“Teve uma visão de Londres, do mundo
ocidental: viu milhões de escravos prostrando-se, depois de avançar
penosamente, diante do trono do dinheiro. A terra sendo arada, os navios
saindo, os mineiros suando em gotejantes túneis no subsolo, os comerciários
correndo para marcar o ponto, temendo que os patrões lhes devorassem as entranhas.
E mesmo nas camas, com suas mulheres, ainda tremem e obedecem. Obedecem a quem?
Aos sacerdotes do dinheiro, os dominadores do mundo, de caras rosadas. A classe
mais alta da sociedade. Uma cambada de coelhos nédios e jovens, em automóveis
de mil guinéus, de corretores da Bolsa, jogadores de golfe, financistas
cosmopolitas, advogados do Supremo Tribunal, jovens homossexuais elegantes,
banqueiros, nobres jornalistas, novelistas de todos os quatro sexos, pugilistas
americanos, aviadoras, estrelas de cinema, bispos, poetas com títulos e os
gorilas de Chicago.”
(“Mantenha o Sistema”, George Orwell,
Editora Hemus, São Paulo, Página 158.)
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