Gilberto Barbosa Quaresma (Rio de Janeiro,
7-5-1933 – Juiz de Fora, 17-9-1974) foi um excelente cantor e compositor de
MPB. Com uma personalidade forte, de temperamento aguerrido, marcou época no
meio musical juizforano nas décadas 50-70.
Entretanto, com uma constituição física frágil,
problemas de saúde, insuficiências cardíacas, acrescidas do hábito etílico
altamente danoso de consumir cachaça com Coca-Cola, (mistura chamada na época
“Samba em Berlim”), nas constantes noites de boemia nos botequins, teve algumas
vezes sua carreira musical prejudicada.
Certa ocasião, convalescendo de uma fase
difícil, os amigos providenciaram o seu retorno à música promovendo um show no
restaurante Mirante, no alto do Morro do Cristo. Tudo ia bem, Gilberto
encantava aos presentes com suas grandes interpretações musicais, quando, de
repente, parou inexplicavelmente de cantar e ficou pateticamente parado por
alguns segundos, calado, causando estranheza geral. Havia tido uma crise aguda
de diarreia e se sujado todo. Saiu em seguida em direção a um banheiro, não
retornando mais. Os amigos se solidarizaram com ele, tentando amenizar o
vexame.
Gilberto morreu repentinamente, causando
uma consternação geral no meio musical de Juiz de Fora. Os amigos ficaram
chocados com a perda prematura de um artista tão excepcional, com apenas 41
anos de idade. Alguns se consolavam dizendo que, pelo menos, não havia sofrido,
pois morrera dormindo. Muitos porres de pinga e Coca-Cola foram tomados pelos
fãs inconsoláveis naquelas tristes horas de perda. Roberto Medeiros, grande
amigo de Gilberto, escreveu estes versos, que circularam durante o velório:
Acorda, Gilberto, acorda
Dê corda na vida, urgente.
Ô, Giba, - porra – escuta
A zorra do bar do Brega...
- (Eis que de-re-pen-te-men-te
Na luta filha da luta
No pega da cabra-cega
Tem gente comendo gente)...
No Cemitério Municipal, o velório noturno
do Gilberto estava repleto de familiares, amigos e admiradores. De repente,
alguém notou uma coisa estranha acontecendo num outro velório, muito mais
vazio, ao lado. Foi verificar e deparou-se com o Lourinho, da Turma do Beco,
compositor, instrumentista e cantor, grande amigo de Gilberto, já bastante
embriagado, mas ainda de pé, debruçado no caixão onde jazia o corpo de uma
mulher, a se lamentar em brados sentidos e pungentes, causando estupefação nos
parentes da defunta:
- Oh! Gilberto!!!... Por que foi morrer
assim, Giba?!... Mas você está tão diferente, Gilberto!!!...
O Lourinho foi imediatamente encaminhado
ao velório certo.
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