terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A indecência do dinheiro e do lucro

      “Com relação aos negócios, Aderbal Quadros sempre achara o lucro uma coisa indecente, e dava pouco ou nenhum valor ao dinheiro. Uma das razões por que perdera a fortuna fora seu incurável otimismo, sua incorrigível falta de habilidade comercial, sua inabalável confiança na decência inata do homem. Recusava-se, em suma, a acreditar na existência do Mal. Estava sempre disposto a encontrar desculpa para os que transgrediam a lei. Só não tolerava a violência.
      Vinha dum tempo em que fio de barba era documento, e por isso nos seus anos de prosperidade emprestara dinheiro sem juros, sob palavra, sem exigir qualquer papel assinado. Isso contribuíra em grande parte para a sua ruína.”

      (“O Arquipélago”, Érico Veríssimo, Editora Globo, Porto Alegre, 1974, Tomo I, 4ª impressão, página 293.)

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