Voadores – A missão dos astronautas extraterrenos”, Ediouro, 1984, p. 116:
         “Um contato oficial de super-homens vindos de fora da Terra, para conviver conosco, seria desastroso, se não fossem antes feitos um grande preparo psicológico e uma verdadeira revolução em nossos pensamentos e crenças. Cientistas e religiosos iriam se sentir esmagados quando percebessem que tudo aquilo que estudam e acreditam está muito longe da verdade.”
         Eis a seguir um trecho do livro “Contato com os Discos Voadores”, de Dino Kraspedon, São Paulo Editora S.A., São Paulo, 1957, 2ª edição, Pág. 126. Trata-se de um clássico da ufologia brasileira. A maior parte do texto pertence ao extraterrestre que fez uma visita à casa de Kraspedon em 1953. Fala o ET:
         “ ‘É um aviso de que estamos dispostos a ajudá-los com todos os nossos recursos, sem nada cobrarmos a não ser o direito de os chamarmos ‘amigos’, se isso vocês nos permitirem. Não nos interessam as suas matérias primas, porque podemos obtê-las por transformação à vontade. Queremos vir à Terra e aterrissarmos nas suas cidades, conviver com o povo, gozar da sua companhia. Se não pudéssemos baixar devido à pressa, nós os saudaríamos com um inclinar de asas amistoso. E vocês iriam até nós, conviveriam e viveriam também no nosso mundo, usando tudo o que tivéssemos, porque na nossa sociedade os bens não têm preço. A moeda corrente entre nós é a fraternidade. Não negociamos com os bens que Deus nos dá, mas nos colocamos na posição de despenseiros.”
         Isto aconteceria se fôssemos um povo evoluído e espiritualizado.

Turma do Beco 33 – Gilberto Barbosa

            Gilberto Barbosa Quaresma (Rio de Janeiro, 7-5-1933 – Juiz de Fora, 17-9-1974) foi um excelente cantor e compositor de MPB. Com uma personalidade forte, de temperamento aguerrido, marcou época no meio musical juizforano nas décadas 50-70.
      Entretanto, com uma constituição física frágil, problemas de saúde, insuficiências cardíacas, acrescidas do hábito etílico altamente danoso de consumir cachaça com Coca-Cola, (mistura chamada na época “Samba em Berlim”), nas constantes noites de boemia nos botequins, teve algumas vezes sua carreira musical prejudicada.
      Certa ocasião, convalescendo de uma fase difícil, os amigos providenciaram o seu retorno à música promovendo um show no restaurante Mirante, no alto do Morro do Cristo. Tudo ia bem, Gilberto encantava aos presentes com suas grandes interpretações musicais, quando, de repente, parou inexplicavelmente de cantar e ficou pateticamente parado por alguns segundos, calado, causando estranheza geral. Havia tido uma crise aguda de diarreia e se sujado todo. Saiu em seguida em direção a um banheiro, não retornando mais. Os amigos se solidarizaram com ele, tentando amenizar o vexame.
      Gilberto morreu repentinamente, causando uma consternação geral no meio musical de Juiz de Fora. Os amigos ficaram chocados com a perda prematura de um artista tão excepcional, com apenas 41 anos de idade. Alguns se consolavam dizendo que, pelo menos, não havia sofrido, pois morrera dormindo. Muitos porres de pinga e Coca-Cola foram tomados pelos fãs inconsoláveis naquelas tristes horas de perda. Roberto Medeiros, grande amigo de Gilberto, escreveu estes versos, que circularam durante o velório:

Acorda, Gilberto, acorda
Dê corda na vida, urgente.
Ô, Giba, - porra – escuta
A zorra do bar do Brega...
- (Eis que de-re-pen-te-men-te
Na luta filha da luta
No pega da cabra-cega
Tem gente comendo gente)...

      No Cemitério Municipal, o velório noturno do Gilberto estava repleto de familiares, amigos e admiradores. De repente, alguém notou uma coisa estranha acontecendo num outro velório, muito mais vazio, ao lado. Foi verificar e deparou-se com o Lourinho, da Turma do Beco, compositor, instrumentista e cantor, grande amigo de Gilberto, já bastante embriagado, mas ainda de pé, debruçado no caixão onde jazia o corpo de uma mulher, a se lamentar em brados sentidos e pungentes, causando estupefação nos parentes da defunta:
      - Oh! Gilberto!!!... Por que foi morrer assim, Giba?!... Mas você está tão diferente, Gilberto!!!...
      O Lourinho foi imediatamente encaminhado ao velório certo.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Eles e Nós – Parte 4

