Uma nova viagem foi feita pela Turma do
Beco, mas a Belo Horizonte. Um restaurante forneceu um excelente jantar com
comida tipicamente mineira. Encontrava-se lá o Sr. Breno e o Eduardo. Foram
lidas as trovas classificadas, mas, infelizmente, não me recordo qual foi a
vencedora, ou mesmo se houve esta escolha. Eis, a meu ver, as quatro melhores:
Essa “Etérea”, com certeza, / é uma
sublime alquimia: / volatiliza a tristeza, / materializa a alegria. (Roberto
Medeiros)
Deus Baco, muito inspirado, / provando a
“Etérea” na taça, / largou o vinho de lado / e ergueu um brinde à cachaça.
(José Antônio Jacob – Tuka)
A “Etérea”, no seu composto, / é uma
pinga inteligente: / - adoça com seu bom gosto / as amarguras da gente...”
(Messias da Rocha)
Licor de pinga caiana, / a “Etérea”, pura
bebida, / ao tirar os nós da cana / suaviza os nós da vida. (Marcos Nunes
Filho)
Desconsiderando a questão puramente
literária acerca da que mereceria o primeiro lugar, destas quatro, eu creio que
a indicada para figurar nos rótulos das garrafas era a minha. Explico. A do
Roberto usa dois termos desconhecidos pelos consumidores comuns: “alquimia e
“volatiliza”. A do Tuka cita Baco: o povo não faz a mínima ideia de quem se
trata. A do Messias é muito boa, mas a minha, além de ser simples e claramente
inteligível, diz que a cachaça é produzida sem os nós da cana caiana. E o
último verso, além de possuir beleza poética, passa uma mensagem comercialmente
positiva.
Mas a ideia não foi em frente, pois o
Roberto veio a falecer em novembro daquele ano. Parece-me que o Sr. Breno
batizou a nova produção com o nome de “Topázio Imperial”.
Eis um texto que escrevi naquela ocasião:
“Nosso grupo de artistas e amigos de Juiz
de Fora, uns meses atrás, esteve na Fazenda Conquista, em Entre Rios de
Minas/MG, onde fomos recebidos pelo casal Sr. Breno e Da. Mayrian e seus filhos
Eduardo e Cláudia. Foi uma recepção maravilhosa, calorosa e profundamente humana.
O pressuposto fundamental de um grande
ser humano é a sua simplicidade. Esta é a marca registrada desta família. Ser
simples, não é ser vulgar, muito pelo contrário. Somente as almas nobres sabem
ser humildes. O poder da simplicidade produz em nós a clareza da verdade. E ser
verdadeiro é significar, é ter essências na alma, coisas que, nestes nossos
queridos amigos, são translúcidas.
Na Fazenda Conquista ficamos conhecendo o
alambique importado que produz uma das melhores cachaças do país, cujo nome nos
orgulhamos de ter dado: “ETÉREA”. Por que este nome? Porque é sublime, pura e
celestial! Feita de cana caiana, sem o nó, pela qualidade excepcional da sua
produção, é daquelas bebidas que não tem ‘dia seguinte’.
Levados pela leveza da “ETÉREA”,
promovemos entre nós, poetas de Juiz de Fora, um concurso de trovas com o
objetivo de enaltecer as qualidades de tão divina aguardente. E o resultado
superou as expectativas.
Estão de parabéns o Sr. Breno e sua
família, não só pelos seres humanos fantásticos que são, como também pela
“ETÉREA”, que em breve estará no mercado à disposição de todos. Ela está fadada
ao sucesso.”
Acho que li este texto naquele jantar em
Belo Horizonte.
Poucas semanas antes de falecer, o
Roberto Medeiros (junto com o Décio Mostaro) lançou o livro “Cantos e Contos de
Minas”. Após o lançamento, no saguão do Ritz Hotel, houve um jantar em sua
homenagem no restaurante Brasão, em Juiz de Fora, quando compareceram o sr.
Breno e sua família. Mas não foi a última vez que os vi. Em 2001 estive em Belo
Horizonte com o pai e o filho, no escritório da mineradora, quando me trataram
com a mesma cortesia e consideração.
A visita à fazenda foi filmada por um
cinegrafista negro, irmão do Serginho, um advogado, quando ambos eram
funcionários da Rede Ferroviária Federal. Não tenho atualmente como
localizá-los. Está tudo registrado lá no celulóide. Um dia ainda irei
consegui-lo. É o único filme em que apareci na vida.
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