domingo, 10 de janeiro de 2016

Turma do Beco 25 – Cachaça Etérea (Parte 1)

            Quando trabalhava na Telemig, em Belo Horizonte, o Roberto Medeiros travou amizade com o Sr. Breno, dono da Mineração Fernão Dias, cujo escritório situava-se no Bairro Santo Antônio, na capital mineira. Era um empresário muito rico, mas uma excelente pessoa humana. Na fazenda de sua propriedade, de nome Conquista, dotada até mesmo de campo de aviação, situada na BR 383, KM 31, em Entre Rios de Minas-MG, ele possuía uma grande plantação de cana e produzia uma cachaça de ótima qualidade, a Topázio, uma produção de cerca de 30 mil litros por ano. Era armazenada em tonéis de carvalho por 4 anos no mínimo. Recebeu vários prêmios em concursos de MG.
      A amizade entre os dois se estreitou e foi marcada uma visita da Turma do Beco à fazenda. Saímos de Juiz de Fora na manhã de 8 de abril de 1995, um sábado, com o micro-ônibus cheio de “bequistas”. Quando chegamos, após as saudações iniciais e um lanche como almoço, o Sr. Breno passou a mostrar-nos a propriedade. Belíssimos cavalos mangalarga marchador encantaram a todos. Entretanto, o que o pessoal queria era conhecer o alambique da Topázio.
      Quando uma das integrantes do grupo viu aquele tonel enorme pela frente, entrou em êxtase, abraçou-o e se expressou com paixão:
      - Oh! meu Deus! tudo isto é cachaça! eu não acredito! nunca vi tanta pinga na minha frente! que maravilha!...
      Encontravam-se também presentes a Dona Mayrian, esposa do sr. Breno, e os filhos do casal, Eduardo e Cláudia, pessoas muito simples e discretas, de forma alguma esnobes. E a turma se espalhou pela casa, a consumir cerveja à vontade e a degustar a Topázio. No fogão a lenha havia sempre algo para comer. A varanda enorme estava sempre cheia. Os papos rolaram. As horas foram passando.
      Para aproveitar ao máximo a visita, manerei bastante o consumo alcoólico, para não apagar, perdendo, assim, o melhor da festa. Estava sempre com um copinho de pinga, mas fazia de conta que bebia. Mesmo porque, nunca fui muito ligado em aguardente.
      Quando a noite chegou, as libações continuaram a todo vapor. O dono da casa estava visivelmente feliz e emocionado com aquela sincera e despojada confraternização. Ninguém foi inconveniente ou demonstrou interesses egoístas, devido à riqueza dos anfitriões. A Cláudia, uma jovem bonita e solteira, era um “partidaço”. Mas não sofreu nenhum tipo de assédio. Todos se comportaram com dignidade e discrição. Foram horas inesquecíveis!...
      À noite, uma parte da turma pernoitou na fazenda, e a outra foi de micro-ônibus até a cidade para dormir num hotel. Lá o Décio pode liberar seu lado irreverente: ficou totalmente nu, contou piadas... Ainda tentamos achar um botequim aberto mas não conseguimos.
      Na manhã do domingo voltamos à fazenda. Houve um lauto almoço, declamaram-se discursos, fizeram-se homenagens, a descontração era geral. Mais cervejas e pinga à vontade.
      O sr. Breno estava com a intenção de produzir uma cachaça especial, mais fina, e havia pedido ao Roberto que criasse um nome para ela. Este sugeriu “Etérea”.
      Saímos da propriedade à tarde, lamentando ter de abandonar aquele paraíso bucólico e etílico. Ao chegar em Juiz de Fora, o Roberto, eu e alguns outros ainda assinamos o “ponto” no restaurante Brasão.

      Nos dias seguintes os poetas do Beco começaram a criar trovas para a nova cachaça “Etérea”. Iria ser promovido um concurso para escolher a melhor delas, a qual seria incluída nos rótulos das garrafas. Foi efetuado tempos depois um julgamento e selecionadas vinte trovas vencedoras. 

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