         Leia-se um trecho do artigo “Afinal, por que os alienígenas não fazem contato oficial?”, de Sérgio Luís da Silva, publicado na revista “UFO”, nº 75, ano 16, novembro de 2000, página 36:
         “Claro que todas as considerações tecidas até aqui só se aplicam caso os alienígenas realmente tenham algum interesse em fazer contato conosco! Em nossa petulância antropocêntrica, consideramo-nos uma obra-prima da natureza e estamos convencidos de que os aliens não teriam outro motivo para vir a este mundo que não seja nos contatar. Não nos passa pela cabeça que eles possam estar interessados em qualquer outra coisa que não sejam esses macacos bípedes presentes em cada canto deste planeta! Pode muito bem ser que eles considerem um contato oficial conosco algo tão absurdo quanto nós consideraríamos estabelecer uma embaixada humana entre um bando de chimpanzés no meio da Amazônia. Nós não reconhecemos nos macacos as faculdades mentais que os humanos possuem, que os permitem interagir uns com os outros segundo padrões complexos que nós chamamos de comércio, política, diplomacia, etc.”
         Esta visão se aproxima da verdade, com relação às razões dos aliens para não se manifestarem oficialmente. Mesmo assim, deixou muito a desejar, não se aprofundou, apenas estabeleceu o fosso a nos separar. O que denota que o articulista não conhece o mundo em que habita, como bom capitalista, democrata e cristão que é!... Tampouco conhece os extras!... E os ETs estão aqui EXATAMENTE POR CAUSA DESTA HUMANIDADE, pois, com a nossa loucura e irresponsabilidade, podemos com facilidade mandar a Terra para os ares, atingindo os outros planetas deste sistema solar. Sei que não é uma coisa fácil de compreender e aceitar, principalmente para a burguesia e a classe média, mas o nosso mundo é habitado por seres humanos bárbaros e primitivos.

Bombas imorais

      Sempre que uma categoria profissional entra em negociações com o seu patrão, seja ele público ou privado, reivindicando melhoria de salários e/ou de condições de trabalho, a luta é sempre muito acirrada, na maior parte das vezes com resultados inexpressivos. Tais negociações às vezes se estendem por meses. Quando não há acordo, a opção é a greve, a qual é garantida pela Constituição. Os trabalhadores vão para as ruas fazer os seus protestos, tentando sensibilizar o setor patronal e a opinião pública a seu favor. E todo mundo sabe que, quando uma multidão se reúne, os ânimos se acirram e é facílimo abandonar os modos civilizados para se passar a reações violentas. Nestes momentos, eis que entra em cena... tchan, tchan, tchan, tchan... a POLÍCIA. O argumento para a repressão dos cassetetes é “manter a ordem pública”. Em realidade, trata-se de preservar é a “ordem dos poderosos”, os seus interesses econômicos na eterna exploração do capital em cima do trabalho, seja ele o Estado, autarquias ou empresas particulares. Isto ocorre no mundo todo e a todo o tempo, sob a égide de um capitalismo sempre selvagem e vampiresco. E quando os explorados trabalhadores, tratados então como “baderneiros”, excedem um pouco em suas manifestações de rua, devido, é claro, a muita frustração e indignação, então os Batalhões de Choque da Polícia, treinados para as batalhas urbanas em defesa do sacrossanto establishment, lançam mão de jatos de água e bombas de efeito... MORAL...
      É aqui que eu queria chegar. Cheguei.
      Vejam, senhoras e senhores, que primor de expressão!... É de enternecer!... Vou até repetir: Bombas de Efeito... M-O-R-A-L... Quanto refinamento e sutileza o Sistema possui!... Esta expressão capciosa deixa transparecer uma poderosa mensagem subliminar, qual seja a de que o aparato repressor é MORAL, enquanto os manifestantes são manifestamente IMORAIS. O correto seria usar “Bombas de Efeito Disuasivo”. Mas isto é por demais elegante. E o Sistemão nunca é correto e nem tampouco elegante. É mais fácil e mais atenuante colocar logo um MORAL pela frente. E lá vai cassetada... vamos molhar este bando de sujos... dá-lhe bombas ÉTICAS... gás lacrimogênio... É de chorar!!!... Enquanto isto, a classe patronal mantém os seus lucros exorbitantes em cima do suor e do sangue dos escravizados e vampirizados operários. 

