Aristóteles era mestre de Alexandre, o
Grande. Quando o conquistador se torna amante da bela e irresistível Filis, o
grego fica preocupado com a paixão do discípulo, a qual estava fazendo-o
negligenciar os deveres do Estado. O mestre aconselha Alexandre a sofrear a sua
luxúria e se afastar daquela mulher fascinante. E era tão espetacular que o
próprio filósofo começa a se interessar por ela, mesmo estando já velho. Filis
percebeu as duas coisas: o perigo de perder o privilégio de ser amante do homem
mais poderoso do mundo, além do interesse de Aristóteles. E a sedutora fêmea
bolou um plano para sair vitoriosa daquele impasse. Começou a se oferecer ao
filósofo, o qual ficou cada vez mais fascinado pela cortesã. Então, ela exigiu
que Aristóteles desse uma prova de sua paixão: que ele caminhasse de gatinhas
até ela, como se fosse um cãozinho doméstico, para que ela montasse em suas
costas e ele a conduzisse. E assim, a sabedoria curvou-se à beleza. Filis cavalgou
Aristóteles, armando a cena de tal forma que Alexandre visse a submissão de seu
tutor e voltasse a se entregar a ela como antes.
Esta anedota verídica revela o império
absoluto que as fêmeas exercem sobre os homens, situando-se até mesmo acima dos
mais sábios deles, e me fez lembrar o que escreveu Erasmo de Roterdan no seu “Elogio
da Loucura”, ou seja, que a mulher despreza o homem culto, como o diabo foge da
cruz, preferindo se entregar aos mais néscios. Eu sempre encarei as mulheres em
geral com uma prudente reserva, cônscio de que a minha cultura representava até
mesmo um perigo para elas. Continuo pensando da mesmo forma. São raríssimas as
fêmeas que realmente se deixam fascinar pela inteligência masculina, a ponto de
se entregar. Mas isto é apenas o aspecto externo da questão. Existe outro,
oculto e mágico, completamente diverso, mas sobre o qual me calarei. Ninguém
está interessado.
Um fato ocorrido comigo, pouco tempo
depois de me mudar para Muriaé, ilustra com perfeição o que disse acima. Estava
eu bebendo uma cerveja num bar, no centro da cidade, numa mesa na calçada. Chegou
uma jovem e sentou-se comigo, pedindo-me para lhe pagar algo. Eu respondi que,
infelizmente, estava com pouco dinheiro. Ela permaneceu sentada e conversamos
um pouco. É claro que eu comecei a falar sobre cultura, arte, qualquer coisa
neste sentido, como é de meu costume. Então, de repente, ao mesmo tempo em que
se levantava da cadeira para ir embora, ela disse apenas o seguinte: - Ah!... É
um INTELECTUAL!... E sumiu!...

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