“Com
relação aos negócios, Aderbal Quadros sempre achara o lucro uma coisa
indecente, e dava pouco ou nenhum valor ao dinheiro. Uma das razões por que
perdera a fortuna fora seu incurável otimismo, sua incorrigível falta de
habilidade comercial, sua inabalável confiança na decência inata do homem.
Recusava-se, em suma, a acreditar na existência do Mal. Estava sempre disposto
a encontrar desculpa para os que transgrediam a lei. Só não tolerava a
violência.
Vinha
dum tempo em que fio de barba era documento, e por isso nos seus anos de
prosperidade emprestara dinheiro sem juros, sob palavra, sem exigir qualquer
papel assinado. Isso contribuíra em grande parte para a sua ruína.”
(“O
Arquipélago”, Érico Veríssimo, Editora Globo, Porto Alegre, 1974, Tomo I, 4ª
impressão, página 293.)
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