Revista “Víbora, nº 3, 1984






domingo, 24 de janeiro de 2016

Eles e Nós – Parte 3

         Após constatar tamanhas maravilhas, (e não importa que sejam reais ou imaginárias), volvi os olhos para este nefasto pardieiro, a Terra, e passei a comparar as excelências dos nossos irmãos do espaço com as deficiências dos terráqueos. Foi como se houvesse entrado em uma nave e voado até fora da atmosfera, observando de longe o nosso planeta, impessoal e criticamente. Vi todo o caos. Enxerguei toda a miséria. Com este ELEMENTO REFLETOR, divisei a luz contrapondo-se às trevas. Estamos imersos nestas.
         Um amigo costumava contar uma anedota. Diante de um pelotão do Exército, que estava a desfilar, uma determinada mãe diz para outra pessoa: “ – O meu filho é aquele ali, o único de passo certo!”. Apropriei-me da piada e a incorporei em minha vida. Sinto-me como se fosse um dos pouquíssimos no “passo certo”... Platão imaginou uma parábola para a condição humana. Dentro de uma caverna alguns indivíduos se deixam embevecer pelas ilusórias sombras projetadas na parede, e não conseguem perceber que a luz vem do lado de fora, ou seja, a verdadeira vida. Um deles descobre o mundo real exterior e volta à caverna para alertar os seus iludidos companheiros, os quais o chamam de louco e visionário, expulsando-o do seu meio. Sinto-me como este que VIU.
         Por que será que os ETs não nos visitam abertamente, dando-se a conhecer de forma clara? Imagine-se uma cidade repleta de loucos, criminosos, fanáticos religiosos, desequilibrados de toda espécie, selvagens, ignorantes, vivendo sem lei, sem ordem, sem justiça, armados até os dentes, degenerados e doentes, imbecis e mentecaptos... Quem teria a coragem e a temeridade de entrar em tal cidadela, sabendo que aquele que se atreve a tanto não volta vivo, sendo preso, torturado e eliminado?... Esta cidade é o nosso planeta. Os alienígenas devem considerar este mundo como sendo o Reino do Mal. Estão cobertos de razão. Para eles, isto aqui é um lugar perigosíssimo!...

Turma do Beco 32 – O Bruxo Nelson Silva

            Nelson Silva foi cantor, compositor e ritmista. Vivendo uma vida modesta como operário, no meio musical e carnavalesco, entretanto, era considerado uma figura eminente. No livro “História Recente da Música Popular Brasileira de Juiz de Fora”, (p. 124-127), José Carlos de Lery Guimarães dá um depoimento importante sobre o lado místico deste grande juizforano, criador do Batuque Afro-Brasileiro de Nelson Silva. Ele era da raça negra.
      “Ele via as entidades de Umbanda, ele realmente via. Não era farsante. Não era exibicionista, não bebia e não era doido. Mas ele era um cara que transava com entidades. Ele era um místico autêntico. O Nelson Silva transava em outras frequências, em outras dimensões. Ele via mesmo Ogum, via Oxalá. O misticismo dele era realmente impressionante. E ele não era farsante, eu tenho certeza que ele não era farsante, por causa de certos fatos que aconteciam. Porque em termos de terreiro, de mediunidade, esse negócio, tem uma porção de farsantes aí, tem uma porção de loucos, tem uma porção de bêbados, tem uma porção de maníacos-depressivos, sobretudo tem muito esquizofrênico, esquizóides, mas o Nelson não era nada disso. Ele era honesto. Via e acreditava, mas não fazia exibição disso. Então o Nelson, que não era um cara louco, muito pelo contrário, era um cara lúcido e inteligente, eu acho que realmente ele via esse troço. Ele via as entidades, batia papo com elas, se entendia com elas, etc. Esse é o aspecto que eu acho mais importante do Nelson Silva.”

Svejk, o meu herói!...

      Comecei a ler ontem “As Aventuras do Bom Soldado Svejk”, (682 páginas), do tcheco Jaroslav Hasek. Ele é mil vezes melhor que o seu conterrâneo Kafka. Li recentemente “O Castelo”, deste último: é chatérrimo!... Kafka prima por um absurdo frio e árido, pesado e racional. Mas Jaroslav criou um personagem surrealista engraçadíssimo. As suas sandices e disparates não obstaculizam o pensamento sério, pelo contrário. Comecei a assinalar no livro, a lápis, as partes hilárias, e vi que terei de fazer isto com a obra inteira. Simplesmente fantástico!... A sua performance na prisão, os seus comentários “alucinados”, é algo que nunca vi na literatura, pelo menos com esta dimensão, de que me lembre. “Eu sou um idiota oficial.” EXTRAORDINÁRIO!!!... É livro para ser lido várias vezes. Que MERDA que Jaroslav fosse um alcoólatra e tenha morrido tão novo, deixando uma obra GENIAL inacabada, pois planejava escrever vários volumes!... Mas alguém ainda irá continuá-la. Svejk agora é o meu HERÓI!!!...

