quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Casanova e O Último Tango

      Naquele extraordinário filme de Felini, “Casanova”, há cenas inesquecíveis. Mesmo após ter passado tantos anos de o ter assistido, ainda me lembro de várias passagens expressivas e de grande impacto visual. Antes de tudo, e logo no início, o mar de plástico. A transa com a velha alquimista. O concurso sexual. A sua bela e nova paixão ao piano, e o medo de perdê-la. O grande amante velho, dançando com a vassoura. Há uma sequência que me marcou de uma forma especial. Casanova encontra-se numa carruagem, com a mãe e a filha. Estas o expulsam do veículo, numa ponte perto de Londres. Ele fica indignado. Vê um rio e decidi se matar, afogando-se. Veste a sua melhor roupa e começa a descer uma escadinha, entrando na água, a recitar versos de Tasso, em grande estilo. É quando ele vê uma cena inusitada: uma mulher enorme, acompanhada por dois anões. Espicaçado pela curiosidade, interrompe o suicídio e descobre que a giganta pertence a uma troupe de artistas mambembes. Ele suborna os anões para vê-la tomar banho numa enorme tina. Mas há uma baleia, com uma bocarra aberta, e alguém apregoando: - Entrem na Grande Mouna. Casanova penetra naquele símbolo óbvio da vagina, com desenhos na parede. No fundo, sentado numa mesa, a beber, vemos um homem solitário. Eu sempre considerei este indivíduo como o símbolo de todos os artistas, como também, idealmente, um Mestre Tântrico. Associo-o a Paul, de “O Último Tango em Paris”, dando aquele seu grito de angústia no meio da rua. SOLIDÃO, DOR e SABEDORIA. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário