Luiz José Stheling (Lambari) foi um
folião famoso em sua época. Com João Noronha criou uma dupla de caricatos que
fez sucesso nos carnavais de Juiz de Fora. Durante mais de quatro décadas os
dois alegraram a população com suas brincadeiras. Diz Lambari:
“Procurávamos, através do humor, do
caricato, glosar fatos locais, pessoas, tudo em alto nível. Certa feita fizemos
muito sucesso nos caracterizando de ‘Barão e Baronesa de Gororoba’. Vocês sabem
como é, Juiz de Fora uma cidade de barões, ‘descendentes de’, aristocrática,
uma nobreza decadente’. (“História Recente da Música Popular Brasileira de Juiz
de Fora”, p. 195.)
O carnaval deles “Não era dançado,
cantado e nem pulado. Era conversado. A gente chegava numa roda e tinha sempre
algumas coisas para contar. Não ensaiávamos, e quando não tinha mulher no
grupo, a conversa era daquele jeito... Além das confeitarias, restaurantes, nós
éramos convidados para ir, durante o carnaval, antes das famílias se dirigirem
aos clubes da cidade, nas casas de muita gente para diverti-los.” (Op. cit.,
195)
“A dupla Lambari & Noronha fazia um
carnaval eminentemente popular. Apesar de os foliões renovarem sempre as suas
caracterizações, davam preferência à de caipira – que ensejava, face a um
palavreado simples, uma maior comunicação com o público. A rua era o palco.
Cada dia de carnaval usavam diferentes disfarces e a Halfeld como trajeto
obrigatório (...) No gênero, praticamente só existia a dupla, centralizando,
pois, a atenção geral. Passar o carnaval em JF e não ver qual a que Lambari
& Noronha estavam aprontando, era o mesmo que ir a Roma e não ver o
Papa...” (Op. cit., 195)
E davam nomes: “As Turistas de
Madureira”, “Lorde Algazarra”, “Dona Teteca e Dona Totoca”.
Uma vez a dupla resolveu
ridicularizar a crendice do povo.
“Alugamos de um italiano um realejo e seu
respectivo periquito. Ao invés de usá-lo (o que seria normal, sem nenhuma
imaginação, resolvemos substituí-lo por um frango. Um frango para tirar a
sorte. Receita para o condicionamento da ave: deixamos o bicho oito dias sem
comer e em cada sortinha daquelas nós costuramos um bago de milho. Uma semana
de trabalho. Todo mundo ficou espantado de ver. Na rua, fazíamos aquela
encenação toda e passávamos o pires e pegávamos o dinheiro dos trouxas. Só que
tem que na hora de tirar a sorte, nós não sabíamos direcioná-la como os
tradicionais tocadores de realejo. E gritávamos: sorte pro velho, pra moça, pro casado, pra viúva, etc. Acontece que
misturávamos tudo. E então aconteciam os maiores disparates. O general José
Epitácio Braga, me lembro, nos encomendou a sorte e eis que sai o seguinte: Pode se considerar uma viúva muito feliz, há
um homem em sua vida para um casamento muito breve... É claro que ele morreu
de rir’...” (Op. cit. 196)
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