sábado, 23 de janeiro de 2016

Eles e Nós - Parte 2

         No final da década de 90, comecei a participar de um grupo ufológico, passando a ter acesso a várias fontes de informações (livros, revistas, vídeos) acerca dos seres extraterrestres. É um tema controverso e que transcende a realidade da nossa  existência cotidiana. Entretanto, deu-se comigo algo inesperado: ao invés de me conduzir ao reino das abstrações alienígenas, o estudo do fenômeno OVNI me fez enxergar, em toda a sua crueza, ESTE MUNDO EM QUE VIVEMOS.

         Os seres extraplanetários, além, é claro, de disporem de uma tecnologia muitíssimo avançada, detém uma civilização que pode-se dizer que atinge a perfeição. A sua Ciência não é limitada à matéria, como a nossa, mas labora em várias dimensões, sendo racional, intuitiva e espiritual. Não possuem religiões, dogmas, salvadores, coisas do gênero, mas apenas uma profunda e viva espiritualidade interior, que dispensa toda exteriorização. A Arte é a expressão simples (sem o excesso de intelectualidade) da Beleza Universal, que emana do Incriado. Eles não separam Ciência, Arte e Espiritualidade em departamentos estanques, como fazemos, vivendo as três manifestações em perfeita unidade. É quase certo não possuírem nenhuma forma de Filosofia, como a que foi elucubrada no Ocidente. O sistema político é o “autogoverno”, uma espécie de “anarquismo individualista”, em que cada um deles, com um amadurecimento pessoal que desconhecemos, sabe perfeitamente os seus direitos e deveres, sendo desnecessária qualquer espécie de ingerência, coação e policiamento do “Estado”, coisa que eles já devem ter suprimido há eons. Em termos econômicos, dispõem, à vontade, coletivamente, de tudo aquilo de que precisam, inexistindo ricos e pobres, exploradores e explorados, bem como dinheiro, sendo a aquisição de bens absolutamente racional; e algumas civilizações já eliminaram a indústria, pois os objetos e materiais são simplesmente materializados a partir de um “molde energético-etérico”. Eles vivem centenas e milhares de anos num mesmo corpo físico, pois, devido ao elevado grau de evolução espiritual, não correm o risco de se entregarem ao mal. Imagine-se um Calígula vivendo mil anos!... Por seu equilíbrio perfeito nos planos material, emocional e mental, não conhecem o que seja dor, doenças e senilidade. Os mais avançados se desligam de seus planetas originais e vivem de forma nômade pelos Universos, em naves fantásticas. Alguns povos desenvolvidos dispõem de forças armadas, mas apenas para a defesa e o policiamento de mundos mais atrasados. É claro que existem humanidades primitivas e bárbaras, COMO A NOSSA, e até piores, mas estas, na maior parte das vezes, como nós, são impedidas de saírem de seu habitat planetário. Em todos os pontos do imenso Cosmos, o ser humano é o padrão universal, - havendo algumas exceções -, em sua infinita evolução rumo à Divindade. 

Devorando os ricos

      “ – Ladrão! Sim, bem sei que é como nos chamam, vocês, os ricos! Vejam lá! Quebrei, escondo-me, não tenho pão nem dinheiro, sou um ladrão! Sou ladrão, e não como há três dias! Os senhores têm os pés quentes, casacos enchumaçados, moram nos primeiros andares de casas com porteiros, comem frutas e aspargos a quarenta francos o molho, no mês de janeiro, e magníficas ervilhas; gabam-se de tudo isto; e, quando querem saber se faz frio, veem no periódico até onde desceu o termômetro. Nós! Nós é que somos os termômetros! Nós não precisamos ir ao cais para ver, na esquina da torre do Relógio, quantos são os graus de frio; sentimos o sangue coalhar-se nas veias, gelar-se-nos o coração, e dizemos então que não há Deus! E no fim vêm às nossas cavernas para nos chamarem ladrões! Mas calem-se, que os havemos de comer! Devorá-los-emos, pobres pequenos!”

