Pouco tempo depois que comecei a
frequentar a Turma do Beco, no início da década de 80, passou também a
participar da mesma o poeta, contista e romancista carioca Fernando Fortes.
Médico psicanalista, ele fazia análise em alguns psiquiatras juiforados.
Lembro-me dele na mesa do Beco,
especialmente no Bar do Chaffic, na rua Braz Bernardino. Muito inteligente e
culto, certa ocasião fez alguns poemas revelando psicanaliticamente as
idiossicrasias e mazelas de vários integrantes do Beco, eu inclusive. Não
tenho, infelizmente, nenhum destes textos.
A última vez que o vi estava tomando uma
cerveja no balcão de um botequim da rua Batista de Oliveira. Conversamos um
pouco, e ele me confidenciou:
- Poetinha, eu agora só consigo ler os
livros com mais de 500 páginas... os menores não me satisfazem mais...
Uma vez, no Restaurante Belas Artes, numa
daquelas galerias da Halfeld, (eu nunca sabia direito os nomes delas, pois eram
tantas), após ler um poema de minha lavra, recém-escrito, ele falou:
- Rasga isto e joga fora... você pode
fazer coisa melhor...
Quando estava bebendo com o pessoal do
Beco, ele tinha uma estranha mania. Jamais tive a coragem de comentar isto com
ele, para tentar encontrar uma explicação. Volta e meia, ele tirava o óculos e
encostava o copo gelado com a cerveja no seu olho fechado. Coisas de gênio!...
Ainda está vivo e reside numa mansão na
Urca, no Rio de Janeiro.

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