      (“Os Miseráveis”, Victor Hugo, Parte Terceira, Livro Oitavo, XX.)

Revista “Víbora, nº 3, 1984






O capitalismo faliu

Hora de aceitar que o Capitalismo não deu certo e que podemos criar um novo sistema.

Esse não é um texto escrito por um cara de esquerda, que sempre levantou a bandeira do socialismo.
Esse é um texto escrito por um cara que sempre foi um capitalista.
Desde que eu comecei a formar minha visão de mundo, eu fui influenciado pelas maravilhas do mundo capitalista. Eu era daqueles que achava incrível a meritocracia, que achava que eram as grandes corporações que promoviam a evolução da sociedade, que precisávamos do livre mercado.
Nas aulas de história eu secretamente comemorei a vitória dos Aliados sobre o Eixo, mesmo sendo de origem japonesa. Eu queria que conseguíssemos criar um Estados Unidos da América aqui no Brasil.
Ou seja, eu tenho todos os motivos para ter vergonha de mim mesmo hoje. Mas não tenho. Tudo isso foi preciso para eu compor minha visão de mundo e compreensão da vida.
Quando eu começo a criticar o sistema, algumas pessoas dizem. “Mas o socialismo não deu certo”
E é aí que eu digo que o Capitalismo também não.
Me desculpem, mas um sistema que leva ao esgotamento dos recursos naturais e desconexão com a natureza, à vidas infelizes com empregos de merda, à desigualdade de oportunidades e padronização de uma vida mecanizada e valorização das pessoas erradas não pode ser consierado um sistema que deu certo.
Vou explorar aqui alguns pontos.

1- Esgotamento dos recursos
Não temos mais reservas minerais. Estamos destruindo a Floresta Amazônica, criando um mundo cinza, feito de pedra. Poluimos nossos rios, lotamos de fumaça nosso ar e estamos destruindo a camada de ozônio.
A nossa agricultura é monocultura e detona o solo.
Ou seja, criamos uma sociedade que vive no asfalto, respira fumaça, come alimento com veneno e bebe água suja.
Legal né?

2- Desconexão com a natureza
Hoje em dia ninguém sabe mais como se planta um tomate.
Achamos que as frutas vem do supermercado. Daquela seção pequena no canto da loja e com umas plaquinhas coloridas. Algumas até já vem cortadinhas e embaladas.
Ao invés de ensinarmos como se cultiva alimentos, ensinamos nas escolas como se passa no vestibular. Afinal, precisamos de pessoas com diplomas e que consigam bons empregos.

3- A condição bizarra que alçamos a economia.
Outro dia eu vi um documentário uma observação interessante.
Antigamente as pessoas temiam os deuses e a natureza. Hoje o homem teme a economia.
Você vê pessoas amendrontadas com o que pode acontecer com a economia esse ano, com o que isso vai causar no mercado.
Mas veja bem. A Economia não existe. Não é um ser vivo. O homem criou a economia. Nós mesmos criamos um monstro que nos amedronta e controla nossas vidas.
Ninguém se preocupa se está chovendo o suficiente, se o clima está mudando e afetando as plantações. Mas falamos todo dia sobre a cotação do dólar.
Faz sentido isso?

4- Uma sociedade de escravos do sistema
Quantas pessoas você conhece que gostariam de fazer algo diferente das suas vidas, mas não fazem porque tem que pagar as contas no final do mês?
Já escrevi sobre isso algumas vezes. Temos um sistema que não permite as pessoas serem quem elas são. Elas vendem suas vidas por um salário no final do mês.
Eu não culpo essas pessoas. Elas não têm culpa de nada. Cada um tem seu motivo, necessidades, estrutura, filhos, saúde. É muita coisa pra pagar no final do mês. Eu entendo.
O erro está no modelo que criamos.

5- Meritocracia não é um modelo justo
Quem merece mais que o outro? Você deve responder que é o cara que se esforçou e se dedicou mais, certo?
Mas o que está por trás dessa dedicação?
Talvez eu e você estejamos competindo pela mesma promoção. Eu trabalhei 12 horas por dia e você “apenas” 8. Então a lógica é que a vaga seja minha.
Mas eu não tenho filhos, não tenho dívidas, não sou casado e nem tenho familiares doentes. Você tem 2 filhos pequenos, uma esposa sem emprego, dívidas que você herdou e um pai doente e que necessita de cuidados.
Faz sentido essa meritocracia?

6- Uma sociedade que não valoriza a arte
É mais importante ser produtivo que ser criativo. Uma pessoa que sabe vender é mais util que uma que sabe criar. Alguém que obedece as regras consegue mais oportunidades que alguém que tem o pensamento disruptivo.
Quem é bom de matemática ganha mais dinheiro que quem pinta, esculpe ou compõe.
Como resultado disso temos músicos virando analistas, artistas plásticos virando assistentes e escritores virando advogados.
Quantas incríveis obras de arte não matamos antes de nascer? Possivelmente fizemos um aborto das canções mais lindas do mundo.

7- Nunca é suficiente
As empresas querem crescimento todo ano. Você já viu uma empresa estabelecer a meta de reduzir 15% do faturamento?
Como é possível crescer todo ano? Como é possível sempre vender mais?
Aqui entra uma falta de compreensão da natureza. Talvez aulas de permacultura ao invés de macroeconomia ajudaria os economistas e administradores a entenderem melhor isso.
Ficamos ansiosos. Sempre temos metas a bater, temos que vender mais. Tem inflação e seu dinheiro nunca é suficiente.
E assim vivemos sempre com a cabeça no futuro e temos uma dificuldade impressionante de viver no agora.

8- Vida sem equilíbrio
Comemos mal porque não temos tempo de nos alimentar bem. Não fazemos exercício porque não sobram muitas horas durante a semana. Não nos conectamos com a natureza porque moramos em cima do asfalto e não tem verde no escritório. Não meditamos porque não podemos nos dar o luxo de ficar 5 minutos com os olhos fechados. Nossos colegas de trabalho nos criticam se a gente dorme até um pouco mais tarde um dia. Somos mal vistos se queremos tirar férias para viajar e curtir a família.
É sério isso gente?
Se você acha que tudo isso é assim mesmo e vivemos um sistema espetacular, então feche essa janela e comemore a incrível vida que você tem.
Mas se você, como eu, está mudando de ideia sobre o sucesso do capitalismo, compartilhe essa mensagem.
Eu não tenho a resposta para o que funcionaria melhor. Certamente não é o socialismo que já se tentou implementar. Mas não é uma coisa ou outra.
Acho que temos a possibilidade de criar um novo sistema.
Temos que aproveitar esse descontentamento e começar a explorar novas possibilidades. Não lendo e tentando replicar o que já foi escrito, mas de dentro pra fora. Fazendo aquilo que faz sentido dentro do seu coração. Experimentando a vida de uma nova forma. Errando, recalibrando, recalculando e tentando mais uma vez.
Eu acho que isso faz um pouco mais de sentido que esse sistema insano que criamos.

Gustavo Tanaka

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Eles e Nós - Parte 1

            Estreou ontem no Brasil “A 5ª Onda”. Trata-se de MAIS UM filme sobre ataques dos MALDOSOS seres extraterrestres contra os BONZINHOS seres terrestres, certamente nos mesmos moldes dos asquerosos “Independence Day” e “Sinais”. Vou aproveitar esta LAMENTÁVEL estreia para reproduzir no grupo e no blog “Udigrudi Tupiniquim” um antigo texto de minha autoria que aborda este assunto, dividido em algumas partes para facilitar a leitura. Vamos lá. Para começar, quatro epígrafes:

         “Viajaram por muito tempo, sem encontrar coisa alguma. Afinal divisaram um pequeno clarão; era a Terra; coisa de causar piedade à gente que vinha de Júpiter.”
         (“Contos”, Voltaire, in “Micrômegas”, Abril Cultural, São Paulo, 1983, página 117.)

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         “ – E em que mundo habitas? – indaga o infeliz.
         - A minha pátria fica a quinhentos milhões de léguas do sol, numa pequena estrela perto de Sírio, que tu vês daqui.
         - Que bela terra! – exclamou Memnon. – Quer dizer que lá não há espertalhonas que enganem um pobre homem, nem amigos íntimos que lhe ganhem o dinheiro e lhe furem um olho, nem bancarroteiros, nem sátrapas que zombem da gente, recusando-nos justiça?
         - Não – respondeu o habitante da estrela -, nada disso. Nunca somos enganados pelas mulheres, porque não as temos; não nos entregamos a excessos em mesa, porque não comemos; não temos bancarroteiros, porque não existe entre nós nem ouro nem prata; não nos podem furar os olhos, porque não temos corpos à maneira dos vossos; e os sátrapas nunca nos fazem injustiça, porque na nossa estrela todos são iguais.
         - Sem mulher e sem dinheiro – disse Memnon -, como passam então o tempo?
         - A vigiar – respondeu o gênio – os outros globos que nos são confiados; e eu vim para consolar-te.”
         (“Contos”, Voltaire, in “Memnon ou A Sabedoria Humana”, Abril Cultural, São Paulo, 1983, página 104.)

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         “Observar o planeta (Terra) de fora era ver uma espécie (humana) totalmente insana.”
         (“Shikasta: documentos pessoais, psicológicos, históricos sobre a visita de Johor [George Sherban].”, Doris Lessing, volume 1 da série “Canopus em Argos: Arquivos”, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1982, 2ª edição, página 118.)

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         “Ao visitar-vos, vindos de outras Estrelas, temos a impressão de estarmos num manicômio! Se vos quiséssemos considerar normais, teríamos então diante de nós delinqüentes inimagináveis. Porém, preferimos pensar terdes sido enganados espiritualmente, de forma a vos desenvolverdes, no decorrer dos últimos milênios, dentro de um estado geral de alienação mental. Os loucos acham-se inclinados a tirar a própria vida de um só golpe e teatralmente, sem se importarem  com o mundo que os rodeia.
         Também vós estais caminhando para a mesma via, a fim de seguir esse exemplo mórbido. Assim sendo, temos sob vigilância uma humanidade que deseja auto-destruir-se.”
         (“A Grande Missão Celeste de Ashtar Sheran à Humanidade da Terra - O Comandante-em-Chefe da FROTA EXTRAPLANETÁRIA comunica ao Mundo sua incumbência”, Edições Arquimedes, Rio de Janeiro, página 123.)

Grandeza científica

      Li certa vez a história de um cientista europeu, da área das ciências exatas, talvez física ou química, provavelmente do século XIX. É uma pena que não tenha feito anotações. Ele acumulou durante 10, 15 ou 20 anos, não me lembro, uma quantidade enorme de dados escritos sobre as suas experiências, no estúdio de sua casa. Ele alertava todas as empregadas domésticas para que não tocassem neles, posto que estava sempre em sua residência dedicando-se aos estudos. Acontece que certa vez, ao efetuar uma viagem, a sua esposa contratou uma nova serviçal, mas esqueceu de lhe falar sobre o material do marido. A empregada, sem desconfiar de nada, ao ver aquela quantidade enorme de papéis velhos, não teve dúvidas: colocou tudo no lixo. Quando o cientista voltou da viagem, ao entrar no estúdio, deparou-se com aquela “limpeza” e... chamou a mulher e a serviçal. A esposa, consternada, desculpou-se com o marido, dizendo que havia esquecido de fazer a necessária advertência. O cientista, então, dirigiu-se à empregada, nestes termos: - Você destruiu anos de trabalho!... Mas não é culpa sua, pois não poderia ter noção da sua importância. Pode se retirar. E para a sua mulher, concluiu: - Vou ter de começar tudo de novo... E foi o que ele fez, gastando outros tantos anos de pesquisa. SEM COMENTÁRIO.

Turma do Beco 31 – Lambari

           Luiz José Stheling (Lambari) foi um folião famoso em sua época. Com João Noronha criou uma dupla de caricatos que fez sucesso nos carnavais de Juiz de Fora. Durante mais de quatro décadas os dois alegraram a população com suas brincadeiras. Diz Lambari:
      “Procurávamos, através do humor, do caricato, glosar fatos locais, pessoas, tudo em alto nível. Certa feita fizemos muito sucesso nos caracterizando de ‘Barão e Baronesa de Gororoba’. Vocês sabem como é, Juiz de Fora uma cidade de barões, ‘descendentes de’, aristocrática, uma nobreza decadente’. (“História Recente da Música Popular Brasileira de Juiz de Fora”, p. 195.)
      O carnaval deles “Não era dançado, cantado e nem pulado. Era conversado. A gente chegava numa roda e tinha sempre algumas coisas para contar. Não ensaiávamos, e quando não tinha mulher no grupo, a conversa era daquele jeito... Além das confeitarias, restaurantes, nós éramos convidados para ir, durante o carnaval, antes das famílias se dirigirem aos clubes da cidade, nas casas de muita gente para diverti-los.” (Op. cit., 195)
      “A dupla Lambari & Noronha fazia um carnaval eminentemente popular. Apesar de os foliões renovarem sempre as suas caracterizações, davam preferência à de caipira – que ensejava, face a um palavreado simples, uma maior comunicação com o público. A rua era o palco. Cada dia de carnaval usavam diferentes disfarces e a Halfeld como trajeto obrigatório (...) No gênero, praticamente só existia a dupla, centralizando, pois, a atenção geral. Passar o carnaval em JF e não ver qual a que Lambari & Noronha estavam aprontando, era o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa...” (Op. cit., 195)
      E davam nomes: “As Turistas de Madureira”, “Lorde Algazarra”, “Dona Teteca e Dona Totoca”.
      Uma vez a dupla resolveu ridicularizar a crendice do povo.
      “Alugamos de um italiano um realejo e seu respectivo periquito. Ao invés de usá-lo (o que seria normal, sem nenhuma imaginação, resolvemos substituí-lo por um frango. Um frango para tirar a sorte. Receita para o condicionamento da ave: deixamos o bicho oito dias sem comer e em cada sortinha daquelas nós costuramos um bago de milho. Uma semana de trabalho. Todo mundo ficou espantado de ver. Na rua, fazíamos aquela encenação toda e passávamos o pires e pegávamos o dinheiro dos trouxas. Só que tem que na hora de tirar a sorte, nós não sabíamos direcioná-la como os tradicionais tocadores de realejo. E gritávamos: sorte pro velho, pra moça, pro casado, pra viúva, etc. Acontece que misturávamos tudo. E então aconteciam os maiores disparates. O general José Epitácio Braga, me lembro, nos encomendou a sorte e eis que sai o seguinte: Pode se considerar uma viúva muito feliz, há um homem em sua vida para um casamento muito breve... É claro que ele morreu de rir’...” (Op. cit. 196)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Além do suicídio

Escrevi no dia 18-5-2012:

Vi ontem, no HBO Signature, “Últimos Dias”, de 2005, dirigido por Gus Van Sant. É baseado na vida de Kurt Cobain, do Nirvana. O local é o mesmo, Seattle, e o ator se parece com Kurt. (Este faleceu aos 27 anos, sendo o quinto da lista do “Clube dos 27”.) O que eu vi foi um indivíduo arrasado pelas drogas e pela depressão, que algumas vezes mal consegue andar ou se manter de pé, ou ao menos articular uma frase completa. Fugitivo de uma clínica, refugia-se numa mansão com o restante do grupo de rock, o qual também não se encontra nada bem. O diretor procurou retratar o estado interior do personagem de forma fria e rígida. A câmera parada significa AUSÊNCIA DE VIDA. O seu movimento lentíssimo denota a quase carência total de energia vital. O infeliz mais parece um VEGETAL, devido às profundas lesões cerebrais provocadas pela heroína. Há uma dissociação de imagens e cenas, como a querer expor o estado de quase demência do rockeiro. Fiquei bastante impressionado com aquilo!... Blake-Kurt cometeu dois suicídios: ao se drogar e ao tirar a própria “vida”. Mas o ato final não tem importância alguma, pois ele já havia SE MATADO antes: o que ficou foi só uma carcaça sem alma. Eu não tinha uma idéia amadurecida de que existia algo ALÉM DO SUICÍDIO. O que o cara fez foi simplesmente SE AUTODESTRUIR DE FORMA VIOLENTÍSSIMA. Isto vai contra todas as leis de sobrevivência do reino animal. Se a gente toca numa formiguinha, ela corre tentando se proteger. De forma corretíssima, o diretor não fez nenhuma referência à música, enfocando apenas o “homem”. É digno da mais profunda compaixão ver, através da imobilidade completa da câmera, o “artista” tentando pateticamente tocar e cantar uma música. E, passando a analisar o lado espiritual desta triste tragédia que são as vítimas de drogas, pode-se afirmar, sem medo de errar, que Cobain, se teve os seus “últimos dias” conforme foi mostrado no filme, está até hoje sofrendo horrores no astral inferior, por ter voluntariamente DESTRUÍDO não apenas o seu cérebro físico, como também os cérebros etérico, astral e mental. E vai continuar lá por muitos anos ainda. É inimaginável para nós, os encarnados, ter uma noção do seu sofrimento. Creio que nem mesmo o Arcanjo Miguel teria poder para tirar o sujeito do abismo em que ele próprio se jogou. E, após toda a tortura, ainda terá de encarar pelo menos umas duas ou três encarnações como débil mental. Será que estou exagerando?!... Acho que não. Falei hoje de manhã com um rockeiro de heave methal sobre Cobain, e ele fez comentários musicais. Ficou apenas a música e o mito. O “HOMEM” existiu apenas antes das drogas.

Revista “Víbora, nº 3, 1984